Depois de visitar a avenida Ayrton Senna esta semana e constatar o dia a dia preocupante dos moradores da região, que vêm sofrendo com assaltos constantes,
a reportagem d’O Jornal de Hoje esteve nesta sexta-feira (23), nas Quintas, zona Oeste de Natal, e verificou que a situação por lá também não é das melhores. O pior de tudo é que a delegacia que funcionava no bairro (7ªDP), que deveria ajudar a diminuir a criminalidade, está fechada desde 2013 e virou depósito de lenha de uma padaria particular.
Por sugestão da Polícia Militar, a região que o JH esteve fica na rua Dr. Mário Negócio, na altura do Hospital Luiz Antônio, uma das unidades da Liga Norte-Riograndense Contra o Câncer. Ao lado de uma padaria está o prédio onde funcionava a 7ª DP. Em 2013, a Coordenadoria de Vigilância Sanitária (Covisa) interditou o local depois que foram constatadas deficiências na estrutura física do prédio, gerando insalubridade para os policiais e para população. Na época, o órgão alegou que existia muito mofo e o cheiro era quase “insuportável”, impossibilitando que alguém conseguisse ficar no local. Além disso, o risco de desabamento era alto. A reportagem tentou contato com o setor administrativo da Delegacia Geral da Polícia Civil (Degepol), mas não obteve sucesso.
Robimar Maciel, dono da padaria, disse que já foi vítima de bandidos que utilizaram o terreno e por isso resolveu tomar algumas medidas. “Já arrombaram aqui umas três vezes. Isso logo depois que nós fechamos. Também já assaltaram aqui duas vezes durante o dia. Ficávamos abertos até umas 21h, mas decidimos que era melhor fechar mais cedo. A situação aqui é ruim o dia todo, mas depois das 20h, a coisa fica ainda pior. Agora, o terreno da delegacia virou meu depósito. Coloquei alguns cadeados e fico com as chaves. Deixaram isso aí todo abandonado, então tive que fazer alguma coisa”.
Bem em frente à padaria tem uma parada de ônibus. Lá, os assaltos também acontecem durante todo o dia. “Eu já fui assaltada duas vezes. Em uma levaram meu celular e na outra vez, umas duas semanas depois da primeira, os bandidos levaram um cordão de ouro que eu tinha. Agora eu procuro andar só com o necessário mesmo e sempre que posso, peço para o meu irmão ficar esperando o ônibus comigo. Sei que não adianta muito”, relatou a estudante Mayara Silva.
Um taxista que trabalha em um ponto nas proximidades afirmou que nesta semana ele passou um verdadeiro sufoco nas mãos dos bandidos. “Os dois bandidos entraram no táxi, se fingindo de passageiros e seguimos caminho. Isso foi por volta das 12h. Rodamos por um bom tempo e, nas proximidades do Midway, um colocou a faca no meu pescoço e o outro na minha barriga e anunciaram o assalto. Rodamos por quase toda a Natal, até que eles decidiram me soltar na Roberto Freire. Eles levaram a chave do carro e me deixaram dentro, trancado. Levaram vários objetos e mais de R$ 200, que eu tinha apurado no dia”.
O taxista, que não quis se identificar, disse que pretende abandonar a profissão. “Eu não quero mais trabalhar nisso não. Estou juntando um dinheiro para comprar um outro táxi e colocar o pessoal para trabalhar para mim. Não tenho mais idade para isso não. O sufoco que eu passei foi muito grande. Dessa vez eu tive sorte, mas quem sabe o que pode acontecer de uma próxima vez? Prefiro largar tudo e continuar vivo”.
Com ruas estreitas, os arredores do Hospital Luiz Antônio proporcionam o ambiente ideal para a ação dos criminosos. Na rua Alípio Bandeira, uma médica foi vítima de um assalto nessa quinta-feira (22), em plena luz do dia. Imagens de uma câmera de segurança mostram um suspeito abordando profissional da saúde e pegando o celular dela. Em seguida, ele sai andando tranquilamente. Em 2013 o local também foi palco de um sequestro relâmpago. Uma outra médica que estava chegando para trabalhar foi abordada por três homens que a levaram dentro do próprio carro da vítima. Ela só foi liberada, aproximadamente uma hora depois, já na Ponte de Igapó. O veículo foi abandonado pelos criminosos no Vale Dourado, na zona Norte de Natal.
Fonte: Portal JH
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