Filho de uma evangélica, Sailson José das Graças, de 26 anos, o Monstro de Corumbá, perdeu o pai de forma trágica no início da
adolescência, aos 11 anos: eletrocutado num acidente de trabalho. No entanto, segundo o acusado, não foi a dor da perda que o fez virar um suposto assassino em série. “Me marcou muito, mas não foi por isso que matei. Comecei a fazer pequenos furtos. Com 17 anos matei a primeira pessoa, deu aquela adrenalina. Aí foi vindo na mente de fazer mais e passei a gostar”, afirmou o preso.
Antes de escolher e seguir suas vítimas, o criminoso dizia para sua companheira, Cleusa, que iria “sair para a caçada”. E detalhou como planejava as mortes. “Olhava para uma mulher e falava: ‘É essa’. Ia seguindo até em casa, mas nunca estuprei ninguém.”
O assassino contou aos policiais que estudou até o quinto ano e que gostava de ler livros na biblioteca da prisão, especialmente no presídio de Niterói, onde já cumpriu pena e disse ter gostado do ambiente. Assistir filmes e séries policiais e de violência explícita era outro de seus passatempos preferidos, tanto que disse ter usado técnicas aprendidas nestes programas para não deixar vestígios durante os crimes, como o uso de luvas, toucas ninja. Ele ainda contou ter cortado as unhas das vítimas quando houve luta corporal. Em seu perfil numa rede social, a predileção por mulheres fica evidente: das 51 pessoas com quem mantinha contato, apenas três eram homens.
Ele contou que não temia ser preso. “Só matava mesmo por prazer. Matava, ficava lá um pouco e depois saía. Mas quando não fazia, ficava nervoso, andava para lá e pra cá dentro de casa. Aí quando eu fazia eu já ficava mais tranquilo. Fazia uma vítima e podia ficar mais dois meses, três meses sem fazer. Aí eu ficava na boa, só pensando naquela que eu matei”, revelou Sailso, sem demonstrar remorso. “Tudo o que fiz está feito e não volta atrás. Eu não tenho nenhum arrependimento.”
Vítima levou 12 facadas
A prisão do assassino fez com que uma vítima que sobreviveu ao ataque tivesse coragem de denunciá-lo. Ontem, C, de 21 anos, filha do também preso José Messias, disse que Sailson a esfaqueou 12 vezes na noite de 8 de setembro. Ela ficou internada no CTI de um hospital da Baixada e só conheceu o agressor depois de receber alta. Ao ir na casa do pai, reconheceu Sailson. Ela nunca contou sobre o crime por medo.
A moça contou que foi pega na porta de casa e que o crime teria sido cometido a mando de Cleusa, que queria ficar com o filho da vítima, de 2 anos. “A facada que ele deu no meu peito, jorrou sangue longe. Fiquei duas horas num matagal até ser encontrada e socorrida. Ele disse que não era assalto, que eu iria morrer. Se não morresse, faria o mesmo com meu filho”, lembrou a jovem.
Comida e dinheiro pelos crimes
Sailson admitiu ter cometido quatro crimes a mando de Cleusa, com quem dividia uma casa no bairro Corumbá. José Messias, também preso, teria participado apenas da morte de Fátima. Além dela, Paulo Vasconcelos, 52, foi morto em 2011, no bairro Amaral, em Nova Iguaçu, por causa de uma dívida de R$ 40. Francisco Carlos Chagas, 49, foi assassinado a facadas, em Corumbá, também em Nova Iguaçu, em 23 de outubro. A morte teria sido encomendada por Cleuza pelo roubo de um celular.
Raimundo Basílio da Silva, 60, foi executado dia 30 de novembro, em Santa Rita. As mortes seriam por vingança de Cleusa que, em troca, sustentava o assassino com roupas, comida e dinheiro. O delegado Marcelo Machado disse que outras pessoas estariam marcadas para morrer. “Ele contou que teria lista para matar na próxima semana, a mando da Cleusa”.
Cedo para traçar perfil
Apesar da chocante confissão dos crimes, o psiquiatra forense Guido Arturo Palombo alerta que é preciso cautela. Segundo o especialista, é muito cedo para se traçar um perfil do acusado ou classificá-lo como assassino em série. “Tem que ver se ele realmente está envolvido. O fato de ele anunciar isso, não significa que matou. Um psicopata age sozinho e não em troca de dinheiro, por exemplo. Quem faz isso é assassino de aluguel, o que existe muito na Baixada”, ressaltou.
O titular da DHBF, Pedro Medina, não descarta nenhuma hipótese. “Não sabemos se matou todos, mas não vejo nele o perfil de quem quer aparecer na mídia. Tudo leva a crer que ele realmente cometeu os crimes por conta dos detalhes contados durante o depoimento”, afirmou.
Fonte: Portal JH
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