Três ônibus foram incendiados na manhã desta terça-feira (23) durante a reintegração de posse em um terreno invadido por sem-teto que pertence à Universidade
de São Paulo (USP), segundo a Polícia Militar. A área, que fica perto do Hospital Universitário, no Butantã, na Zona Oeste da capital, foi invadida por um grupo de sem-teto no sábado (20). Houve confronto entre policiais e manifestantes que tentavam bloquear a Avenida Corifeu de Azevedo Marques. Uma guarita da universidade também foi atacada por vândalos. Ao menos 50 pessoas participaram de todo o quebra-quebra. Eles foram contidos por 115 policiais militares.
A São Paulo Transporte (SPTrans) informou que, os ônibus foram queimados por volta das 9h dentro da Cidade Universitária. Os veículos circulavam na Rua Professor Almeida Prado quando houve o vandalismo. Os ônibus pertencem às viações Gato Preto e Sambaíba e faziam as linhas 701U (Butantã USP/Santana) e 702U (Butantã USP/Parque Dom Pedro).
A PM informou que a reintegração de posse começou por volta das 6h50 no terreno que fica na Rua Baltazar Rabelo, ao lado do Hospital Universitário. Perto das 11h, a reintegração terminou com a retirada de 40 pessoas que haviam invadido o terreno.
Entre os invasores, havia moradores da favela São Remo. Segundo testemunhas ouvidas pelo G1, por volta das 8h, manifestantes foram até a Avenida Corifeu de Azevedo Marques com colchões e entulhos para tentar bloquear a via.
Eles foram impedidos pela PM e houve confronto. A corporação informou que os manifestantes passaram a atirar pedras e rojões contra os policiais, que revidaram com bombas de efeito moral. Segundo a polícia, algumas pessoas portavam armas de fogo, mas não houve disparos. Os policiais não confirmaram se usaram balas de borracha para conter o grupo.
Depois disso, os manifestantes entraram na universidade por uma passagem entre a favela e o campus e os três ônibus foram incendiados, segundo testemunhas. Policiais do Batalhão de Choque, então, entraram na São Remo em busca dos responsáveis pelo vandalismo. Até as 11h30, ninguém havia sido preso.
A situação continuava tensa na região por volta das 11h50. Era possível ouvir explosões perto de uma porta que liga o campus da USP à favela. Segundo testemunhas, um grupo tentou atacar com rojões uma guarita com seguranças da universidade que fica nesta passagem. A PM foi chamada e usou bombas de efeito moral contra os manifestantes.
O grupo teria usado álcool para tentar queimar a guarita, mas não chegou a colocar fogo. Um guarda universitário diz que os manifestantes chegaram a jogar o líquido nos pés dele.
Segundo a PM, 115 policiais, incluindo 91 integrantes do Choque, foram para a região. O comandante da operação, tenente-coronel Érico Hammer Schmidt Júnior, disse que cerca de os adolescentes e adultos que praticaram os atos de vandalismo estão sendo procurados. O comandante afirmou que os policiais irão continuar na região durante esta terça-feira.
A USP informou, em nota, que entrou com o pedido de reintegração de posse “com a responsabilidade de manter a integridade dos espaços que compõem o patrimônio da universidade, incluindo a área desocupada necessária para as suas atividades”. A universidade “reconhece a gravidade dos problemas sociais e habitacionais da população” da favela São Remo. E que “participa do desenvolvimento de ações de reurbanização", em parceria com os governos municipal e estadual.
A Rua Professor Almeida Prado, onde os ônibus foram queimados, ficou bloqueada durante toda a manhã e os coletivos que circulavam pela região precisavam fazer o retorno na Rua Afrânio Peixoto. Não há previsão para a via ser liberada.
Montagem de barracos
Segundo lideranças dos sem-teto, 600 famílias haviam sido cadastradas no terreno que foi invadido. O grupo tentava negociar com a USP um destino para a área ocupada. O G1 não conseguiu localizar os representantes dos invasores para comentar a reintegração desta terça-feira.
Na segunda-feira, o ajudante de pedreiro Gilvan Costa tinha dito que morava na favela do Jardim São Remo, mas resolveu montar seu barraco na área da USP. “Eu moro de aluguel, e todo mês eu pago R$ 500 de aluguel e trabalho. Não sobra nada, né?”, disse.
A líder do movimento tinha falado que famílias da região participam da invasão. Segundo Maiara Santos, metade dos invasores era de funcionários terceirizados da USP. “Esse terreno está vazio há muitos anos. Que utilidade tem para eles? Nenhuma."
A dona de casa Katiane Costa também tinha erguido seu barraco na invasão. Ela passou o fim de semana com o marido e os três filhos. “Não importa que seja grande ou pequeno, nos queremos só o nosso cantinho”, disse Katiane.
Fonte: G1
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