Agora, a Justiça da Suíça vai ter acesso à investigação feita pela própria Fifa para tentar avançar no caso. Com seus poderes legais, os promotores públicos podem pedir quebras de sigilo e ter acesso a documentos que a entidade não teria. Além disso, têm o poder de punir eventuais envolvidos em corrupção.
O pedido representa um passo atrás da Fifa no processo. A investigação sobre a escolha das sedes das Copa de 2018 e 2022 já está em curso desde 2012. O caso foi tocado pelo advogado americano Michael Garcia, que trabalhou sob a chancela do comitê de ética da Fifa, comandado pelo alemão Hans-Joachim Eckert.
Na semana passada, Eckert anunciou o fim da investigação, dizendo que o processo de escolha ocorreu "em conformidade" com os códigos de ética da Fifa. Segundo ele, haviam evidência de irregularidades, mas elas não eram suficientes para "embasar qualquer indício de conduta errada". A conclusão irritou Garcia, que veio a público para dizer que o relatório divulgado por Eckert estava incompleto e com interpretações equivocadas. Na prática, o autor da investigação via irregularidades e estava questionando o trabalho do chefe, que não as via.
Seguiu-se, então, uma pressão enorme sobre a Fifa. Críticos da entidade pediram que ela divulgasse a investigação completa de Garcia, e não só o resumo feito por Eckert. A presidência emitiu uma nota em que explica que não pode interferir na decisão do Comitê de Ética por questões legais, e por isso não poderia atender o pedido. Eckert, por sua vez, sustentou sua versão dos fatos e disse que não tornaria pública toda a apuração de Garcia.
A pressão por transparência, então, veio de vários lados. Do presidente da Liga Alemã de Futebol à União Europeia, todos pediram esclarecimentos à Fifa. Nesta terça, a entidade dá um passo atrás e empurra o caso para as autoridades legais.
"A minha declaração [de semana passada] foi baseada no relatório de Garcia, e só posso trabalhar com o material que está ali. Na minha visão, as evidências de irregularidades ou ilegalidades eram insuficientes para que se colocasse em questão o processo como um todo", disse Eckert nesta terça, em entrevista ao site da Fifa.
O presidente do Comitê de Ética ainda respondeu por que só agora, uma semana depois da conclusão da investigação da Fifa, ele falou em investigação judicial. "Eu recomendei que a Fifa entrasse com pedido de inquérito mais ou menos ao mesmo tempo em que divulgou a conclusão da investigação", disse ele.
Essa última fala de Eckert empurra o problema para Joseph Blatter. Se o presidente do Comitê de Ética disse que um inquérito judicial era necessário já na semana passada, por que só nesta terça a Fifa tomou uma atitude? O presidente da entidade, que também concedeu uma entrevista para o site da mesma, não foi questionado sobre o assunto, e concentrou seus esforços em retratar o "bom trabalho" na investigação.
"Eu tenho confiança no trabalho do Comitê de Ética e seu presidente. No entanto, o Comitê tem certas limitações. Como órgão de uma instituição privada, ele não tem as mesmas opções de um promotor público", disse Blatter, explicando por que optou por finalmente seguir a orientação de Eckert e encaminhar o caso à Justiça.
Fonte: Uol
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