O suposto serial killer Tiago Henrique Gomes da Rocha, 26, voltou a ameaçar de morte os demais detentos do Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, para onde foi encaminhado na
quarta-feira (22). A informação foi concedida pelo delegado titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), Murilo Polati, em entrevista coletiva nesta quinta-feira (23).
"Ele quis manifestar um poderio lá dentro, falou que mataria lá como matou aqui. Isso é uma situação repassada [a mim] por agentes prisionais. Mas ele foi retaliado na mesma oportunidade por todos os demais presos lá, ficou mais calmo e não causou mais problemas", relata o delegado.
Segundo Polati, as ameças foram gritadas por Tiago de dentro da cela em que está preso, sozinho, no Núcleo de Custódia, que é a unidade de segurança máxima do estado e tem capacidade para 80 presos. O G1 entrou em contato com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária e Justiça (Sapejus), mas não obteve um posicionamento até a publicação desta reportagem.
Antes da trasferência para o presídio, na segunda-feira (20), ele já havia questionado agentes na delegacia onde estava detido se responderia criminalmente caso matasse alguém no presídio. Além disso, quando era escoltado por policiais enquanto saia da Delegacia Estadual de Repressão a Narcóticos (Denarc) com destino ao Complexo Prisional, Tiago deu um chute no abdômen do fotógrafo Edilson Pelicano.
Segundo informou a secretaria na quarta-feira, Tiago não terá acompanhamento especial no Núcleo de Custódia. No entanto, o diretor da Sapejus, Ezequiel de Souza, garante que a segurança dele está resguardada e todos os procedimentos necessários para isto serão tomados. O vigilante terá a mesma rotina que os demais detentos, com direito a banho de sol diário e de receber visita aos finais de semana.
Prisão
Tiago foi preso na capital no último dia 14. Na ocasião, ele confessou à Polícia Civil ter matado 39 pessoas desde 2011. Entretanto, segundo informou Polati na entrevista desta quinta-feira, o vigilante prestou novos depoimentos na companhia de advogados e reduziu o número de confissões para 29.
Entre as vítimas estão 15 dos 17 crimes contra mulheres investigados inicialmente por uma força-tarefa da Polícia Civil, formada por 16 delegados, 30 agentes e 10 escrivães, que começaram a atuar no dia 4 de agosto. Os outros assassinatos seriam contra homossexuais e moradores de rua.
Série de mortes
O primeiro crime da série de assassinatos contra mulheres, que levou à criação da força-tarefa, ocorreu em 18 de janeiro deste ano, quando Bárbara Luiza Ribeiro Costa, de 14 anos, foi executada por um motociclista no Setor Lorena Park, na capital. A morte mais recente foi a de Ana Lídia Gomes, em um ponto de ônibus do Setor Morada Nova, em 4 de agosto.
Dois dos crimes apurados pela força-tarefa não foram assumidos pelo vigilante: a morte de Danielly Garmus da Silva, 23 anos, e a tentativa de homicídio de Daiane Ferreira de Morais, 18. Entretanto, ele confessou outras duas mortes de mulheres que eram apurados de forma independente e, após a confissão, a polícia os incluiu nas investigações. São os homicídios de Arlete dos Anjos Carvalho, 16, e de Edimila Ferreira Borges, 18.
Ao ser preso, Tiago revelou à polícia que interrompeu a sequência de mortes após o homicídio de Ana Lídia por medo de ser preso, informou o delegado Alexandre Bruno Barros. Entretanto, ele voltou a cometer uma agressão a uma mulher próximo a uma lanchonete no último dia 12.
Segundo a Polícia Civil, por causa desse crime, o jovem foi identificado em imagens registradas por câmeras de segurança, próximo à lanchonete em que uma mulher foi agredida por um motociclista. O caso foi incluído na força-tarefa. Segundo testemunhas, o motociclista de capacete vermelho, que seria Tiago, atirou na garota, mas a arma falhou. Então, ele deu um chute na boca dela. O vigilante acabou preso dois dias depois dessa agressão.
Fonte: G1
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