O 2º Encontro sobre Ensino de Música para Pessoas com Deficiência Visual começou nesta quarta-feira (3) na Escola de
Música da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Além da programação de mini-cursos e palestras, haverá atrações como o pianista português Jorge Gonçalves, que fará um concerto comentado.
Nesse evento, Gonçalves não será o único artista cego a conduzir um espetáculo musical. Logo na abertura do encontro, o grupo Esperança Viva cantou e tocou canções populares para o público. Projeto de extensão da Escola de Música da UFRN, o grupo é composto por 18 pessoas com deficiência visual. “Hoje temos entre três ou quatro querendo fazer o vestibular para Música”, disse a coordenadora do evento, a professor Catarina Shin.
Um deles já conseguiu. Jessé José de Araújo, de 33 anos, entrou para a licenciatura em música no segundo semestre deste ano. Ele iniciou sua história com a música em 2011 com uma oficina de flauta. No ano seguinte, por meio de um amigo, ele chegou ao grupo Esperança Viva.
A influência da música foi tão forte que agora ele almeja fazer um mestrado na área e se aprofundar na carreira acadêmica. “Antes, o meu objetivo era entrar na universidade para fazer Direito, mas a música me conquistou literalmente”, disse. Essa mudança de objetivo foi apoiada pela família. “A minha família em apoiou até porque eles percebiam que eu tinha esse lado para a música”, acrescentou.
Um dos maiores desafios, inclusive alvo da discussão do Encontro, é a preparação das instituições para receber alunos com algum tipo de deficiência visual. “A dificuldade sempre há, mas alguns professores estão se preparando melhor”, avaliou Jesse.
De acordo com a coordenadora do evento, a professora Catarina Shin, há três professores devidamente capacitados para atender essa especificidade. Ainda segundo ela, no processo inicial de musicalização não é preciso usar o sistema Braile de leitura. Mas com o aprofundamento dos conhecimentos do aluno, o sistema tornar-se um suporte fundamental.
“O Braile é importante que ele tenha sua independência musical. Depois que ele atinge certo nível, ele precisa ler partituras, interpretar, compor”, comentou a professora. Além da preparação de professores, o curso de licenciatura em música da UFRN possui duas disciplinas de musicografia em braile. Ambas são da grade optativa do curso.
O Encontro vai até o dia seis e pretende atrair alunos de música, profissionais da área e afins, sejam cegos, tenham visão parcial ou não. “Ninguém precisa ter medo do braile, estamos aqui para ajudar a todos, os profissionais e as pessoas com deficiência visual”, finalizou a coordenadora do evento.
Leis
A lei que prevê a impressão das contas de energia elétrica, água, telefone e IPTU teve o veto derrubado pela Câmara Municipal de Natal. “Esse projeto visa nos garantir a independência, nos dá cidadania, dignidade e autoestima. De forma sensata e democrática derrubou o veto e nos garantiu essa cidadania. Essa derrubada do veto foi um prêmio à democracia”, classificou Ronaldo Tavares, presidente da Sociedade dos Cegos do Rio Grande do Norte (Socern).
A justificativa usada para vetar o então projeto de lei pela Prefeitura de Natal foi a geração de “ônus ao erário”. “O erário público é quem tem débito conosco. Um débito de cidadania e inclusão social”, argumentou o presidente da Socern. Segundo ele, as empresas terão 180 dias para se adaptar à nova lei e oferecer o serviço para as pessoas cegas. Mas a luta não para por aí. O líder da entidade também quer outros serviços que parecem de simples solução, mas que são frequentemente negados. “Nós não aguentamos mais chegar num restaurante e pedir para o garçom ler o cardápio pra gente. Que país é esse que não garante o acesso à informação para seus filhos?”, questionou.
Fonte: Portal JH
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