Atacar ao invés de propor. O uso da baixaria em campanhas políticas pode ter dado resultados num passado recente, mas tem sido
cada vez mais rejeitado pelos eleitores. A reportagem ouviu representantes de setores importantes, como turismo e cultura, que são unânimes ao afirmar: a população espera ouvir propostas dos candidatos e não ataques baseados em vagas denúncias.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Hoteleira/RN, Habib Chalita, a baixaria será rejeitada pelo eleitor potiguar e por isso os candidatos devem se concentrar em apresentar propostas viáveis para resolver os problemas do Estado. “Cada vez mais a nossa política precisa de propostas. Propostas com números e que mostram gestão de resultados. É isso que o Rio Grande do Norte cada vez mais está precisando”, diz.
O presidente da Fundação Capitania das Artes, Dácio Galvão, aposta que a relevância dos ataques pessoais em campanhas políticas é algo do passado. Dácio acredita no debate de ideias e na capacidade do eleitor de distinguir o candidato interessado em discutir o futuro do Rio Grande do Norte e o candidato interessado em apenas desgastar o seu adversário para conseguir ganhar a eleição. “O jogo sujo e a baixaria já não atrai o voto. O que o eleitor quer é o debate, o debate público no campo das ideias”, explica Dácio Galvão.
O artista plástico Flávio Freitas vai além e classifica como um desrespeito ao eleitor o uso de acusações ao invés de proposições. “Esse jogo sujo não interessa a ninguém, é um desrespeito ao eleitor”, diz. Freitas acredita que a oportunidade de mostrar ideias é fundamental e não pode ser desperdiçada. “Essa oportunidade que os candidatos têm de se apresentar, de apresentar suas propostas vai para a lata do lixo”, complementa.
Já o funcionário público Fernando Rebouças ressalta a vontade de discutir soluções para o Estado, que atravessa uma das maiores crises administrativas de sua história. “Nós queremos saber quem vai fazer pelo nosso Estado, que está aí quebrado, defasado”, diz.
Itamar Domingos, também funcionário público, credita esse comportamento em alguns candidatos ao momento em que bate o desespero. “O candidato quando se sente perdido ele não mostra ideias, porque não tem ideias”, classifica. A auxiliar-administrativo Maria Lima diz que o interesse como eleitora é “ouvir propostas que venham trazer melhorias para o Estado do Rio Grande do Norte e não denegrir a imagem do outro candidato”.
O Padre Nunes, um dos mais respeitados sacerdotes da capital, já havia se manifestado de maneira semelhante. “Queremos saber o que cada um deles vai fazer, quais as propostas, se são viáveis e concretas, onde buscar recursos e esse tipo de questão. Quando você está à frente de uma comunidade, você sente o clamor da população por algo novo e não pela troca de acusações de sempre. O povo quer a palavra com credibilidade”, disse.
Um olhar diferenciado precisa ser direcionado, segundo o padre, para as redes sociais. Em muitos momentos, a saudável discussão em meios como twitter e facebook acaba virando baixaria e troca de grosserias. Nesses espaços, muitas vezes, militantes dos partidos e candidatos publicam discursos radicais e grosseiros, de ataque aos adversários. Esse é um uso, para Padre Nunes, errado de uma ferramenta capaz de trazer benefícios para a democracia.
“Esses novos meios têm um potencial enorme para formar a consciência crítica. São ferramentas importantes para a política e para a democracia e por isso não podemos utilizar esses espaços para ficar jogando pedras”, aponta. E acrescenta: “Eu totalmente abomino a utilização das mídias sociais para a grosseria, para a fofoca, para qualquer tipo de agressão”.
Fonte: Portal JH
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