Há cinco meses no ar, a novela “Império” já tem um grande mérito: ter levantado a moral do horário nobre da Globo. Sua audiência na Grande São Paulo segue boa. Não
tem um excelente Ibope, como a última do autor Aguinaldo Silva, “Fina Estampa” (de 2011-2012). Nem é um fenômeno de repercussão, como “Avenida Brasil” (de 2012). Mas, em alguns aspectos, “Império” é superior aos folhetins que vieram depois: “Salve Jorge”, “Amor à Vida” e “Em Família”. Todavia, é lógico que as antecessoras não são parâmetro para justificar ou compensar os problemas de “Império”.
Pode-se reclamar de tudo da trama de Aguinaldo. Menos dos erros crassos de roteiro e direção de “Salve Jorge”, do texto pobre de “Amor à Vida” ou do marasmo de “Em Família”. “Império” é uma boa novela. Mas seria melhor se a trama central fosse mais poderosa, daquelas de perder o fôlego, que prendem o telespectador, que fazem com que o público não fique sem perder um capítulo. O barraco familiar envolvendo Cora e o clã do Comendador (neste sábado, 13/12) pode ter passado batido para muitos. Mas, fisgar o espectador diariamente é uma tarefa cada vez mais difícil nos dias de hoje. Nós, o público, estamos mais e mais exigentes. O arroz com feijão diário já não é mais o suficiente para agradar.
O autor vai cozinhando uma trama aqui e outra ali, enquanto outra ganha os holofotes. Em meio a isso, destacam-se ótimos atores em suas performances. Nos últimos capítulos, vimos Marjorie Estiano substituir Drica Moraes no papel de Cora – duas excelentes atrizes em uma personagem complexa. Já reclamei AQUI que a Cora entregue não era a que havia sido vendida. Mas, a expectativa frustrada é compensada por uma personagem que vai se revelando mais densa. Sinceramente, espero que a Cora de Marjorie traga de volta a sobriedade amarga que a atriz deu à personagem na primeira fase. Muito mais interessante que a Cora cômica que solta pum – como já vimos Aguinaldo obrigar Drica Moraes a fazer.
Zezé Polessa e Tato Gabus também tiveram, nos últimos capítulos, sequências dignas de nota. O casal trambiqueiro, que parecia raso, ganha profundidade com a interpretação dos atores. Suzy Rêgo e José Mayer também têm seus grandes momentos. Alexandre Nero, Lília Cabral, Leandra Leal, Paulo Betti, Aílton Graça, Othon Bastos, Elizângela… “Império” tem um ótimo elenco, bem dirigido, com o bom texto de Aguinaldo, sempre com uma pegada popular. Talvez este seja o maior trunfo da novela: a união do bom texto do autor com a boa direção (núcleo de Rogério Gomes) e o elenco. Só falta a trama parar o Brasil. Isso ainda não aconteceu.
Fonte: Uol
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