A responsável pelo achado, Roberta Mazza, diz que ele provavelmente foi usado dobrado em um pingente como amuleto de proteção. "Foi uma descoberta importante e inesperada. Trata-se de um dos primeiros registros de uso de magia no contexto do cristianismo e o primeiro amuleto com referência à Santa Ceia", diz Mazza.
O fragmento é provavelmente originário de uma cidade do Egito. Seu texto traz uma mistura de trechos dos Salmos e do evangelho de Matheus. "Na época, cristãos começaram a utilizar passagens da Bíblia como amuleto de proteção", diz Mazza. "Por isso, este achado marca o início de uma importante tendência", completa.
Análises de carbono indicam que o papiro data de período entre os anos de 574 e 660. O criador provavelmente transcreveu trechos da Bíblica de que lembrava de cabeça, ao invés de copiá-los. Segundo a pesquisa, há erros de ortografia e palavras que não estão na ordem correta, como estão na Bíblia.
A íntegra do texto diz:
"Temei o que governará sobre a terra.
Saibam nações e povos que Cristo é o nosso Deus.
Pois ele falou e tudo veio a ser, ele mandou, e tudo foi criado; ele colocou tudo sob os nossos pés e nos libertou da cobiça de nossos inimigos.
Nosso Deus preparou uma Ceia Sagrada no deserto para o povo e deu o maná da Nova Aliança para comermos, o corpo imortal do Senhor e o sangue de Cristo derramado por nós para a remissão dos pecados".
A passagem foi originalmente escrita na parte de trás de um recibo usado para pagamento ou cobrança de imposto. Um texto quase ilegível faz referência à coleta de tributos da vila de Tertembuthis, localizada no interior de Hermópolis, cidade da antiguidade onde hoje está localizada El Ashmunein, no Egito.
"Provavelmente, a pessoa que utilizou as costas do papiro para escrever o texto do amuleto era dessa mesma região", diz Mazza.
A descoberta será apresentada por Roberta Mazza em conferência internacional. Em seu estudo, ela mostra que cristãos adotaram a prática egípcia de usar amuletos para proteger seu portador e afastar perigos. Segundo a pesquisadora, a prática pode ser verificada ainda hoje, no uso de escapulários e orações em santinhos.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik.it.
Fonte: Uol
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