Com o fechamento do Aeroporto Internacional Augusto Severo há oito meses, os trabalhadores que dependiam da atividade econômica gerada pelo terminal tiveram que
se virar. Só taxistas, eram 64 de duas cooperativas. Uma delas fechou. O presidente da outra virou caminhoneiro. Quem se mantém na praça também não vê a hora de encontrar outro trabalho para ganhar dinheiro.
É o caso de Altanício de Lima Bezerra de 47 anos. Depois de 25 anos trabalhando como taxista do aeroporto, a sua praça agora é em um posto de combustíveis na BR 101 no bairro de Emaús. Com a ausência dos passageiros aéreos, ele também quer mudar de rumo profissional. “Eu mesmo estou à procura de emprego”, disse.
No novo ponto, sua renda caiu drasticamente. Trabalhando no Augusto Severo, Altanício conseguia gerar até R$ 2.200 para manter uma família de seis pessoas (sem contar o dinheiro que pagava como arrendatário do táxi). Agora, segundo ele, sua renda mensal fica entre R$ 300,00 e R$ 500,00. “Pra sustentar cinco filhos só com essa renda daqui é difícil”, falou. O filho mais novo de Altanício tem quatro anos e a mais velha 28 anos. Só um deles trabalha. Para piorar a situação, a mulher dele também não tem emprego.
Sabiamente, ele não contraiu empréstimos, mas as dívidas em cartões de crédito se acumulam. Altanício calcula que deve cerca de R$ 40 mil incluindo os juros. O taxista conta que vários outros colegas venderam o carro e desistiram da profissão.
No posto de combustíveis onde só Altanício e o colega Carlos resistem, havia outros dois taxistas que foram em busca de clientes em outros pontos da cidade. Apesar de estar perto de um atacadão, o movimento é baixo porque já existem profissionais credenciados que podem atuar dentro do estacionamento. “Aqui não tem passageiro de rua, aí a gente fica aqui no sol, sem água, se aventurando”, disse Carlos Henrique Lima de 38 anos enquanto esperava por um contato de rádio de alguém que ligasse para a sua central.
Por sete anos como taxista do Augusto Severo, hoje ele também sofre com dívidas acumuladas e sem ter meios outros meios para sustentar seus dois filhos. Carlos fazia até 70 corridas por quinzena, agora esse número chega ao máximo de 10. O trajeto mais comum era para Ponta Negra com valor médio de R$ 43,00. Sem o terminal, as corridas dentro da cidade chegam a R$ 8,00.
Os 64 taxistas que deixaram o aeroporto agora se espalham pela cidade de Parnamirim em ponto onde já havia outros colegas trabalhando, ou em lugares onde eles acreditam que possa ter alguma clientela. Vale lembrar que a permissão para operar táxi é municipal, por isso os profissionais que atuam no terminal de Parnamirim não puderam simplesmente se transferir para a cidade de São Gonçalo do Amarante.
“O ideal seria reabrir o aeroporto aqui só para vôos domésticos como disseram que ia ser. Muita gente ficou desempregada pelo que aconteceu aqui”, sugeriu Altanício Bezerra. Ainda segundo ele, há um abaixo-assinado eletrônico para pressionar as autoridades a reativar o terminal aéreo parnamirinense.
O irmão de Altanício trabalha como secretário da Coopertáxi, uma das cooperativas que serviam aos passageiros do Augusto Severo. A Aerocooptáxi fechou e o secretário da única que sobreviveu teme o mesmo destino. “A gente ainda está meio vivo, mas eu acho que esse é o caminho da gente também”, disse Altanir Bezerra.
Ainda segundo ele, depois de uma audiência pública que houve no ano passado na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte não houve mais nenhuma movimentação política com intuito de dar alguma destinação à estrutura do antigo aeroporto. A proposta de transformar o lugar em Centro de Convenções ou qualquer outra ideia ainda não teve encaminhamento.
Fonte: Portal JH
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