A presidente argentina Cristina Fernández se mostrou desafiante neste domingo (15), em seu primeiro discurso na TV desde que um promotor anunciou que continuaria a investigar a acusação de que ela tentou encobrir um ataque a
bomba de 1994, dizendo que os rigorosos invernos da Patagônia a ensinaram a ser valente.
As acusações - levantadas por um procurador cuja morte misteriosa em janeiro trouxe uma crise à administração Fernández - foram consideradas legítimas na sexta-feira por um promotor recém-nomeado que prometeu prosseguir na investigação.
Em seu discurso na TV, Cristina não se referiu à investigação, mas afirmou que não se curvaria ao aumento da pressão política. "Alguns se surpreendem com como eu posso suportar tudo o que suporto", disse Fernández, falando a uma plateia num hospital que havia acabado de inaugurar na província de Santa Cruz.
"Eu digo a eles que foi aqui na Patagônia - com o vento, o frio e a neve - que eu aprendi que posso suportar qualquer coisa", ela disse. "Para viver no sul da Argentina, você precisa ser forte."
A imagem de Fernández foi abalada pelas acusações de que ela tentou encobrir o suposto envolvimento de um grupo de iranianos no ataque à bomba em 1994 ao centro comunitário judaico Amia, em Buenos Aires, no qual 85 pessoas morreram.
Ela nega a acusação, levantada pelo promotor Alberto Nisman.
O corpo de Nisman foi encontrado em 18 de janeiro em seu apartamento, em Buenos Aires, com uma bala na cabeça e uma pistola ao seu lado. No dia seguinte, ele iria ao Congresso apresentar as acusações de que Cristina conspirou com o Irã para libertar os suspeitos pelo ataque, na tentativa de fazer um acordo de comércio trocando grãos por petróleo.
Até agora, não há evidências conclusivas nem de assassinato e nem de suicídio. Fernández inicialmente especulou que Nisman havia tirado a própria vida, e mais tarde disse que agentes de inteligência rebeldes estariam por trás de sua morte.
A saga deve reforçar candidatos opositores na eleição presidencial de outubro, em que Fernández está constitucionalmente proibida de buscar um terceiro mandato consecutivo.
Fonte: Folha de São Paulo
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