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quarta-feira, janeiro 07, 2015

Hospital dos Pescadores funciona sem raio-x e medicamentos básicos

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/O início do ano não começou bem pra quem procurou o Hospital dos Pescadores no bairro das Rocas. Desde o dia primeiro deste mês, os médicos vêm registrando no livro
de ocorrência da unidade (documento onde os profissionais descrevem o seu plantão) falta de insumos básicos.  Sem contar a paralisação de serviços essenciais para o atendimento completo aos pacientes, como o aparelho raio-x, que está quebrado, e o funcionamento do laboratório.

De acordo com o clínico geral Cassio Cavalcante, essa situação vem se agravando há cerca de seis meses. Segundo ele, registros de outros colegas no livro de ocorrências, falta morfina (remédio contra dor), Plasil (contra vômito), Decadron, Voltarem (anti-inflamatórios), Diazepam (sedativo), Furosemida (diurético, muito usado para edema agudo de pulmão), Benzetacil (antibiótico) e Isordil (vasodilatador, utilizado em casos de infartos).

“São medicações básicas do básico para um pronto-socorro”, afirmou o médico. Essa deficiência de insumos complica o problema de vários pacientes, embora ele afirme que, pelo menos em seu plantão, não tenha ocorrido nenhum óbito em função disso.

O mais curioso dessa situação é que os médicos do hospital têm que pedir ajuda ao Samu para ter a medicação necessária e urgente. “Às vezes o paciente chega aqui com infarto e tem que ficar sentindo dor. Quando a gente vê que ele não vai aguentar, a gente pede socorro ao Samu e eles trazem medicação pra gente”, comentou.

Há também a alternativa de transferir o paciente para outro pronto-socorro, mesmo sem a garantia que ele consiga resistir ou tenha um atendimento melhor. Não raramente, o destino é o Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel. “Hoje não tem eletrodo para monitorar os pacientes da reanimação, por exemplo”, contou o médico sobre a novidade de hoje.

No domingo passado, um dos colegas descreveu o quadro desolador do hospital no livro de ocorrências e também perguntou o que fazer numa situação dessas num grupo de uma mídia social. “Eu disse para comunicar ao CRM [Conselho Regional de Medicina] para fechar o pronto-socorro, mas a direção proibiu de fechar por ordem da secretaria”, disse.

Os conselhos têm atribuição legal para realizar interdição ética na unidade caso seja constada condições incompatíveis para a prática profissional. No entanto, o órgão não foi acionado. “A gente sofre, mas não tanto quanto os pacientes. É altamente estressante trabalhar assim e não ter o que fazer, principalmente numa emergência. A gente não quer fechar o pronto-socorro, a gente quer trabalhar, mas assim fica difícil”, desabafou.

Por sorte, a dona de casa Ana Maria Felipe, de 48 anos, adoeceu em um dia que o laboratório está funcionando. No domingo passado estava fechado. Ela sentiu o corpo dolorido ontem e procurou hospital hoje pela manhã depois de ver várias manchas pelo corpo.

“Eu só acho que o atendimento é demorado demais aqui. Hoje passei pouco tempo foi só uma hora, mas tem dias que é muito mais”, considerou. Hoje pela manhã, havia somente dois clínicos gerais para atender casos como o de Ana Maria. Na recepção do hospital, pouco mais de 20 pessoas esperavam.

Além disso, quem precisar de raio-x vai ter que esperar ou se encaminhar para outra unidade. Logo na entrada, é possível ver que na escala de plantão não há nome algum de técnico de radiologia. Segundo o Cassio Cavalcante, o aparelho permanece quebrado.

A direção do hospital, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), informou que os problemas que acontecem no hospital são eventuais. Apesar de a nossa equipe ter presenciado a falta de técnico em radiologia na escala, a direção informou que estava tudo funcionando normalmente. Sobre os medicamentos, a assessoria informou que é um processo demorado e consegue alternativas para manter os serviços.

Fonte: Portal JH

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