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domingo, dezembro 14, 2014

Retroescavadeira é usada para aterrar 'caverna' feita no maior presídio do RN

'Caverna' descoberta na Penitenciária de Alcaçuz, RN, está sendo fechada com areia, pedras e concreto (Foto: Divulgação/Coape)A 'caverna' de 15 metros quadrados - escavada por presos sob o piso de um dos pavilhões da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte - já está
sendo aterrada. Neste sábado (13), uma retroescavadeira foi enviada á unidade para empurrar areia e brita para dentro do buraco. Algumas passagens da galeria, que possuíam aberturas para o interior das celas, foram concretadas. "Devemos concluir o serviço ainda neste domingo (14)", afirmou agente penitenciário Ivo freire, diretor da unidade. A estrutura, que segundo o diretor seria usada para a maior fuga da história da penitenciária, foi descoberta na manhã do dia 9.
O custo da obra, no entanto, ainda não foi calculado.  Ao G1, Ivo Freire disse que a areia utilizada no aterramento está sendo retirada da própria penitenciária. “Areia é o que mais temos aqui, uma vez que Alcaçuz encontra-se sobre uma região de dunas. As britas foram trazidas por caminhões. Usamos o trator para escavar uma passagem no lado de fora do pavilhão, por onde a terra e as pedras estão sendo empurradas parta dentro do buraco”, explicou o diretor.
Alcaçuz fica no município de Nísia Floresta, na Grande Natal. Com mais de 900 presos, é a maior unidade prisional do Rio Grande do Norte. No Pavilhão 1, onde a caverna foi descoberta, está parte dos presos investigados na Operação Alcatraz, deflagrada no início do mês e que aponta a existência de facções ditando regras e comandando crimes a partir de presídios do Rio Grande do Norte.
Ainda de acordo com o Ivo, os presos do pavilhão devem ser retirados das celas no início da próxima semana para que uma revista seja realizada no local. O objetivo, segundo ele, é encontrar o túnel principal, abertura inicial feita pelos presos que realizaram a escavação da caverna.

Galeria encontrada nesta terça-feira (9) no Pavilhão 1 de Alcaçuz possibilitaria a maior fuga da história da unidade, afirmou a direção (Foto: Divulgação/Coape-RN)

Trabalho de anos
De acordo com o juiz Henrique Baltazar, titular da Vara de Execuções Penais do estado, até a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) chegou a ser chamada para tentar localizar a caverna. "Faz tempo que tentava-se descobrir onde estava. Foi um trabalho de anos. Há registros de detentos que morreram soterrados nos últimos anos justamente no Pavilhão 1", revela Baltazar.


Um vídeo gravado pelos agentes penitenciários (veja ao lado) mostra que a galeria possui diversas passagens, de diferentes tamanhos, para serem usadas pelos presos. Os túneis, segundo Baltazar, vêm das celas ou levam para o lado de fora. O juiz explica que os presos cavam túneis menores até a galeria maior e de lá fazem novas escavações para chegar na área externa da penitenciária.
Ainda segundo o magistrado, havia uma grande fuga programada para este fim de ano em Alcaçuz. "A ideia dos presos era realizar uma fuga em massa. Conversamos bastantes com os órgãos sobre essa segurança externa. É preciso colocar a Polícia Militar para cumprir esse papel. O pessoal do sistema prisional faz o possível. Com o trabalho de inteligência e denúncias foi possível evitar, mas todo fim de ano a gente sabe que acontecem grandes tentativas de fuga", conta o juiz.
Maior fuga da história
A maior fuga da história da Penitenciária Estadual de Alcaçuz aconteceu no dia 20 de janeiro de 2012. Ao todo, 41 detentos escaparam das celas, que estavam sem cadeados, e passaram por cima do muro do chamado Pavilhão 5 da unidade, onde hoje funciona o Presídio Estadual Rogério Coutinho Madruga.

Quando inaugurado, em dezembro de 2010, o pavilhão era considerado de segurança máxima. Dos que escaparam, 28 foram recapturados e 9 morreram em ações criminosas. Quatro continuam foragidos.

Túnel
Na última quarta-feira (3), uma revista realizada no Pavilhão 4 de Alcaçuz encontrou um túnel na quadra usada pelos detentos para o banho de sol. Na ocasião, o diretor da penitenciária explicou que os presos utilizaram sacos de areia e o próprio piso de pedra da quadra para esconder o túnel. "Fizeram um corte naquele espaço e camuflaram com pedras. O local é usado pelo menos quatro vezes por semana para banhos de sol e visitas íntimas. São momentos em que os presos sabem que não há uma segurança mais enérgica", ressalta o diretor. Freire acredita que vários detentos se revezaram para cavar o túnel.
Alcaçuz
Alcaçuz foi inaugurada em 1998. Quando erguida, chegou a ser considerada pelo Estado como unidade de segurança máxima. Em 2012, a unidade passou dois meses interditada por condições degradantes de estrutura.

Presos usaram sacos de areia e piso para cobrir túnel no Pavilhão 4 de Alcaçuz (Foto: Divulgação/Sejuc-RN)

Fonte: G1

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