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domingo, novembro 30, 2014

Policial que matou jovem negro em Ferguson pede demissão

O policial Darren Wilson, que atirou em no jovem negro Michael Brown, causando sua morte, em foto divulgada pela promotoria de St.Louis nesta segunda-feira (24) (Foto: St. Louis County Prosecuting Attorney's Office/AP)O policial branco Darren Wilson, a quem um júri decidiu não acusar pela morte do jovem negro Michael Brown em Ferguson (EUA), anunciou neste sábado (29) em carta sua renúncia ao cargo, que será efetiva "de forma
imediata", segundo a agência de notícias EFE. Brown foi morto em agosto deste ano por Wilson. O jovem, que tinha 18 anos, foi baleado após roubar um maço de cigarros em um supermercado.
Na segunda-feira (24), o júri que analisou o caso divulgou sua decisão de não acusar Wilson, de 28 anos, pela morte de Brown no subúrbio de Saint Louis (Missouri).
Na carta, divulgada por um de seus advogados, Wilson diz que sua renúncia como policial de Ferguson se deve ao fato de que ele não "ponha em risco" aos residentes e aos outros policiais da cidade.
"Esperava continuar com meu trabalho como policial, mas a segurança dos outros agentes e da comunidade é de suma importância para mim", diz a carta. "Por razões óbvias, queria esperar até que o júri tomasse sua decisão para tornar oficial minha decisão de renunciar", explicou Wilson. Ele diz que ainda que espera que sua saída da polícia permita aos habitantes de Ferguson "curar" as feridas abertas pela morte de Brown.
No dia seguinte à decisão do júri que o livrou das acusações, Wilson deu uma entrevista à ABC News afirmando que tem "a consciência limpa" em relação ao caso. "A razão para ter a consciência limpa é que sempre agi da maneira correta", disse ele ao canal de televisão americano, em sua primeira entrevista sobre o incidente. Perguntado se teria reagido da mesma forma caso Brown fosse um jovem branco, Wilson respondeu "sim, sem qualquer dúvida". O policial destacou que Brown era "um homem forte" e que poderia matá-lo.
Em nota enviada à imprensa, a família de Brown afirmou que ficou "desapontada" com a decisão do júri. "Estamos profundamente decepcionados de que o assassino do nosso filho não tenha que sofrer as consequências de seus atos", informou a família de Brown, pedindo "respeitosamente que qualquer manifestação seja pacífica". "Juntem-se a nós em nossa campanha para que todo policial nas ruas desse país use uma câmera acoplada a seu corpo. Nós respeitosamente pedimos que vocês protestem pacificamente. Responder violência com violência não é a reação mais apropriada", diz o comunicado.
Lesley McSpadden e Michael Brown Sr., os pais do jovem, também deram uma entrevista no dia seguinte ao relato de Wilson. Nesta quarta-feira (27), à emissora CBS, a mãe de Michael Brown denunciou a "total falta de respeito" por seu filho. "Não acredito numa palavra sequer. Conheço muito bem meu filho. Jamais teria feito isso. Jamais provocou ninguém", explicou Lesley McSpadden ao programa "This morning".

Segundo o pai da vítima, o relato do policial é simplesmente uma loucura. "Em primeiro lugar, meu filho respeitava as forças de ordem. E, depois, que pessoa em sã consciência se atreveria a atacar um agente da polícia que tem uma arma na mão?", questionou na NBC.
Entenda o caso
A morte de Michael Brown, em 9 de agosto, gerou uma violenta onda de manifestações em Ferguson, especialmente por que Wilson, um policial branco, atirou ao menos seis vezes no jovem negro de 18 anos que, segundo testemunhas, estaria desarmado. Quase 70% da população de Ferguson é negra, mas as autoridades políticas e policiais são majoritariamente brancas.
De acordo com a polícia, Brown teria participado de um assalto a uma loja de bebidas pouco antes de ser baleado. Um vídeo do crime, em que o jovem supostamente aparece, chegou a ser divulgado.
Após semanas de violência nas ruas, a Guarda Nacional foi enviada a Ferguson para controlar os distúrbios. Na última segunda-feira (17), com o julgamento de Wilson já se aproximando de seu final, o governador declarou situação de emergência e autorizou forças especiais de segurança estaduais a apoiarem a polícia em caso de violência.
A ordem do governador também determinou que, em eventuais protestos, a responsabilidade seria do Departamento de Polícia do Condado de St. Louis, e não da polícia da cidade de Ferguson.

Fonte: G1

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