A cúpula do PT decidiu sinalizar à senadora Marta Suplicy (SP) que deseja negociar sua permanência no partido, com aval e atuação
direta do ex-presidente Lula.
A senadora tem se movimentado para sair do PT e concorrer à Prefeitura de São Paulo ainda em 2016, por outra legenda. Nesse cenário, na avaliação de dirigentes petistas, ter Marta na disputa poderia prejudicar a reeleição de Fernando Haddad (PT).
Na quinta-feira (15), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, reuniu-se com Lula em São Paulo e conversou sobre a situação de Marta, entre outros assuntos.
Ficou acertado que, inicialmente, o presidente estadual do PT-SP, Emidio de Souza, irá procurar a senadora e indicar as intenções do partido.
Caso Marta se mostre disposta a conversar, aliados afirmam que Lula entrará no circuito. Integrantes da direção do PT e interlocutores do ex-presidente dizem que o aceno será o de que ela poderia ser a candidata petista ao governo paulista em 2018.
Aliados afirmam que a senadora tem um "projeto pessoal" de voltar a concorrer a um cargo majoritário em São Paulo e, como completará 70 anos em março, vê a eleição de 2016 como "sua última chance". Mesmo assim, ponderam, estaria disposta a aceitar a vaga de candidata do PT ao governo do Estado.
Integrantes de outros partidos que acompanham com atenção a política estadual também apostam que o jogo de Marta aponta em direção ao Palácio dos Bandeirantes.
"O problema é que ela não fala o que quer. Nunca reivindicou participar de prévias com Haddad para 2016, por exemplo", diz um petista.
A senadora fez recentemente declarações públicas em que criticou a presidente Dilma Rousseff, atacou o presidente nacional do PT, Rui Falcão, a quem chamou de "traidor", e disse que o ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, é "inimigo" de Lula.
Segundo Marta, o PT chegou a uma encruzilhada em que "ou muda ou acaba."
A avaliação inicial de dirigentes petistas era a de que as duras críticas colocavam um ponto final em sua relação com o partido. No entanto, os possíveis danos à reeleição de Haddad e à imagem do PT mudaram o cenário.
ARTICULAÇÃO
Desde novembro, o marido da senadora, o empresário Márcio Toledo, tem negociado sua mudança de partido. Entre as conversas, esteve com o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), de quem é amigo, e com lideranças do PSB.
Na última semana, Haddad indicou Gabriel Chalita (PMDB) para sua secretaria de Educação e amarrou o partido de Temer para apoiar sua reeleição no próximo ano.
"Isso frustrou os planos de Marta, e ela endureceu o tom", afirma um petista.
O PT estipulou até o dia 1º de fevereiro para resolver a situação de Marta. O temor é que ela inicie o ano na tribuna do Senado com críticas ao governo e ao partido, o que aumentaria o desgaste.
Caso Marta não aceite permanecer no PT, a legenda não pretende expulsá-la nem reivindicar seu mandato.
Fonte: Folha de São Paulo
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