A mansão do estilista, apresentador e ex-deputado federal Clodovil Hernandes em Ubatuba, litoral norte
de São Paulo, foi colocada à venda.
Construída nos anos 1980 a cerca de 30 km do centro da cidade, em uma área de preservação ambiental, a casa foi a residência oficial do estilista até sua morte, em março de 2009 –Clodovil mantinha também um apartamento alugado na avenida República do Líbano, em Moema, na zona sul de São Paulo.
A propriedade tem o estilo de uma villa italiana e ocupa três lotes, isto é, cerca de 3.200 metros quadrados. A mansão conta com nove suítes, piscina, sauna, lago, capela e alamedas.
"O sonho do Clodovil era transformar aquilo em um abrigo para meninas carentes, com cursos profissionalizantes, e também em um museu com as suas produções", diz Mauricio Petiz, presidente do Instituto Clodovil.
Segundo Maria Hebe Pereira de Queiroz, inventariante e advogada do espólio de Clodovil, a venda foi determinada por um juiz e o valor deve ser somado ao espólio do estilista –que tem R$ 3,7 milhões depositados e ainda algumas dívidas a pagar, como parte de uma indenização à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT), que o processou por injúria e difamação em 2004.
"O juiz tem razão, não é possível a casa ficar a vida toda 'sangrando' um valor alto, preciso manter funcionários para evitar invasões, por exemplo", diz Queiroz.
O valor da mansão ainda não foi definido, mas a advogada diz já ter sido contatada por quatro interessados.
Logo após a morte de Clodovil, quando a casa estava em bom estado, mobiliada e com todos os seus bens, um oficial de justiça avaliou a propriedade em R$ 1,6 milhão.
Hoje, no entanto, a construção encontra-se abandonada e esse valor pode ser menor.
"Quando ele morreu, a casa estava perfeita. Hoje, só se gasta dinheiro com cloro para a piscina, por causa da dengue, e com alguns funcionários", diz Petiz.
"A casa está destruída, com mofo e infiltração, porque a Justiça não me autoriza a gastar um centavo na manutenção, que não se justificaria porque há uma ordem de demolição da residência", diz Queiroz.
DEMOLIÇÃO
A advogada se refere a duas ações movidas pelo Ministério Público contra Clodovil, quando este ainda era vivo, para demolir uma parte superior da casa onde ficava a suíte do estilista.
"Em um dado momento ele quis subir a casa, a prefeitura embargou a obra, ele tirou tudo, esperou alguns meses, comprou todo o material de novo e subiu o quarto irregular. Era o Clodovil, né?", diz Queiroz.
A advogada conta que uma empresa, a pedido do juiz responsável pelo caso, orçou a tal demolição em cerca de R$ 400 mil.
Segundo Queiroz, o espólio de Clodovil tem condições financeiras para fazer a demolição. O dinheiro foi ganho com ações contra as emissoras RedeTV! (multa por rompimento de contrato) e Band (que processou Clodovil por causa de uma briga com a apresentadora Adriane Galisteu, mas perdeu), a venda de uma casa em Cotia e o leilão de 160 itens do acervo pessoal do estilista, que arrecadou mais de R$ 370 mil.
Queiroz diz, no entanto, que é preciso cautela antes de começar o quebra-quebra. "Estamos aguardando uma decisão do juiz que nos isente de um possível novo dano ambiental, porque a mata está fechada, o acesso é difícil e eu tenho medo de colocar um pessoal para trabalhar nisso que não tenha a responsabilidade necessária e cometa outros crimes ambientais."
Fonte: Folha de São Paulo
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