O ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi preso preventivamente por policiais federais na madrugada desta quarta-feira (14) ao desembarcar
de Londres, no aeroporto internacional do Galeão, no Rio de Janeiro. Ele estava na Inglaterra desde dezembro.
Cerveró foi diretor da área entre 2003 e 2008, e, como tal, esteve à frente da compra dos 50% iniciais da refinaria de Pasadena, no Texas, em 2006. Segundo o TCU (Tribunal de Contas da União), o negócio gerou perdas de US$ 792 milhões à estatal.
À Folha, o advogado de Cerveró, Edson Ribeiro, afirmou não saber "a fundamentação da decretação da prisão preventiva".
"Não vejo motivos para sua prisão, uma vez que comuniquei à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal sua viagem e seu endereço no exterior", disse Ribeiro.
O advogado afirmou que, quando tiver acesso ao decreto da prisão preventiva, entrará com pedido de habeas corpus.
"Nestor sempre se colocou à disposição de toda e qualquer autoridade, prestando, sempre, os esclarecimentos que lhe questionavam", disse o advogado.
Cerveró assinou o resumo executivo classificado como "falho" pela presidente Dilma Rousseff, quando ela justificou seu voto favorável à compra da refinaria, em março de 2014.
A Petrobras acabou brigando com o grupo belga Astra, de quem era sócio na refinaria. Uma disputa judicial entre ambos arrastou-se entre 2009 e 2012, quando a estatal foi obrigada a comprar os outros 50% no negócio.
ACUSADO
Em dezembro passado, o juiz federal Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, acolheu denúncia do Ministério Público Federal e mandou abrir uma ação penal contra Cerveró pelas acusações de corrupção e lavagem de dinheiro.
De acordo com o despacho do juiz, a denúncia encaminhada ao Judiciário pelo Ministério Público Federal descreve contratos fechados pela Petrobras mediante propina.
Um dos casos, por exemplo, narra que, "em julho de 2006, Julio Camargo, agindo como representante do estaleiro Samsung Heavy Industries Co, da Coreia, logrou conseguir junto à Petrobras que a empresa em questão fosse contratada para o fornecimento de um navio sonda para perfuração de águas profundas (Navio-sonda Petrobras 1000)".
O contrato teria sido obtido "mediante o pagamento de vantagem indevida de US$ 15 milhões a Cerveró, então diretor Internacional da Petrobras, com a intermediação de Fernando Soares".
Em depoimento prestado à CPI da Petrobras, no Congresso Nacional, Cerveró negou as acusações.
À época da denúncia, o advogado Edson Ribeiro falou que "Nestor nega veementemente a prática desses crimes". O advogado disse que a contratação das sondas questionada pelo Ministério Público "foi aprovada de forma colegiada pelas diretorias da Petrobras".
Indagado sobre os papéis que documentam essa decisão, Ribeiro disse que iria buscá-los na Petrobras por meio judicial, já que Cerveró não guardou cópia da decisão. "As contratações foram legítimas e regulares", disse o advogado.
Fonte: Folha de São Paulo
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