Após dizer mais cedo que obras foram interrompidas no país, sem previsão de retomada, o ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, voltou atrás e negou
que tenha falado em obras paralisadas.
"Não tem obra parada nenhuma. Vocês estão levando para outro lado. As obras estão todas em andamento e nós vamos ter recursos até o final de maio e vamos dar continuidade a todas as obras sim. Só que eu vou ter obras prioritárias”, disse o ministro a jornalistas, sem informar quais seriam essas obras prioritárias.
Mais cedo, durante participação na Comissão de Infraestrutura do Senado, o ministro afirmou que obras foram interrompidas em meio ao impacto do ajuste fiscal promovido pelo governo, a demora na aprovação do Orçamento Geral da União de 2015 e consequências da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, em que várias empreiteiras se viram obrigadas a entrar em recuperação judicial.
'Parou, sim!'
"Estou acabando de pagar ainda dezembro e iniciando janeiro. Então, vai haver várias reclamações dos senhores sobre paralisação de obras. Parou, sim! Eu não vim aqui, não há cortina de fumaça, eu não posso esconder o que está acontecendo no Ministério. Tudo que aconteceu e que está acontecendo no Brasil afetou muito o meu setor de transporte", afirmou na audiência. A fala completa do ministro está disponível no site do Senado.
O ministro relatou ainda que tem recebido ligações e visitas de empreiteiros cobrando os pagamentos e ameaçando paralisar empreendimentos. Segundo ele, os recursos disponibilizados são insuficientes para quitar todos os compromissos. "Assusta receber um telefonema falando: "Ou você me paga hoje – e eu não tenho – ou vai parar a obra tal", disse aos senadores. "Os telefonemas que eu recebo e as visitas que eu estou recebendo nesse período de quatro meses...é apenas reclamação por falta de dinheiro e a falta de estabilidade que estamos tendo, não sabendo o que vou ter pela frente", acrescentou.
'Não vai atrasar'
Em entrevista ao término da audiência, ao ser questionado sobre as obras que pararam, Rodrigues voltou atrás. “Vocês que estão falando em obra paralisada. Por momento nenhum eu falei. Eu falei que vou ter um novo cronograma dependendo do recurso financeiro que eu vou ter na mão”, disse.
Segundo o ministro, as obras terão seus cronogramas “adequados” e isso não acaretará em atraso. “Não vai atrasar, eu vou adequar um cronograma novo. Vocês estão pondo o atrasar na minha boca. Eu vou adequar”, completou ele.
Entre as obras paralisadas, segundo a Agência Senado, estão as da rodovia BR-153 no trecho entre Anápolis (GO) e Aliança do Tocantins (TO). Envolvida na Lava Jato, a construtora Galvão Engenharia ainda não teve acesso a um empréstimo inicial do BNDES, de cerca de de R$ 400 milhões, e chegou a demitir aproximadamente 400 trabalhadores.
Na audiência, ministro disse esperar que sejam liberados R$ 13,6 bilhões para dar continuidade aos projetos, sendo R$ 5,8 bilhões para manutenção, R$ 3,9 bilhões para construção, R$ 2,2 bilhões para o ferroviário, R$ 100 milhões para o aquaviário e R$ 1,6 bilhão para os outros, que são concessões, estudos, projetos em rodovias.
Fonte: G1
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