Uma selfie com celular em frente ao espelho ilustra o perfil no Facebook. Sem camisa, cordão dourado, o homem, fã de Racionais MC’s e de perfume importado, diz
ser um “aquariano encantador” e se esforça para fazer jus ao rótulo. Particularmente afável com as mulheres, faz a linha sedutor: “Se você quer romance, compre um livro. Se quer felicidade, vem me ver de novo”.
O perfil na rede social poderia ser de um jovem qualquer, mas é de um homem que cumpre pena por homicídio na Penitenciária Coronel Odenir Guimarães, a maior do Estado de Goiás, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia. A unidade abriga presos em regime fechado.
Dos 46 amigos que tinha no Facebook, 45 eram do sexo feminino. A exceção fica por conta do filho, ainda criança, com quem o detento se comunicava. Enquanto este texto era escrito, no início da tarde de ontem (15), o perfil foi excluído.
Nas mais de 20 fotos postadas na rede social, o detento ostenta roupas de marca e bens, como celulares, videogame, geladeira, televisor, som; eletrônicos que fazem do lugar uma espécie de “cela vip”.
O preso, que se apresenta com o sugestivo apelido de “Rolleta Russa”, gosta de interagir na rede social, cujo perfil foi criado em agosto de 2013. No dia 31 de outubro daquele ano, uma das amigas elogiou a cela equipada dele: “Cafofo massa”. E o jovem respondeu: “Um pouco de privacidade, né?!”
Em outra postagem, ele se declarou para o filho: “Te amo, rapaz”. Uma das usuárias endossou: “Lindo, lindo. Parece com você”.
Em uma das fotografias, é possível ver três aparelhos celulares. A ousadia e a certeza da impunidade são tão grandes que o preso posta dois números de telefone e convida as amigas virtuais para conversar via WhatsApp. A reportagem ligou para os dois, mas um deles está programado para não receber mensagens. Já o outro, depois de chamar, caiu na caixa postal.
Em uma das postagens, o preso citou a letra de um funk do Menor da Chapa para dar seu recado: “Eu sou patrão, não funcionário. Meu estilo te incomoda. Só pego as melhores e ando sempre na moda”.
Em nota, a Seap (Superintendência da Administração Penitenciária) de Goiás afirma que não permite esse tipo de comportamento: “diante do fato mencionado, a instituição abrirá, imediatamente, sindicância via Corregedoria para apurar responsabilidades de servidores sobre a entrada do aparelho celular utilizado pelo preso que aparece nas fotos”.
Quanto ao detento, a Seap afirmou que a direção da Penitenciária Coronel Odenir Guimarães realizou, na tarde desta quinta-feira (15), “operação de revista nas celas da Ala onde ele está alojado e o retirou da cela, em cumprimento de sanção disciplinar, tendo sido isolado sem direito a visita e banho de sol restringido, tendo o fato registrado em prontuário para conhecimento também do Judiciário”.
Ainda na nota, o órgão diz que “a entrada de objetos ilícitos nas unidades prisionais é uma luta constante da gestão prisional e ocorre principalmente por meio de visitantes. Nesse sentido, para reforçar a segurança a administração penitenciária goiana realizou licitação para compra de novos bloqueadores de celular e quatro Body Scann (scaner humano), em fase de cumprimento do cronograma de entrega pelas empresas vencedoras do processo licitatório, entre outros equipamentos de segurança que já começaram a ser entregues às unidades prisionais”.
Por fim, a Seap destaca que, no Inciso V do Artigo 17, a lei diz que é permitido que os detentos tenham “acesso a rádio e televisão, de uso coletivo, fornecidos pelo estabelecimento, ou de uso individual de sua propriedade. Com base na legislação, a administração penitenciária em Goiás elaborou uma normativa que regula o que é permitido.
“A normativa é resultado de decisão conjunta da administração penitenciária com o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. O Ministério Público de Goiás também foi ouvido em tratativas sobre o assunto”, completa o texto.
Fonte: R7
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