Pantanal estreou com 13 pontos. O capítulo final, em 11 de dezembro, registrou impressionantes 41, contra 21 da Globo. Fechou com média de 34 pontos no Ibope da Grande São Paulo. O erotismo alavancava a trama. Logo na vinheta de abertura, a modelo Nani Venâncio desfilava pelada. Em 16 de maio de 1990, a nudez de Cristiana Oliveira, então com 26 anos, chegou a picos de 42 pontos.
Os peladões incomodavam a Globo. O dono da emissora, Roberto Marinho (1904-2003), disse que Pantanal fazia "exploração do sexo", segundo a revista Veja na época. "A própria Manchete depois diminuiu as cenas de nudez, mas acabou aumentando a audiência", explica o jornalista e pesquisador de TV Elmo Francfort, autor do livro Rede Manchete: Aconteceu, Virou História (2008).
A Manchete se aproveitou de uma trama rejeitada pela própria Globo. Benedito Ruy Barbosa ofereceu à emissora uma história ambientada no Pantanal mato-grossense, mas teve a proposta recusada pelo alto custo. O autor aproveitou um período de descanso por férias acumuladas e entregou a novela para a Manchete, interessada em incrementar sua teledramaturgia após os sucessos Dona Beija (1986) e Kananga do Japão (1989).
"Quando o Benedito [Ruy Barbosa] voltou de férias, a Globo disse a ele: 'Você não vai para a Manchete de forma alguma!", lembra Elmo Francfort. "A Manchete percebeu que o Benedito poderia dar um gás para a teledramaturgia deles", completa. Ruy Barbosa retornou à Globo em 1992.
Benedito Ruy Barbosa teve a ideia de escrever uma novela no Pantanal em meados dos anos 1980, quando se hospedou na fazenda do cantor Sérgio Reis e se deslumbrou com o amanhecer do dia na região.
Com a direção de Jayme Monjardim, conhecido por explorar belas paisagens nas novelas, e o inédito formato de captação em fitas Betacam, que melhoravam a qualidade da imagem, a trama rural ganhou ares cinematográficos e conquistou o público.
"Pantanal foi um caso específico de trama totalmente diferenciada naquele momento, tanto em termos de narrativa quanto de estética. Isso certamente chamou a atenção", analisa Mauro Alencar, doutor em Teledramaturgia Brasileira e Latino-Americana pela USP (Universidade de São Paulo) e membro da Academia de Artes e Ciências da Televisão em Nova York (EUA).
Para enfrentar a Globo, a Manchete armou uma estratégia de guerrilha. Assim que terminava a então novela das oito, Rainha da Sucata, o Jornal da Manchete acabava para dar lugar a Pantanal. A Globo se viu forçada a exibir seu principal produto cada vez mais tarde e até trocou o humorístico TV Pirata por filmes. Os Intocáveis (1987) conseguiu empatar com a trama rural (29 pontos).
A novela se passa em duas épocas. Na primeira, entre os anos 1940 e 1960, o peão José Leôncio (Paulo Gorgulho) e seu pai, Joventino (Cláudio Marzo), chegam ao Pantanal para aumentar o rebanho com marruás (um tipo de boi selvagem), quando o fazendeiro desaparece durante uma caçada. Um tempo depois, o filho, já rico, vai para o Rio de Janeiro, engravida a jovem mimada Madeleine (Ingra Liberato) e retorna ao campo.
Na segunda fase, 25 anos depois, o filho de José Leôncio, Jove (Marcos Winter) viaja ao Pantanal para tentar conhecer o pai (Cláudio Marzo) e se relaciona com a moça selvagem Juma Marruá (Cristiana Oliveira), que, segundo comentários das redondezas, consegue se transformar em uma onça pintada.
Pantanal foi reprisada mais três vezes pela Manchete, em 1991, 1993 e 1999, às vésperas do final da emissora. Saiu do ar por questões judiciais. Após a falência da rede, as fitas foram adquiridas em um leilão e vendidas para Silvio Santos. Benedito Ruy Barbosa tentou proibir a reapresentação pelo SBT, em 2008, mas perdeu na Justiça e desistiu da ação.
Fonte: Notícias da TV
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