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quarta-feira, março 25, 2015

Governo do RN diz não ter sido avisado das gravações com ordens de ataques a ônibus

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Os ataques aos ônibus e o caos que se instalou em Natal durante a onda de rebeliões do sistema prisional do Rio Grande do Norte, poderiam ter sido minimizados, ou até mesmo
evitados. É isso que afirma a Secretaria de Segurança e Defesa Social do Estado (Sesed), com relação aos áudios que foram divulgados em um programa de televisão (confira sequência ao lado), no qual um detento dá a ordem para que pessoas de fora dos presídios queimassem transportes coletivos na capital. Juiz criminal também alega que não foi avisado do teor da gravação.

Segundo a secretária de segurança, Kalina Leite, em nenhum momento a Sesed foi comunicada dessa conversa e das ordens para incendiar ônibus. Por meio da assessoria de imprensa, ela destacou que, caso a Secretaria tivesse sido avisada do que estava sendo planejado pelos detentos, o efetivo de segurança teria sido aumentado. “A Sesed não tinha qualquer tipo de informação sobre essa conversa e as ordens. Se soubéssemos, poderíamos ter feito algo para tentar amenizar o ocorrido. Mesmo sem saber onde os ataques iriam acontecer, teríamos reforçado a segurança pública”. Agora a Sesed quer saber qual o órgão que tinha essa gravação e o motivo dele não ter passado as informações. “Já solicitamos a apuração dos fatos. Queremos saber o motivo de não terem passado a informação para a Sesed”.

De acordo com a legislação, apenas Ministério Público, Polícia Federal e Polícia Civil podem pedir autorização para gravar esse tipo de conversa. A liberação é dada por um juiz da Vara Criminal. Procurado pelo Jornal de Hoje, o juiz Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções Penais do RN, disse que também só ficou sabendo do teor das gravações depois da reprodução em rede nacional. “Não me chegou nada e também não sei informar qual o órgão que estava com aquela gravação. Se a gravação faz parte de algum processo meu, eu também ainda não recebi esse áudio. Quando autorizamos essas gravações, elas são passadas apenas uns cinco dias depois. Mas até agora, nada me foi enviado”.

Depois de assistir a reportagem, Baltazar conta que foi buscar informações sobre o que tinha acontecido. “Eu conversei com algumas pessoas e elas me falaram que o Estado foi avisado do teor da conversa. Agora, se o Estado não acreditou que aquela era uma ameaça real, ou se até mesmo a gravação realmente não chegou na Sesed, isso eu realmente não sei. Mas precisamos entender o que aconteceu”.

Na gravação, que foi exibida no programa Fantástico, da Rede Globo, do último domingo, um apenado liga para uma pessoa que está fora do presídio e ordena os ataques. “Aí você bota num banco e em cima dos pneus, sabe? Você pega o ônibus e manda o ônibus parar. Bota nos pneus e já era. Nos pneus e no ônibus”. Depois, o homem que recebeu a tarefa liga para um comparsa para pedir ajudar para realizar os atentados. “Falaram que é para pegar o ônibus, passar na frente da delegacia e dar uma onda de tiros. Se não, parar dois desses ônibus da linha, mandar todo mundo descer e botar fogo”.

O Ministério Público divulgou uma nota oficial, na qual se exime de qualquer responsabilidade e nega que tenha sido o responsável pela gravação. “Consultando vários departamentos do Ministério Público do Rio Grande do Norte, obtivemos a informação de que o áudio e vídeo não foram colhidos através de atuação do MPRN, de forma que, por este mesmo motivo, não pode ter sido entregue ao Governo do Estado por parte da Instituição. Vale ressaltar que o Ministério Público do RN tem desenvolvido trabalhos não só para combater essa questão dos problemas no sistema penitenciário como ocorreu na operação Alcatraz, assim como vem acompanhando e ajudando em busca de ações para reverter esta situação nas unidades prisionais do Rio Grande do Norte”.

No ápice da crise, 4 ônibus foram incendiados na noite de segunda-feira (16) em Natal e Região Metropolitana. Criminosos ordenaram que funcionários e passageiros deixassem os veículos antes de colocarem fogo. Os atentados ocorreram nas zonas Leste e Norte da capital, além de Parnamirim.

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Presos suspeitos de participarem dos ataques

Uma investigação conduzida pela Divisão de Combate ao Crime Organizado (Deicor) conseguiu prender, nessa terça-feira (24), dois homens suspeitos de terem ligação com os criminosos que queimaram um ônibus, no Vale Dourado na zona norte de Natal, em 16 de março. Hugo Rafael dos Santos (23 anos) e Joelson da Silva Nunes (21 anos) foram detidos em flagrante pela prática do crime de porte ilegal de arma de fogo. “Nós descobrimos que no mesmo dia em que o ônibus foi queimado, um grupo de criminosos que atearam fogo no coletivo estavam comemorando o crime. Dentro da comemoração estavam Hugo e Joelson”, contou a delegada adjunta da Deicor, Daniele Filgueira.

No mesmo dia dos ataques a polícia já havia prendido Francinaldo Monteiro da Silva (36 anos). Ele foi detido após a queima do coletivo, quando estava trafegando em um veículo da marca Hyndai, modelo HB 20. Francinaldo, que já possui uma condenação por tráfico de drogas, confessou à polícia que ateou fogo no ônibus por ordem de um detento da Penitenciária de Alcaçuz.

Fonte: Portal JH

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