A Polícia Civil está à procura dos integrantes de um grupo que mata animais de corte em propriedades rurais da região de Ribeirão Preto (SP) para revender ilegalmente peças de carne para açougues e
restaurantes. Os furtos das cabeças de gado se concentram em fazendas de Brodowski (SP) e Jardinópolis (SP) e são registrados pela polícia ao menos desde fevereiro do ano passado.
As investigações começaram há cerca de um ano, mas o inquérito foi instaurado na última sexta-feira (20), quando quase uma tonelada de carne em condições inadequadas de conservação foi apreendida em um frigorífico no Parque Ribeirão, em Ribeirão Preto.
Na ocasião, o dono do estabelecimento foi indiciado e apontado como suspeito de integrar a chamada “gangue da vaca”. Outros participantes são procurados, segundo o delegado de Brodowski, José Augusto Franzini de Almeida, responsável pelo caso.
Assustados, pecuaristas se articulam para investir em segurança e pedem patrulhamento rural às autoridades. Em um ano, eles estimam um prejuízo de R$ 1,5 milhão com os furtos.
Ladrões com experiência
De acordo com Almeida, a forma de agir é sempre a mesma. Em um carro com porta-malas grande, o grupo aproveita a extensão das fazendas para, no meio da noite, furtar vacas sem chamar atenção dos proprietários.
Eles escolhem geralmente entre três e quatro animais de grande porte e os matam com armas de fogo. Em seguida, ainda no pasto, já separam a carne das vísceras e dos ossos e fogem com as peças. É por isso que o titular da Polícia Civil acredita que os integrantes sejam açougueiros ou tenham tido algum tipo de ligação com a pecuária.
Almeida alega que a polícia já registrou cerca de dez ocorrências com ao menos 30 cabeças de gado furtadas em um ano.
Pecuaristas entrevistados pela reportagem da EPTV, por outro lado, acreditam que o dano seja ainda maior. Eles estimam que, no mesmo período, foram 500 animais levados pela quadrilha, equivalendo a um prejuízo de aproximadamente R$ 1,5 milhão.
"Hoje está difícil a comercialização, o lucro está pequeno e ainda vêm em uma noite e levam quase o lucro de uma boiada. Então, se continuar nesses parâmetros, vai inviabilizar a atividade. Tem que apelar para que se faça uma patrulha especializada nisso", diz o produtor rural Irivelto Egidio Garotti.
O inquérito
O modo como a “gangue da vaca” age vem sendo estudado há um ano, mas desde a semana passada o crime passou a ser alvo de um inquérito. Na última sexta-feira, a Polícia Civil apreendeu 810 quilos de carne em condições impróprias de armazenamento em um açougue no Parque Ribeirão.
Ele explica que o local, que funcionava a portas fechadas e somente sob encomenda, foi encontrado graças a um veículo visto frequentemente por testemunhas. O carro foi apreendido depois de ser abandonado em Santo Antonio da Alegria (SP) e teve ligação com o esquema confirmada porque uma de suas lanternas tinha sido encontrada em uma fazenda da região, explicou Almeida.
Indiciado, o dono do açougue responderá por furto qualificado, por sonegação fiscal e também por crime de relação de consumo ao final do inquérito, que deve ser concluído após a emissão de documentos como um laudo da Vigilância Sanitária. Em seguida, Almeida pretende solicitar a prisão do suspeito.
O delegado quer ainda instaurar outro inquérito para apurar quem são os outros envolvidos. Ele acredita que ao menos mais três pessoas estejam envolvidas nos furtos de gado.
"Nesse momento vamos tentar identificar os demais participantes porque a gente acredita que existe toda uma logística. Existem as pessoas que vão furtar, as pessoas que recebem, as pessoas que transportam. Eu não acredito que tenha sido praticado por uma pessoa só", diz.
Carnes que teriam sido furtadas foram encontradas em condições inadequadas (Foto: Fábio Júnior/ EPTV)
Fonte: G1
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