O Fantástico mostra a história da Beatriz, de 10 meses. A Bia nasceu com apenas 345 gramas e enfrentou uma batalha
complicadíssima pela vida.
Dentro de cada incubadora de uma maternidade em São Paulo, um pequenino luta pela vida. São prematuros de baixo peso, nascidos antes de estarem completamente formados na barriga da mãe.
Alguns têm menos de um quilo e dependem dos aparelhos para sobreviver. Um entre esses chamou a atenção: a Beatriz. Ela está entre as menores recém-nascidas de que se tem notícia no Brasil.
O pediatra Allan Chiaratti foi quem cuidou da bebê durante os dez meses em que ela ficou no hospital. E a Bia foi guerreira, enfrentou batalhas, dia após dia. "O primeiro contato que eu tive com a Beatriz, na incubadora, eu me assustei. Porque ela era muito pequena”, conta.
Ela nasceu quando ainda estava no sexto mês de gestação, com 345 gramas.
Daniela Zanetti Bucci: Foram momentos muito difíceis.
Fantástico: Você conseguiu segurar a sua filha na hora que ela nasceu?
Daniela: Não. Eu nem vi minha filha quando ela nasceu. Eu tenho a ficha de nascimento dela. O pezinho dela é do tamanho da minha digital. Essa aqui é a fraldinha que foi desenvolvida para ela quando ela já estava com 500 gramas, muito pequenininha em comparação ao que ela usa hoje.
Com três semanas de vida, Beatriz passou por uma cirurgia no coração. E não parou por aí.
“Um dia, tinha que fazer alguma coisa pelo coração. No outro dia, fazer alguma coisa pelo pulmão. No outro dia, era fazer alguma coisa pelo rim”, conta o pai, Fernando Augusto Bucci.
Foram dias difíceis, e a participação da família é fundamental para a melhora do prematuro.
“A mãe tem a ideia de um bebê de 3 quilos, gordinho, bochechudo. Então, ela transformar esse bebe idealizado e aceitar que o prematuro é aquela criança no futuro e participar do desenvolvimento da criança dentro da UTI é fundamental”, destaca o pediatra.
“Há dez anos, um bebê, por exemplo, de meio quilo praticamente você não tinha uma sobrevida. Um acaso aqui, um acaso lá”, destaca Edineia Lima, chefe da UTI neonatal do hospital.
Hoje, novas técnicas trazem mais chances para esses bebêzinhos. “A gente já está com nível alto, 80%, 90% de sobrevida excelente. Então, a gente quer que eles tenham uma sobrevida sem sequelas, para terem uma vida futura adequada”, conta a chefe da UTI neonatal.
Há 12 dias, depois de dez longos meses, Beatriz teve alta e está em casa. Gordinha, nem parece que nasceu tão pequena.
A mamãe Daniela não sai de perto do berço. A menininha tem que ficar o tempo todo ligada a um tubo de oxigênio para respirar e usa sonda para se alimentar. Ela ainda não sabe engolir.
Fantástico: Você está mais tranquila agora? A sua filha em casa.
Daniela: É outra vida. Agora, com ela em casa, eu agora me sinto mãe verdadeira. eu que cuido, eu que alimento, eu que dou carinho a hora que eu quero. Posso pegar a hora que eu quero.
O Fantástico foi até a cozinha da Daniela para mostrar como era impressionante o peso da Beatriz ao nascer. Imagina um bebezinho que nasça pesando o mesmo que uma latinha de leite condensado. Pois a Beatriz, quando nasceu, pesava 345 gramas, quase 100 gramas a menos do que a lata do vídeo acima.
“Hoje ela pesa em torno de 6 quilos e 400 gramas. Ela está aproximadamente 18 vezes o tamanho que ela nasceu”, conta a mãe da Bia.
Com tanta atenção para a Beatriz, o irmãozinho Augusto, de 4 anos, fica com ciúmes. E quem segura a barra é o papai. “Nós nos desdobramos em mil com o Augusto, escola dele”, conta o pai.
O Fantástico acompanhou a primeira consulta da Beatriz depois da alta. O doutor Allan teve que ir à casa dela, porque a neném ainda não pode sair.
Pediatra: Como você está? O que que aconteceu? Me conta tudo agora.
Fantástico: Está tudo bem, doutor? Está gripadinha?
Pediatra: Está gripadinha.
Fantástico: Mas no resto, ela está muito bem, não é?
Pediatra: Está sim, ganhou peso depois da alta.
Fantástico: Agora, você está conseguindo sorrir, não é. Daniela?
Daniela: Agora é mais fácil sorrir. Na verdade, cada vitória que ela tinha, que ela conquistava, a gente conseguia sorrir. Porque a gente sabia que, por menor que fosse a vitória, para ela, era muito.
Durante a visita, Daniela lembra de quando viu o doutor Allan pela primeira vez, em um momento crítico no hospital, três dias depois do nascimento de Beatriz.
“Ele subiu para falar comigo, que ele estava na casa dele e não tinha paz, enquanto não soubesse que a minha filha estava estável e que ele estava naquele momento no meu quarto para dizer que ele conseguiu estabilizá-la. Isso é indescritível, porque o respeito pela dor de uma mãe e a entrega pelo que faz, faz toda a diferença para a vida de um bebê prematuro”, conta Daniela.
Pediatra: É o menor bebê que eu tinha cuidado. Tinha uma preocupação constante com a Beatriz.
Fantástico: O senhor acaba fazendo parte da família?
Pediatra: Vira uma amizade muito próxima.
O alívio para essa família está vindo aos poucos, mas ter a filha em casa já foi uma vitória.
"Não foi só a Bia que renasceu a tudo. Acho que a nossa família foi uma família que se reinventou. A nossa história foi reescrita a partir do nascimento dela", comemora Daniela.
Fonte: Fantástico
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