A presidente Dilma Rousseff (PT) pretende escolher o novo ministro da Fazenda antes da reunião de cúpula do G-20, marcada para os dias 15 e 16 de novembro, na
Austrália. O objetivo é acalmar o mercado, desfazer incertezas sobre investimentos e recuperar a credibilidade internacional, aparecendo no grupo das 20 maiores economias do mundo como a presidente disposta a fazer o dever de casa.
Em conversas reservadas, integrantes da equipe econômica afirmam que Dilma deve indicar logo um nome forte para a Fazenda, de preferência do mercado financeiro, para acalmar os investidores. Trata-se de uma tentativa de reverter a crise de confiança que abala o governo no início do segundo mandato. Na lista dos cotados estão Rossano Maranhão, ex-presidente do Banco do Brasil e executivo do Safra; o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco; e o economista Nelson Barbosa.
O PT prefere Barbosa, que foi secretário executivo da Fazenda no governo Dilma. O economista saiu em 2013 ao entrar em rota de colisão com Arno Augustin (secretário do Tesouro Nacional) e com o próprio Guido Mantega, atual titular da Fazenda, mas se reúne periodicamente com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com quem também atuou no governo. Professor da Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo, Barbosa é colaborador do Instituto Lula.
Em meados do ano passado, Lula sugeriu a Dilma que trocasse Mantega pelo ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles. Ela, que nunca gostou da “ortodoxia” de Meirelles, não aceitou a sugestão.
Independente de quem seja o escolhido, ele estará mais amarrado à política econômica em curso, sem muito espaço para imprimir sua marca, pelo menos no período inicial do próximo mandato. Esse é um risco apontado por integrantes da área técnica do próprio governo.
Nesta terça-feira, Dilma reuniu, no Palácio da Alvorada, em Brasília, os ministros Mantega (Fazenda), Aloizio Mercadante (Casa Civil) e Miriam Belchior (Planejamento), e o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, para discutir as medidas econômicas que devem ser anunciadas pelo governo, na tentativa de segurar a inflação e retomar o crescimento. “Acredito que vamos encerrar o ano melhor”, disse Mercadante a jornalistas. “O período eleitoral é sempre de incerteza e especulação. Passada a eleição, a vida volta ao normal”, acrescenta.
Auxiliares da presidente dizem que ela terá de fazer um ajuste fiscal capaz de dar mais eficiência a políticas atuais para garantir emprego e renda e, ao mesmo tempo, apresentar metas consistentes para os próximos anos. A presidente já decidiu que o programa de concessões de infraestrutura sofrerá alterações para se tornar mais atrativo aos bancos privados.
Fonte: Estadão
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