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domingo, janeiro 25, 2015

Morre no Rio a atriz gaúcha Maria Della Costa, aos 89 anos

Morreu neste sábado (24), aos 89 anos, no Rio, a atriz de teatro Maria Della Costa. Ela estava internada no hospital Samaritano, em
Botafogo (zona sul da cidade). A causa da morte não foi divulgada pela unidade médica, mas segundo pessoas próximas à atriz, teria sido edema pulmonar agudo.

A previsão é de que o velório da artista seja realizado neste domingo (25), no Theatro Municipal, centro da cidade.

Nascida Gentile Maria Marchioro, no dia 1º de janeiro de 1926, em Flores da Cunha (RS), ela teve seu primeiro papel numa adaptação de "A Moreninha", de Joaquim Manuel de Macedo, levada aos palcos pela companhia de Bibi Ferreira em 1944 —na ocasião, era casada com o produtor Fernando de Barros.

No ano seguinte ela, que pela grande beleza vivia de trabalhos paralelos em cassinos e em desfiles de modas, mudou-se para Portugal, estudando teatro no Conservatório Dramático de Lisboa.

A volta, em 1946, marcou o reinício dez carreira em "A Rainha Morta" —na peça de Henry de Montherlant montada pelo grupo Os Comediantes, ela fazia o papel da protagonista, Inês de Castro, sob direção do polonês Ziembinski (1908-1978), já renomado pela antológica montagem "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, de 1943.

Sandro Polloni, que ela conheceria no elenco de "A Rainha Morta", se tornaria seu segundo marido.

Ao lado dele, a atriz fundaria, em 1948, o Teatro Popular de Arte (TPA). Polloni passou dos palcos aos bastidores, tornando-se produtor do grupo, notabilizado pelo repertório inovador.

Eles montariam peças de brasileiros como Nelson Rodrigues ("Anjo Negro"), Plínio Marcos ("Homens de Papel") e Gianfrancesco Guarnieri ("Gimba"), e de estrangeiros como Arthur Miller ("Depois da Queda").

As peças, que quase sempre contavam com a atuação de Della Costa, eram dirigidas por nomes como o então novato Flávio Rangel e Gianni Ratto –que viria da Itália para dirigir "O Canto da Cotovia", de Anouilh, com a atriz no papel principal de Joana d'Arc, inaugurando a sede da companhia, em 1954.

O casal se lançara à empreitada de construir a sala como "consequência natural da falta de teatros em São Paulo, como aliás em todo o Brasil", segundo declararam à imprensa na época.

O TPA fez em 1958 a primeira montagem profissional de uma peça de Brecht no Brasil, "A Alma Boa de Set-Suan". Maria Della Costa seria aclamada por críticos como Décio de Almeida Prado no duplo papel da protagonista Chen-Te/Chui-Tá da peça dirigida por Flaminio Bollini.

Ela já atuara antes sob a direção do italiano, em sua única passagem pelo TBC, ao lado de Paulo Autran, na peça "Ralé", de Górki, em 1951.

A partir de 1973, quando atuou na marcante montagem de Antunes Filho para "Bodas de Sangue", sua intensidade nos palcos diminuiu. Sua última atuação no teatro seria na peça "Típico Romântico", em 1992.

Della Costa teve também papéis no cinema, em filmes como "O Cavalo 13" (1946) e "O Malandro e a Grã-fina" (1947), ambos de Luiz de Barros; "Inocência" (1949), de Fernando de Barros e Luiz de Barros e no premiado "Areião" (1952), do italiano Camillo Mastrocinque.

Teve presença também na televisão: fez a novela "Beto Rockfeller", na extinta TV Tupi, em 1968, e na TV Globo atuou em "Estúpido Cupido" (1976) e "Te contei?" (1978).

Entre 1980 e 2014, ela viveu na fluminense Paraty, onde manteve até 2011 a pousada Coxixo. Viúva de Polloni desde 1995, ela não deixa filhos.

Fonte: Folha de São Paulo

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