O ex-médico Roger Abdelmassih, condenado a 278 anos de prisão por 48 crimes sexuais cometidos contra 37 de suas pacientes, afirmou em conversas
telefônicas autorizadas pela Justiça que teve relações sexuais com pacientes, e diz que era procurado por elas. "Passava mulher para trás constantemente, provavelmente achava que tava tudo disponível. A mulher jogava o milho e eu ia comer e aí eu levei o ferro. Você sabe que mulher é um bicho desgraçado mesmo", afirmou.
O Fantástico teve acesso a mais de sete horas de gravação autorizadas pela Justiça e realizadas entre os meses de junho e agosto deste ano. Abdelmassih foi preso em 19 de agosto na capital do Paraguai, Assunção. A defesa dele não quis comentar as gravações. Nos últimos três dias, o Fantástico procurou o advogado de Ruy Marco Antônio. Neste domingo, por telefone, ele disse que o seu cliente não vai se manifestar.
Segundo a investigação, Roger montou um esquema criminoso para receber dinheiro e se proteger no Paraguai. Como o Fantástico revelou em agosto, uma das pessoas que ajudavam Roger, segundo o Ministério Público, era Ruy Marco Antônio, ex-dono de um dos principais hospitais de São Paulo. As gravações revelam que os dois eram muito próximos.
Roger fala do dinheiro que Ruy teria mandado para ele. Diz que quer pagar a dívida e pede que o amigo continue ajudando por mais um tempo.
Entre outro trecho, Roger comenta as acusações de estupro. “Elas são doentes mentais. É louca mesmo”, diz ele.
O ex-médico ainda debocha da recompensa oferecida por informações de seu paradeiro. “Deram 10 mil. Eu tô valendo tão pouco, pô. Pensei que fosse por 50.”
Eles citam um suposto contato dentro da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo. “O nosso amigo da Segurança será que ele não tem condição de ver? Alguma ideia, alguma coisa concreta aonde são essas denúncias?” A Corregedoria da Polícia Civil afirmou, em nota, que investiga a suposta participação de policiais na rede de proteção a Roger Abdelmassih.
Em nenhum momento das mais de sete horas de gravações, o ex-médico confessa ter cometido abuso sexual. Ele se diz injustiçado.
“Toda essa história negativa contra minha pessoa e essas vagabundas aparecendo na televisão, dizendo que eu fazia isso, fazia aquilo.”
Vanuzia Leite Lopes, da associação das vítimas de Roger, comentou as declarações do ex-médico. “[Ficamos] Indignadas. Revoltadas. É muito difícil, porque nós fomos expostas, né? Vai ser um estigma pelo resto da vida. Eu tô indignada de ouvir ele falar essas coisas depois de tudo que eu passei.”
Fonte: G1
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