quarta-feira, outubro 15, 2014

Profissionais comparam realidade de escolas públicas e privadas no RN

http://cidadenewsitau.blogspot.com.br/Transformação social. Essa é a expressão em comum na fala dos professores Claudilene de Oliveira, de 47 anos, e Daniel Holanda de 27
anos. Ele tem oito anos de profissão e atua na rede privada. Ela já está na carreira desde que Daniel nasceu e atualmente se dedica só à rede municipal. Eles não se conhecem, mas neste Dia dos Professores, eles declararam o amor à profissão e qual é sua motivação por transformar a vida de quem passa pelas suas aulas, apesar de todos os problemas estruturais da educação brasileira. Os profissionais traçaram um paralelo entre instituições públicas e privadas e o que precisa ser feito para que a carreira seja mais atrativa.

Na Escola Municipal Ulisses de Góis, Claudilene é professora do ensino fundamental pela manhã e coordenadora à tarde. Ensinar é um destino da família. Ela vem de uma família onde todos os seus quatro irmãos também são professores. A manifestação pela vontade de intervir na vida pessoal e social vem desde criança, quando ela brincava de professora.

Toda a educação básica da professora foi em escolas públicas. Para começar a carreira, ela fez primeiro o magistério e depois entrou no curso superior de Pedagogia da UFRN. “Muita gente entra no curso porque tenta outra coisa e não consegue. Mas eu já fui com esse intuito de continuar”, explicou. Ela teve crises vocacionais em que pensou em se tornar veterinária, mas atualmente não pensa mais em largar a profissão.

Durante 14 anos de sua profissão, ela foi professora de escolas privadas, onde também chegou a assumir o cargo de coordenadora. Embora os indicadores de educação sinalizem para um nivelamento da qualidade da educação entre escolas públicas e privadas – infelizmente por baixo -, a professora acredita que ainda há distinções claras. “Na escola privada, o professor não comete tantas faltas como na escola pública. Ele tem uma exigência mais direta”, explicou.

Mas também há fatores negativos. “A escola privada exige muito e paga menos. Há realmente a exploração do trabalho do professor. Na escola pública você tem muito mais autonomia de trabalho. Na escola pública, você não está só ligada à questão do conteúdo, mas você relaciona o conteúdo a outras relações da família, do contexto social daquela criança. E na escola privada, o conteúdo acaba sendo o mais importante”, analisou. Apesar da opinião, os seus três filhos estudaram em escolas privadas.

Claudilene também diz sua motivação para continuar na profissão. “O melhor da profissão é você terminar o final do ano e perceber que o aluno aprendeu e que você contribuiu para o aprendizado dele. O lado positivo é saber que a gente está possibilitando oportunidades iguais”, comentou.

O ponto principal da profissão apontado pela professora não é nada inesperado. “Em relação à carreira, o salário precisa melhorar e as condições de trabalho de algumas escolas. A pior parte é você não poder fazer mais do que gostaria porque outras questões estão envolvidas; é você saber que alguns alunos sofrem violência, privações de algumas coisas e a gente não pode resolver”, considerou.

Da arqueologia à ameaça de morte

Daniel Holanda chegou na faculdade de História pensando em um dia ser arqueólogo. Ele sofreu preconceito da família e resistência do pai pela escolha, mas se decidiu por dar aulas depois da primeira vez que lecionou há sete anos. Embora esteja exclusivamente em uma escola privada, ele já passou por escolas públicas e pelo Programa de Erradição do Trabalho Infantil (PETI).

Também já teve alunos viciados, envolvidos com o tráfico de drogas e até ameaça de morte. Ele ouviu de um estudante uma frase que até hoje está na memória. “‘Eu sei que você quer ajudar a gente, mas você não vai conseguir não porque o mundo é muito difícil’. Eu tinha 18 anos quando o aluno falou isso pra mim. Aí eu disse: ‘não, vou mudar o mundo'”, falou.

Apesar dos problemas, ele acredita que uma palavra de reconhecimento se sobrepõe a todas as dificuldades. Holanda diz até que o reconhecimento dos alunos é mais comum que o de outros atores que também estão envolvidos na educação. “O reconhecimento do pai, da coordenação da escola também motiva muito o professor. Quando ela chega no trabalho e tem o reconhecimento, supera a desmotivação, porque você sabe que está fazendo a diferença”, disse citando exemplos práticos da escola que já ocorreram na sua vida profissional.

Para ele, a diferença entre a escola pública e a privada está na estrutura. Na escola pública, os equipamentos, o apoio técnico.  Os cargos comissionados ocupados por pessoas despreparada. No interior do Estado, por exemplo, uma diretora liberava os alunos para ver TV. “Eu já trabalhei em uma escola pública num distrito que a professora liberava para ver novela”, contou. Um das soluções apontadas por ele é o regime de dedicação exclusiva já existente em escolas federais, além da profissionalização da gestão escolar.

Fonte: Portal JH

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