O poeta Manoel de Barros morreu nesta quinta-feira (13), aos 97 anos, no Proncor de Campo Grande. Ele estava internado havia duas semanas e, durante esse
período, passou por uma cirurgia no intestino. Conforme boletim médico assinado pela médica Carmelita Vilela, o falecimento ocorreu às 8h05 (de MS).
Segundo o hospital, o poeta teve falência de múltiplos órgãos. O diretor-executivo do Proncor, Paulo Alves, informou que Manoel de Barros deu entrada na unidade no dia 24 de outubro e fez cirurgia de desobstrução intestinal. O poeta foi para o quarto no dia 25 de outubro e, no dia 4 de novembro, teve piora e voltou para o Centro de Terapia Intensiva (CTI).
Manoel Wenceslau Leite de Barros era advogado, fazendeiro e poeta. Nasceu em Cuiabá, no Beco da Marinha, às margens do rio Cuiabá, em 19 de dezembro de 1916.
Filho de João Venceslau Barros, capataz na região, Manoel se mudou para Corumbá, no Pantanal sul-mato-grossense, onde passou a infância. Nos últimos anos, o poeta morou em Campo Grande e levou uma vida reclusa ao lado da esposa.
Velório
Segundo a família, o velório do poeta está previsto para começar às 14h, na capela do cemitério Parque das Primaveras, localizado na avenida Senador Filinto Müller, 2211, no bairro Parati, em Campo Grande. O funeral será aberto ao público, de acordo com a família. O sepultamento está marcado para as 17h.
Letras
Manoel de Barros era ocupante da cadeira número 1 da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras. Em nota, a entidade lamentou a morte do poeta.
Luto
Mato Grosso do Sul terá três dias de luto oficial pela morte do poeta Manoel de Barros, segundo nota publicada no site do governo do estado, nesta quinta-feira (13). O decreto do governador André Puccinelli será publicado na edição de sexta-feira (14) do Diário Oficial do Estado.
Assembleia Legislativa
A sessão ordinária desta quinta-feira na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul foi suspensa por causa do falecimento do poeta Manoel de Barros. Para o deputado Pedro Kemp (PT), segundo secretário da Assembleia, o poeta projetava o estado de Mato Grosso do Sul no Brasil e no Mundo. “Ele deixa uma marca que nos orgulha tanto que vai se eternizar na memória de todos nós”, disse Kemp.
O deputado Junior Mochi (PMDB), líder do governo, disse que o poeta era o ícone da cultura do estado. “Não há uma pessoa que melhor retrata a alma sul-mato-grossense como Manoel de Barros. É a referência e a identidade principalmente do povo pantaneiro”, disse.
Câmara dos Vereadores
Os vereadores da Câmara Municipal de Campo Grande suspenderam, também, a sessão desta quinta-feira. Para o presidente da Casa, vereador Mario Cesar (PMDB), Manoel de Barros era uma referência do estado para o mundo. “Apesar da chama ter se apagado, sua poesia será eterna”
Obras
Manoel de Barros publicou seu primeiro livro, "Poemas concebidos sem pecado", em 1937. Seu último volume, "Escritos em verbal de ave", saiu em 2011.
Em novembro do ano passado a editora Leya lançou a obra completa do poeta, com título de “A biblioteca de Manoel de Barros”. São, ao todo, 18 volumes. A edição especial incluiu um poema até então inédito, “A turma” (2013), o último escrito pelo autor. A coleção também trazia os cinco livros infantis feitos pelo poeta.
No início de novembro, o site Publish News, que cobre o mercado editorial brasileiro, informou que a obra de Manoel de Barros foi contratada pela Alfaguara, selo da editora Objetiva. De acordo com o site, a editora planeja lançar os primeiros títulos no segundo semestre de 2015.
O perfil do poeta no site da Leya destaca que em 1966 ele ganhou o prêmio nacional de poesias com "Gramática Expositiva do Chão". Em 1998, levou o Prêmio Nacional de Literatura do Ministério da Cultura, pelo conjunto da obra. Ao longo da carreira de sete décadas, ganhou o Prêmio Jabuti duas vezes, em 1990 e 2002, com as obras "O guardador de águas" (1989) e "O fazedor de amanhecer" (2001). Em 2000, foi premiado pela Academia Brasileira de Letras.
Ainda segundo a Leya, Manoel de Barros teve sua obra traduzida em Portugal, Espanha, França e Estados Unidos. Em 2008, foi tema do documentário "Só dez por cento é mentira", de Pedro Cezar.
Fonte: G1
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