O esforço do candidato do PSD, o vice-governador Robinson Faria, para se descolar da imagem da governadora Rosalba Ciarlini, de quem foi companheiro de chapa há
quatro anos e hoje ostenta 90% de desaprovação popular, não teve êxito ontem no debate da TV União. Robinson foi taxado por seus opositores, principalmente pelo candidato Robério Paulino (PSOL), de ser responsável pelos problemas do Rio Grande do Norte agravados por Rosalba.
“O vice-governador é tão responsável pela destruição da saúde, da educação e da segurança desse Estado quanto a governadora”, disse Robério Paulino no começo do debate. Para Paulino, o argumento de que rompeu com o Governo logo no início da gestão Rosalba é inválido. Principalmente porque, na visão de Paulino, o rompimento não foi completo. “O senhor é vice-governador desse Estado, o senhor não pediu demissão, o senhor recebeu salário de vice-governador. O senhor foi no mínimo cúmplice ou omisso em relação a esse Governo”, argumentou.
A ligação entre Rosalba e Robinson é tamanha, segundo a perspectiva do candidato do PSOL, que as dificuldades que afetam o cotidiano dos potiguares podem ser “debitadas na conta” do vice-governador, tendo em vista que ele não lutou nos últimos quatro anos, mesmo sendo vice, para superar esses problemas, ainda de acordo com as palavras de Robério. “Já que o senhor não é do Governo, por que o senhor não se rebelou contra a destruição dos hospitais regionais, a destruição das escolas públicas e o sucateamento da segurança? Por que o senhor não se rebelou e lutou contra isso a partir do seu cargo de vice-governador?”, questionou.
Robinson Faria ainda tentou argumentar que não está recebendo o salário de vice atualmente, durante a campanha, mas não conseguiu conter os questionamentos de Paulino, até porque recebeu os vencimentos de vice-governador durante todo o Governo Rosalba, tendo pedido apenas licença para se candidatar ao Governo. Isso apesar do aparente rompimento político com o Governo. “Tenho escutado muita gente nas minhas caminhadas e eles me pediram para lhe fazer uma pergunta: por que o senhor não lutou contra tudo isso antes? O senhor não está recebendo o seu salário de vice-governador agora, na licença para ser candidato, mas antes de ser candidato o senhor estava recebendo”, disparou Robério Paulino.
Faria não teve vida fácil durante o evento nem mesmo quando discutiu especificamente o grande tema da noite: segurança. O candidato do PSL, Araken Farias, viu uma contradição no discurso de Robinson, que reclama da falta de segurança e do déficit de policiais militares, mas mantém 14 oficiais da PM à disposição em seu gabinete. No Rio Grande do Norte, há um déficit de quatro mil policiais na corporação e na média apenas um policial para 372 habitantes. Robinson tem 14 só para si, segundo Araken. A diminuição no número de policiais disponíveis para realizar a segurança ostensiva no Estado tem sido apontada como um dos principais causadores da onda de violência que o Rio Grande do Norte vê atualmente.
“A PM tem um déficit e fica cedendo policiais para vários gabinetes. O senhor devia dar o exemplo e fazer isso no seu gabinete. No seu gabinete, há 14 policiais cedidos, à sua disposição”, questionou Araken Farias durante o debate. Os policiais estão entre os mais preparados da corporação – tendo inclusive cursos de pós-graduação, o que os capacita para atuar na área de inteligência da polícia – e poderiam atuar em áreas mais estratégicas para o Estado, de acordo com Araken. “São policiais preparados, oficiais, muitos deles com cursos de pós-graduação. Esses homens poderiam estar nas fileiras da Polícia Militar para combater por exemplo o tráfico de drogas a partir das ações de inteligência policial”, complementou.
Araken Farias ainda questionou um ato de Robinson quando substituiu Wilma de Faria no Governo do Estado, na época em que era presidente da Assembleia Legislativa. “O candidato que é vice-governador, quando foi governador por ausência da então governadora Wilma de Faria e do seu vice Antonio Jácome, demitiu 600 policiais de uma canetada só, de forma sumária, sem ter direito até a uma defesa. Será que ele vai continuar com essa política de demitir policiais?”, atacou. Robinson negou ter demitido policiais.
Trajetória política questionada
Não é a primeira vez que Araken Farias critica a postura de Robinson em um debate. Por ocasião do evento promovido pela 95 FM, Araken disse que Robinson Faria tinha uma postura “descompensada e descontrolada” e questionou a coerência da trajetória política de Robinson. “Robinson diz que existe o “acordão”, mas ele fez o “acordinho”. O candidato ficou chateado quando eu lembrei que ele aderiu a todos os governos desde que virou deputado estadual. Então, ele não tem condição de fazer nenhuma crítica nesse sentido porque aderiu a todos”, relembra Araken.
Araken relembra que Robinson Faria foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1986 e apoiou o governo de Geraldo Melo. Na eleição seguinte, apoiou Lavoisier Maia para governador do Estado, cuja candidatura foi derrotada pelo atual senador José Agripino. Robinson logo aderiu ao Governo de José Agripino.
Após a vitória de Wilma de Faria, Robinson passou a apoiá-la. Rompeu no final de 2009 para fazer parte da candidatura de Rosalba Ciarlini, sendo seu vice e tendo Garibaldi Filho, a quem criticou duramente no Governo, como candidato a senador junto a José Agripino.”
Faria também rompeu com Rosalba e hoje é candidato a governador. Mas o rompimento, segundo Araken, não é “verdadeiro”.Ele diz que rompeu com Rosalba, mas não renunciou ao próprio cargo de vice-governador. Por que ele não renunciou? Diz que rompeu e continua lá na vice-governadoria recebendo o salário todos os meses e com todos os cargos que vice-governadoria tem e as benesses do Estado do Rio Grande do Norte”, avalia Aranken Farias, para quem o vice-governador Robinson deveria ter renunciado para ter condição moral de criticar o atual governo de Rosalba. “Quando eu fui me candidatar, entreguei o meu cargo. Ele deveria ter feito o mesmo”, complementa.
Fonte: Portal JH
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