O Brinco de Ouro tem novo dono. Parceira do Guarani desde a aprovação do projeto imobiliário, há duas semanas, a Magnum
arrematou o estádio por R$ 44,4 milhões nesta quinta-feira à tarde, em leilão realizado na sede da Justiça Federal, em São Paulo. O empresário Roberto Graziano formalizou a oferta em meio à presença de outros dois grupos interessados (um de Jaboticabal e outro liderado por um sheik árabe), que ameaçaram conseguir o patrimônio e deixar o clube em situação crítica financeiramente. O valor será usado para quitar todas as dívidas trabalhistas do Bugre, processo que a própria Justiça tomará conta a partir de agora. Os credores, entre eles o ex-lateral-esquerdo Gustavo Nery, receberão quantia proporcional. No início da noite, o presidente do Conselho Deliberativo do Guarani, Paulo Souza, se posicionou contra o leilão e afirmou que estuda uma medida para tentar seu cancelamento.
A preocupação em perder o estádio nesta quinta-feira era tão grande que os dirigentes bugrinos foram logo cedo para a capital paulista. Atolado em dívidas, o clube conta com a Magnum, uma empresa do ramo de relógios e que tem investido no futebol, para se reerguer esportiva e financeiramente. Em campo, a parceria rendeu os primeiros reforços para a Série A2 do Paulista. Fora, o Guarani confia no projeto imobiliário, aprovado pela maioria dos sócios há duas semanas. Por isso, a garantia de que o Brinco de Ouro não iria parar nas mãos de alguém fora da parceria era fundamental para que o plano seguisse em tramitação na prefeitura de Campinas.
Nos bastidores, o presidente Horley Senna sabia que possíveis interessados iriam ao leilão desta quinta-feira para tentar o estádio. Por isso, o cartola requisitou a presença de Roberto Graziano, homem-forte da Magnum e seu amigo pessoal. O temor se concretizou quando empresários da cidade de Jaboticabal e pessoas ligadas a um sheik árabe fizeram os primeiros lances. A disputa, lentamente, durou até chegar aos R$ 44 milhões. Então, Graziano se levantou e formalizou a oferta final: R$ 44,450 milhões. Ninguém cobriu, para alívio dos bugrinos presentes ao pregão.
A quantia, segundo combinado entre clube e empresa em reuniões, é um adiantamento de tudo aquilo que vai ser investido na agremiação. De acordo com projeção apresentada pela Magnum aos sócios, em meados de novembro, o Guarani receberá 14% do valor do empreendimento (estimativa é de R$ 320 milhões) por todo o estádio. Com o pagamento dos R$ 44,4 milhões, o Bugre terá então R$ 276 milhões quando a prefeitura autorizar o projeto. Esse valor será usado para quitação de dívidas fiscais, tributárias e previdenciárias, todas negociáveis diretamente pelo clube. O que sobrar vai para a construção de uma arena multiuso, um Centro de Treinamento e uma nova sede social. Tudo será discutido em assembleia de sócios no futuro.
Parceiro do futebol do Guarani, Roberto Graziano impede futuros leilões do estádio Brinco de Ouro (Foto: Murilo Borges)
Com a posse do Brinco de Ouro, a Magnum pretende acelerar a negociação com a prefeitura de Campinas e ganhar fôlego para tocar o projeto imobiliário. Além disso, promete manter o acordo com o Guarani normalmente. O arremate do estádio serviu, segundo a empresa, para evitar novos leilões no futuro. Os pregões nunca são cancelados, o que indicava que o clube, aos poucos, perderia o patrimônio por um valor até menor do que os R$ 44,4 milhões de hoje. O Bugre pretende explicar os trâmites da negociação nos próximos dias.
Por outro lado, o Guarani recebeu uma sinalização positiva da administração municipal e está confiante que a venda do estádio, agora de maneira oficial, saia até o fim de 2015. O aval da prefeitura é fundamental para tocar qualquer obra de grande porte, como a demolição do Brinco de Ouro. Assim que tiver a aprovação, a Magnum terá liberdade para demolir o campo e construir o que pretende (hotel, centro de convenções, parque residencial e shopping). Nisso, o clube terá o dinheiro para quitar as dívidas de uma vez por todas e remontar seu patrimônio.
Fonte:Globo Esporte
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