O pedreiro Luiz Carlos Flores, o Liquinha, 40, foi condenado pelo tribunal do júri de Florianópolis, nesta quarta-feira (11), a 97 anos e
seis meses de cadeia pelo assassinato a marretadas da mãe e a marteladas da irmã, de um sobrinho de 10 anos e do pai, nesta ordem, na noite de 7 de dezembro de 2012, no episódio conhecido como "chacina de Penha", cidade litorânea a 115 km da capital de Santa Catarina.
No banco dos réus, Liquinha disse ao juiz que não se lembrava do crime. O Ministério Público exibiu uma confissão dele gravada pela polícia dois dias depois do incidente, no qual ele detalhou como matou os familiares quando estava sob o efeito do consumo de cocaína.
Um psiquiatra nomeado pela Justiça para avaliar a saúde mental do réu disse aos jurados que ele sabia o que estava fazendo e sabia quais as consequências de seus atos.
Briga
Liquinha disse que o motivo do crime seria uma briga com a irmã Leopoldina, que o repreendia por não trabalhar e viver às custas dos pais. Ele disse que "eu estava drogado e quando isto acontecia eu ficava furioso com minha irmã".
Na casa viviam Liquinha, o pai Nilo 71, a mãe Carmen, 69, Leopoldina,41, e o filho dela Pedro Henrick, 10. Pelo relato de testemunhas, Leopoldina temia o irmão quando este estava sob o efeito de drogas e dormia com uma faca sob o travesseiro para defender-se dele.
Segundo a reconstituição do crime, por volta das 22h daquele dia Liquinha levou a mãe para o pátio e a matou com dois golpes de uma marreta de 3 kg, acertando-a no rosto com tanta força que quebrou o cabo da ferramenta.
Liquinha afirmou que matou a mãe primeiro "porque em minha cabeça eu acreditava que estaria evitando que ela sofresse com a morte da minha irmã".
Segundo o promotor, ele voltou à casa, cheirou mais cocaína e escolheu um martelo comum de uma caixa de ferramentas.
Então ele bateu na porta do quarto onde estavam a irmã e o sobrinho. Ela não quis abri-la. Ele pediu a chave de uma moto. Quando ela abriu uma fresta ele a acertou na face, empurrou a porta e a golpeou mais duas vezes.
O menino despertou. Na gravação exibida Liquinha disse que avisou ao sobrinho "espera que depois será tua vez" –matando-o com três golpes na cabeça. Atraído pelos gritos o pai apareceu na porta e também foi abatido com três marteladas. O pai e o sobrinho foram mortos porque ele não queria deixar testemunhas. Todas as vítimas foram atingidas na cabeça.
O réu disse que "quando me dei conta do que tinha feito, pensei em me matar, mas não pude fazê-lo porque não conseguiria dar marteladas em mim mesmo, somente se eu tivesse um revólver".
Liquinha tomou banho após os crimes e lavou o martelo, tentando esconder os assassinatos. Em seguida, saiu à rua e chamou vizinhos e familiares dizendo que seu pai fora assassinado. Nos dois dias seguintes, enquanto a polícia ainda reunia provas contra ele, Liquinha participou do velório e do enterro.
No banco dos réus ele se disse arrependido e disse que se sair da cadeia quer constituir uma família. O promotor Wilson Mendonça disse que "se ele quiser casar, que faça família com alguém da cadeia, como fez a Suzana Richtofen".
Mendonça disse esperar que Liquinha cumpra no mínimo 20 anos em regime fechado. A defesa não anunciou planos de recorrer da decisão do júri.
Fonte: Uol
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