As autoridades russas que atuam na fronteira com a Ucrânia pediram para a reportagem da Folha apagar as imagens feitas da área na tarde da
última quarta-feira (25).
O passaporte foi retido por uma hora para averiguação e devolvido mediante a comprovação de que as fotos tinham sido deletadas.
Funcionários do governo russo informaram que é proibido o registro de qualquer imagem num raio de 10 km de fronteira com a Ucrânia.
A Rússia é acusada pelas potências ocidentais e pela Ucrânia de usar as fronteiras para ajudar militarmente os separatistas. O presidente russo Vladimir Putin nega.
Antes de ser liberado, o carro da reportagem foi ainda escoltado por outro até esse limite estabelecido.
O episódio ocorreu no posto de controle que liga a Rússia à região ucraniana da cidade de Mariupol, palco de confrontos e única cidade de grande porte da região de conflito, no leste ucraniano, ainda sob poder das forças lideradas por Kiev.
O cenário era de absoluta tranquilidade na quarta-feira. Quando a Folha chegou, apenas quatro carros com placas da Ucrânia atravessavam a fronteira –a 1 km dali já é território ucraniano. A cidade de Mariupol está a cerca de 55 km desse ponto.
De dentro do carro, foi possível fotografar rapidamente, com telefone celular, a funcionária de imigração russa checando os passaportes dos ocupantes do veículo. Não parecia ser nada de mais.
Dois homens, então, fizeram uma abordagem e pediram os documentos.
O passaporte com o visto de trabalho e a credencial de jornalista emitidos pelo próprio governo russo foram entregues.
As autoridades começaram a fazer telefonemas e entraram numa sala, onde permaneceram uma hora com a documentação.
"Fique tranquilo, o Brasil é país amigo", disse um deles, sorrindo, em inglês.
Informaram que estava tudo "OK", mas que precisavam checar a câmera fotográfica e o telefone celular.
Ao confirmarem que as fotos não estavam mais disponíveis no aparelho, os documentos foram devolvidos.
Fonte: Folha de São Paulo
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