A AFA (Associação Argentina de Futebol) decidiu não estender a polêmica do último sábado, quando o técnico Dunga discutiu com um
massagista da Argentina durante o Superclássico das Américas, disputado em Pequim, na China. Consultada pelo UOL Esporte, a entidade respondeu que entende o gesto do brasileiro fez com o nariz como "coisa de jogo".
"O tema não foi debatido em público ou na concentração. É uma coisa de jogo, não tomou como ofensa pessoal. Como dizem os jogadores, o que acontece no campo, fica no campo", disse Diego Santonovich, do departamento de comunicação da AFA, por telefone.
Embora as imagens mostrem Dunga discutindo com Jorge Pautasso, auxiliar direto do técnico Tata Martino, o comandante da seleção brasileira disse, em entrevista coletiva, que seu alvo era um massagista. Marcelo "Daddy", que está na seleção argentina desde os tempos em que Maradona estava no comando, seria o alvo por, segundo Dunga, querer "aparecer até no showbol".
"Se teve alguma questão foi em outros lugares. Ele é um tipo tranquilo, nem faz parte do corpo técnico, e sim do corpo permanente da comissão médica. Nunca teve um enfrentamento assim", disse Santonovich.
A polêmica tornou-se maior pelo gesto de Dunga, interpretado como uma alusão ao uso de drogas. Foi assim que entenderam veículos do Brasil e também da Argentina. O diário Olé, por exemplo, chamou o sinal de "nariz de palhaço", e questionou se o técnico se referia ao conhecido vício de Diego Maradona em cocaína.
Nesta segunda, a polêmica atingiu a seleção brasileira em cheio, despertando outros fantasmas do atual treinador. Em uma entrevista concedida em Cingapura, onde Neymar e companhia enfrentarão o Japão, o repórter Tino Marcos, da Rede Globo, pediu uma auto-avaliação de Dunga, questionando se ele se arrepende da "insinuação de que o pessoal da Argentina usou drogas".
"Bom, isso quem está falando é você. Como tinha muita poluição, tinha o nariz sempre trancado. Quem está falando que usou droga ou não é você. Nós estamos trabalhando na seleção brasileira, e eu acredito que o torcedor brasileiro quer um time competitivo e com sangue na veia. Se quiser um time mais tranquilo e ponderado, aí depende das escolhas", disse Dunga, que tem um longo histórico de entreveros com a emissora.
A confusão ficou ainda maior porque o tradutor que estava na coletiva errou e disse que "a menção de que os jogadores usavam drogas partiu do repórter". Galvão Bueno, narrador da Globo, que assistia à entrevista, interveio. "Não foi sobre jogadores. Ele nunca falou sobre jogadores. O repórter nunca disse nada sobre jogadores", disse ele, em inglês.
A explicação de Dunga não convenceu. O jornal Clarin foi direto e chamou de "desculpa esfarrapada" do treinador e disse que o gesto aludia claramente ao uso de drogas. O Olé, um pouco mais comedido, disse que ele "buscou uma desculpa" ao tratar do tema, mas repetiu o discurso de que o gesta está relacionado ao consumo de drogas.
Para a AFA, a explicação de Dunga ou a repercussão na imprensa, aparentemente, não importam muito. No contato com a reportagem, o departamento de comunicação da entidade ressaltou que houve uma entrevista coletiva com Tata Martino nesta segunda e nem ele nem os dirigentes presentes trataram do assunto, o que seria uma prova de que o ele não será levado adiante.
Fonte: Uol
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