O ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, afirmou nesta sexta-feira (2) durante discurso de transmissão do cargo para o novo
chefe da pasta, Miguel Rossetto, que ele e os que a oposição chama de "quadrilha" não são "ladrões". "Não somos ladrões, não somos ladrões", declarou com ênfase.
Sem citar diretamente o senador Aécio Neves (PSDB-MG), que disse ter perdido a eleição para uma "organização criminosa", Gilberto Carvalho afirmou, sob aplausos da plateia, que, para "eles" [a oposiçáo], os pobres são uma "quadrilha". "Com muito orgulho, eu quero dizer: eu pertenço a essa quadrilha", afirmou.
No pronunciamento, Carvalho afirmou que os governistas têm "dignidade" e não devem lever "desaforo para casa".
"Não vamos levar desaforo para casa. Nós temos dignidade, e é por isso que temos que levantar a cabeça", disse, afirmando também que tem orgulho de pagar seu apartamento ao Banco do Brasil por mais de 19 anos.
Ao longo do discurso de despedida, Gilberto Carvalho afirmou que não se pode ter medo em dizer que os governos do PT "mudaram a cara do país" e "inverteram prioridades". Ele costumava fazer essa declaração ao afirmar que nos últimos 12 anos o governo federal passou a dar prioridades às populações mais pobres.
Carvalho disse que será fiel à presidente Dilma "onde estiver". A jornalistas, o ministro disse no fim do ano passado que passará a presidir o Conselho de Administração do Sesi a partir de fevereiro.
Ele foi bastante aplaudido ao dizer que ao assumir o cargo fez oração para que o governo olhasse pelos mais pobres e não fosse "seduzido" pelo poder.
Gilberto Carvalho encerrou sua fala ao dizer que sai da Secretaria-Geral com "esperança". Ele pediu para "quebrar o protocolo" e começou a cantar a música "O que é, o que é?", de Gonzaguinha. A plateia o acompanhou e o ovacionou após a música.
Resposta a Aécio
Após a cerimônia, Gilberto Carvalho conversou com jornalistas e disse que o fala sobre "ladrões" foi endereçada ao senador Aécio Neves, em razão de o candidato do PSDB derrotado à Presidência ter afirmado que havia perdido a eleição para uma "organização criminosa".
"Foi uma resposta ao Aécio Neves, que disse que perdeu a eleição para uma quadrilha. Eu tinha que dar uma resposta à altura. Nós não vamos, nunca, ficar levando desaforo para casa. Quando a gente tem dignidade, a gente tem liberdade para dar essa resposta. A quadrilha para a qual ele perdeu é essa quadrilha do povo brasileiro que soube escolher por um projeto", disse.
O ex-ministro da Secretaria-Geral afirmou ainda que a diferença entre o projeto do PT e o do "resto" é que "o resto faz lantejoula e se mantém na superficialidade". Carvalho completou ao dizer que sua resposta a Aécio foi "bem clara" e "bem definida".
Miguel Rossetto
O novo ministro da Secretaria-Geral, Miguel Rossetto, iniciou seu pronunciamento dizendo que o ex-chefe da pasta é "um grande brasileiro", e o cumprimentou pelo "extraordinário trabalho" realizado.
Ele afirmou que o povo passou a acreditar mais no Brasil depois que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu a Presidência, em 2003, e disse que o PT foi sua "escola política". Rossetto ressaltou ainda que o projeto político do PT foi iniciado nos últimos 12 anos, a partir das "conquistas históricas que interromperam séculos de perversão elitista no Brasil".
Rosseto repetiu em seu pronunciamento um trecho do discurso de Dilma na cerimônia de posse desta quinta-feira na qual ela afirmou que a orientação de seu novo mandato seria "nenhum direito a menos, nenhum passo atrás”. O ministro afirmou ainda que o Brasil precisa "caminhar pra frente" e disse que a transformação do país de "república elitista" para "radicalmente democrática" foi causada pelos governos do PT.
Nomeado para a pasta responsável pela articulação do governo com os movimentos sociais, Rossetto defendeu o que chamou de "processo permanente de democracia participativa". O ministro da Secretaria-Geral afirmou que os movimentos sociais precisam ser ouvidos pelo governo.
"Não há o que temer quando escutamos o nosso povo", ressaltou. Ele disse ainda que a pasta estimulará o diálogo "forte, verdadeiro, respeitoso e capaz de construir consensos" com a sociedade.
Na parte final de seu discurso, Rossetto destacou que o governo terá quatro anos para executar o programa elaborado ainda em 2013. O ministro disse que as metas serão buscadas "a cada dia" e destacou que o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social terá papel "fundamental" para garantir que as propostas sejam executadas.
Fonte: G1
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