Onze agentes penitenciários e dezenas de presos que cumprem pena na Penitenciária Industrial de Guarapuava, no Centro-Sul do
Paraná, permanecem reféns de um grupo de detentos rebelados há mais de 24 horas. O 12º agente que era mantido refém foi libertado por volta das 11h30 desta terça (14). Diabético, ele foi encaminhado para receber atendimento médico, mas, aparentemente, passa bem.
Segundo a assessoria da Secretaria Estadual de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, antes de libertar o refém, os presos entregaram uma lista de reivindicações. As exigências foram entregues a negociadores da Polícia Militar (PM), logo após as negociações terem sido retomadas, por volta das 7h. As conversações tinham sido suspensas no final da noite de ontem (13).
A assessoria ainda não obteve a confirmação da íntegra das exigências dos presos rebelados, mas adiantou que, entre elas, há um pedido de transferência de detentos para outras unidades prisionais do Estado. A assessoria também não soube informar quantos e quem são os apenados que pedem para ser remanejados. As reivindicações estão sob análise da Secretaria de Justiça, em conjunto com outros órgãos do governo estadual. Embora ainda não haja uma resposta, a entrega da lista já é vista como um avanço nas negociações.
A rebelião começou perto das 11h30, na fábrica da unidade prisional. Treze agentes foram rendidos no momento em que distribuíam o almoço aos detentos, que usaram tesouras, estoques e outros materiais para dar início ao motim.
Na prisão, sapatos, botinas e luvas são fabricados pelos presos. Cerca de 80 detentos –dos 239 do presídio– participam da rebelião. A unidade tem capacidade para 240 presos.
No final da tarde, um agente carcerário acabou liberado depois de passar mal com a cola que os presos colocaram no corpo dele e dois detentos foram jogados do telhado do presídio. Outros 11 presos que eram mantidos reféns pularam do telhado para escapar. Os ferimentos de todos foram leves.
De acordo com o Sindarspen (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Paraná), o agente passa bem e já está em casa com a família. Desde o começo da revolta, alguns dos presos reféns foram amarrados seminus no telhado do presídio. Também foi ateado fogo no edifício fabril e outras galerias foram danificadas.
Policiais da tropa de choque da PM e do Bope (Batalhão de Operações Especiais) deram início às negociações por volta das 17h. A falta de uma pauta com reivindicações claras dificulta a chegada a um acordo.
"As reivindicações são muito vagas, não são objetivas. Alguns pedem transferência, outros falam em melhor tratamento", conta a vice presidente do Sindarspen, Petruska Sviercoski, que acompanha o desenrolar do motim na frente da penitenciária. Do lado de fora, familiares de agentes e presos aguardam informações sobre a rebelião. O fornecimento de luz e água das galerias ocupadas pelos rebelados foi suspenso.
Segundo o sindicato, esta é a 21ª rebelião no sistema penitenciário do Paraná desde dezembro de 2013. "Com esta rebelião, temos um sentimento de mais revolta. Há três semanas, aprovamos greve em assembleia sem uma proposta salarial na pauta. Estamos com medo de trabalhar. A situação é caótica", afirma Petruska, que ainda conta que a greve foi impedida por uma liminar da Justiça.
Reincidentes
Há a informação de que a rebelião na Penitenciária de Guarapuava teria sido orquestrada por um grupo de presos que havia sido transferido recentemente da Penitenciária Estadual de Cascavel e do Complexo Penitenciário de Piraquara, na Grande Curitiba, para a unidade de Guarapuava.
De acordo com a Seju, embora essa ainda não seja uma informação oficial, caso seja confirmada, os presos reincidentes serão transferidos para o regime de segurança máxima federal. Esta é a primeira rebelião no local desde que a penitenciária foi inaugurada, em 1999. (Com Jorge Olavo, do UOL em Curitiba, e Agência Brasil)
Fonte: Uol
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