O senador Garibaldi Filho (PMDB) manteve-se solidário com os conterrâneos supostamente envolvidos na Operação Sinal Fechado. Em contato com O Jornal
de Hoje, o ex-ministro da Previdência afirmou que enquanto não houver provas irrefutáveis, acreditará na inocência do senador José Agripino Maia (DEM), da vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB), e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado estadual Ezequiel Ferreira de Souza (PMDB), os três supostamente envolvidos na Operação Sinal Fechado. “Realmente acredito que os meus conterrâneos possam provar a sua inocência. Acredito que a credibilidade que eles desfrutaram, e ainda desfrutam, possa levá-los a fazer com que isso venha a ter um bom termo”, afirmou o senador.
De antemão, Garibaldi critica o instituto da delação premiada, que tem sido responsável por frisson na política nacional, vide escândalo do Petrolão, e estadual, por meio da operação Sinal Fechado. Segundo ele, o instituto, criado na Constituição de 1988, pode levar a que se cometam distorções e julgamentos precipitados. “Porque, afinal de contas, uma deleção não significa uma sentença, e muitos estão entendendo que na hora que o sujeito faz uma delação é como se fosse uma sentença de um juiz que já tivesse inquérito concluído”, alertou.
Agripino poderá ser sendo alvo de investigação por parte do Ministério Público Federal. O procurador da República, Rodrigo Janot, requereu na última segunda-feira ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito contra o senador, dando caráter oficial à investigação. A medida teria sido adota após reportagem do Fantástico, que exibiu, no último domingo, matéria sobre a fraude na implantação da inspeção veicular no Estado. A solicitação de abertura de inquérito contra o democrata foi distribuída para a ministra do STF Carmem Lúcia, que deverá responder nos próximos dias.
A Procuradoria da República investigaria Agripino desde o ano passado, quando teria sido acertada a delação do empresário George Olímpio junto ao Ministério Público. Todos os depoimentos de George Olímpio, que teriam durado cerca de três dias, teriam sido acompanhados por um subprocurador da República. Toda vez que o depoente tocava nas acusações contra Agripino – de que o democrata teria cobrado e recebido propina para fazer lobby no governo Rosalba Ciarlini (DEM) para a implantação da inspeção veicular, objeto da investigação – era o subprocurador quem fazia as perguntas. Assim, Agripino já vinha sendo investigado pelo MPF desde o ano passado.
No caso de Wilma de Faria, ela e o filho dela, o advogado Lauro Maia, são réus no mesmo caso desde 2011, quando o Ministério Público Estadual ofereceu denúncia contra eles. Ontem, os promotores de Justiça ofereceram denúncia contra Delevam Melo, homem de confiança do sistema wilmista e apontado como operador de Wilma e Lauro no esquema da Inspar. Quanto a Ezequiel Ferreira de Souza, o atual presidente da Assembleia foi acusado formalmente pelo procurador-geral de Justiça, Rinaldo Reis Lima, na última sexta-feira, de ter recebido propina para articular a aprovação de projeto de lei que autorizava a concessão do serviço de inspeção para a iniciativa privada, ação legislativa que supostamente fazia parte das tratativas do esquema.
BOA-FÉ
Para Garibaldi, como são necessárias provas para comprovar o que é apontado pelo Ministério Público, até que essas provas sejam dadas como irrefutáveis, prevalecerá atitude de boa fé com relação a Agripino, Wilma e Ezequiel. “Eu acho que, como conterrâneo, tenho que ter atitude de boa-fé perante as pessoas que militam comigo hoje ou militaram ao meu lado, ou até mesmo militaram contra mim. Tenho eu que ter atitude de boa fé e acreditar que eles provarão que estão isentos de todas essas acusações”. Caso surjam as provas irrefutáveis, Garibaldi poderá mudar de opinião. “Se existirem provas, claro que eu não posso prevalecer com essa minha boa fé e opinião diante de provas irrefutáveis. Mas enquanto não tiverem esse caráter, acredito que meus conterrâneos possam comprovar idoneidade, inocência e credibilidade”, frisou.
CREDIBILIDADE
Ao falar especificamente sobre Agripino, que, como ele, é ex-governador do Rio Grande do Norte, e está no quarto mandato de senador da República, um a mais que o peemedebista, Garibaldi ressalta que o clima no Senado é de solidariedade, já que o potiguar desfruta de credibilidade e confiança entre seus pares.
“Agripino é o mesmo que digo da ex-governadora Wilma e de Ezequiel, não tenho porque diferenciar. Acredito em Agripino, como acredito nos demais”, declarou. “Aqui no Senado há uma credibilidade muito grande e confiança e solidariedade que vem recebendo dos colegas. Isso nós estamos vendo até no plenário, quando ele chega é cercado pelos pares”, disse Garibaldi, descartando que o Senado venha a abrir investigação contra Agripino. “Não acredito. Nada disso é cogitado”.
Wilma silencia sobre fatos novos da Sinal Fechado
Secretário adjunto de Infraestrutura, diretor do DER e da CAERN durante o seu governo, o engenheiro Delevam Melo recebeu o silêncio de sua líder política, a ex-governadora e atual vice-prefeita de Natal, Wilma de Faria (PSB). Procurada esta manhã pela reportagem de O Jornal de Hoje, para se manifestar sobre a denúncia do Ministério Público contra Delevam, apontado como integrante do sistema político de Wilma e de seu filho, advogado Lauro Maia, Wilma informou, por meio de sua assessoria, que não tinha mais o que falar sobre a operação Sinal Fechado, a não ser o que já havia dito ao programa jornalístico global dominical Fantástico.
Wilma e Lauro já são réus na Sinal Fechado. Ambos são acusados de participação no esquema da Inspar, que teria começado a funcionar na gestão da pessebista com a implantação do convênio entre o Instituto de Registradores de Títulos e Documentos de Pessoas Jurídicas do Rio Grande do Norte (IRTDPJ/RN) e o Departamento Estadual de Trânsito. Ontem, o MP denunciou à Justiça – o processo transcorre na 3ª Vara Criminal – que Delevam teria sido o intermediador entre o empresário George Olímpio e o governo Wilma de Faria. Ele ficaria responsável por receber a propina e dividir com Wilma e Lauro Maia, segundo o MP.
Procurados nesta manhã, Wilma e Lauro silenciaram sobre a nova denúncia, tida como desdobramento da Sinal Fechado. O engenheiro Delevam Melo também foi procurado, mas se encontrava com seus advogados e não pôde atender à reportagem. A denúncia contra Delevam é desdobramento da operação Sinal Fechado, que, além da denúncia contra Wilma e Lauro, feita anteriormente, em 2011, apresentou nesta semana uma nova peça, desta feita contra o presidente da Assembleia, Ezequiel Ferreira. Também desdobramento da mesma operação, segue, em Brasília, investigação contra o senador Agripino Maia.
Sobre a nova delação de George Olímpio, Wilma disse na nota ao Fantástico que repudia a citação ao nome dela em qualquer contexto ilegal na implantação da Inspeção Veicular no Estado. “No período em que governei o Rio Grande do Norte (janeiro de 2003 a março de 2010), a inspeção veicular ora investigada pelo Ministério Público sequer foi licitada e implantada, não tendo gerado, portanto, nenhuma receita a órgão público ou empresa”, afirmou. Ainda não tendo conhecimento oficial do teor da delação premiada de George Olímpio, Wilma se absteve de fazer qualquer avaliação prévia sobre e disse considerar citação ao seu nome como “ilação caluniosa, injusta, desrespeitosa e antidemocrática”.
Quanto a Lauro Maia, sua nota ao Fantástico é curta. Ele afirma, apenas, desconhecer o conteúdo da delação, não tendo sido notificado sobre os fatos nela narrados. “Mesmo assim, de antemão, repudio qualquer afirmação de que teria participado do esquema criminoso referente à implantação da inspeção veicular no Estado do Rio Grande do Norte e continuo à disposição da Justiça para qualquer esclarecimento”, frisou.
Fonte: Portal JH
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