Elizângela Barbosa, morta durante um aborto em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, no último sábado (20), teve perfurações no útero e no intestino durante o
procedimento, de acordo com laudo do Instituto Médico Legal. A informação é do delegado Adilson Palácio, da Divisão de Homicídios de Niterói e São Gonçalo, responsável pela investigação do caso.
Palácio disse ainda que todo o material periciado encontrado nesta quarta-feira na casa onde foi feito o aborto, inclusive o colchão com uma mancha avermelhada, que pode ser de sangue de Elizângela Barbosa, está sendo analisado no laboratório da DH. "O resultado não sai imediatamente, talvez demore alguns dias", afirmou, sobre o material encontrado na clínica clandestina no Sapê, em Niterói.
Após o depoimento de uma faxineira, que era funcionária da clínica, a Polícia Civil continua à procura de novos suspeitos. Adilson, no entanto, considera que só deve ter novidades no final de semana ou a partir do dia 29 de setembro.
Caso realmente seja sangue, o material será comparado com o DNA de Elizangela. Além do colchão, calcinhas foram apreendidas para serem periciadas.
Também na casa, os policiais recolheram, nesta terça (23), medicamentos (alguns de uso veterinário), ataduras, material para desinfecção, além de um computador. Os remédios serão encaminhados à perícia. Foi apreendida ainda uma agenda que, segundo o delegado, continha informações que podem ajudar na investigação.
O corpo de Elisângela foi enterrado na tarde de terça, no Cemitério de Maruí. Ela morreu no sábado (20), após complicações de um aborto realizado em uma clínica clandestina.
Uma funcionária da clínica será indiciada pelo crime de aborto, segundo informou a Polícia Civil. Ela foi detida na manhã desta terça durante operação da Divisão de Homicídios (DH). Os agentes localizaram a casa, na Rua Silvino Pinto, onde funcionaria a clínica. De acordo com o delegado Adilson Palácio, há indícios de que o aborto tenha sido realizado lá.
Foi apreendida ainda uma agenda que, segundo o delegado, continha informações que podem ajudar na investigação.
Duas procuradas
A polícia investiga se a faxineira, que já prestou depoimento, é cumplice de duas mulheres suspeitas de terem participado do aborto. Elas seriam mãe e filha e não foram encontradas no local. Elas não são consideradas foragidas pois não há mandado de prisão expedido pela Justiça. De acordo com a polícia, o nome de uma delas é Lígia. A casa foi lacrada pela polícia e, segundo agentes, vizinhos não relataram movimentação "estranha" no imóvel.
Elizângela, de 32 anos, tinha três filhos. Meses antes de se submeter à cirurgia, a vítima teria ingerido remédios abortivos, segundo o delegado Adilson Palácio, da DH de Niterói. A polícia informou ainda que já tem os nomes de pessoas que teriam envolvimento na morte de Elizângela.
"Ela tentou realizar o aborto através de medicações, mas não teve sucesso. A gravidez teve progressão e ela quis fazer o procedimento médico", afirmou o delegado. Este é o segundo caso em menos de um mês que a polícia investiga sobre crimes praticados em clínicas clandestinas na Região Metropolitana do Rio. No dia 26 de julho, Jandira Magalena dos Santos desapareceu após se submeter a um aborto em uma clínica clandestina em Campo Grande, na Zona Oeste da capital.
Mulher foi deixada em hospital
A DH de Niterói investiga se é verdadeira a informação de que pessoas, não identificadas, pararam o motorista do carro que transportava Elizângela na Estrada de Ititioca, que é cercada por favelas. Na delegacia, o motorista contou que foi obrigado a deixar a mulher no Hospital Estadual Azevedo Lima. Duas mulheres também teriam entrado no carro. A dona de casa morreu minutos depois de chegar ao hospital. Na necropsia, legistas encontraram um tubo plástico no útero dela.
Elizângela foi vista pela última vez na manhã de sábado (20), quando o marido a deixou na Estrada da Tenda, no bairro Engenho Pequeno, na periferia de São Gonçalo. Segundo o marido, nesse local, ela se encontrou com um homem que a levaria a uma clínica de aborto. Na bolsa, ela levava R$ 2,8 mil para pagar o procedimento.
Elizângela estava grávida de cinco meses e não queria a criança. Ela e o marido trocaram quatro mensagens pelo celular entre sábado e domingo.
Fonte: G1
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Sua opinião é muito importante para nós, comente essa matéria!