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quarta-feira, agosto 20, 2014

Justiça do RJ decide manter corpo de engenheiro congelado nos EUA

Engenheiro na companhia da filha mais nova durante uma viagem (Foto: Reprodução/TV Globo)A Justiça do Rio decidiu nesta quarta-feira (20) manter congelado o corpo do engenheiro Luiz Felipe Dias de Andrade Monteiro até que se esgotem os recursos jurídicos na
apreciação do processo. A decisão foi maioria, por três votos a dois, com os magistrados ressalvando que o caso é inédito, sem precedentes na Justiça.
As duas filhas do primeiro casamento do engenheiro, Carmem Silvia Monteiro Trois e Denise Nazaré Bastos Monteiro, e a do segundo casamento, Lígia Cristina de Mello Monteiro, disputam o destino final do corpo do pai. A discussão se prolonga na Justiça há dois anos, desde o falecimento do engenheiro em 2012, vítima de enfermidades, no Rio de Janeiro.
O corpo é mantido numa cápsula de hidrogênio aos cuidados de uma empresa na cidade de Detroit, nos Estados Unidos, após ter sido trasladado cinco meses após sua morte pela filha do segundo casamento, que recorreu à 20ª. Câmara Cível do TJ. Carmem e Denise são contrárias ao traslado e congelamento, alegando que o pai queria ser sepultado no cemitério de Canoas, no Rio Grande do Sul, ao lado da mãe delas.

Irmãs que moram no Rio Grande do Sul  (Foto: Reprodução/TV Globo)Irmãs que moram no Rio Grande do Sul
(Foto: Reprodução/TV Globo)
Lígia apresentou declarações de pessoas com as quais a família convivia declarando que o engenheiro queria ser submetido ao procedimento de criogenia, na esperança de uma futura reanimação com a descoberta da cura de sua doença pela ciência. Já as outras filhas também apresentaram declarações de familiares para comprovar que o pai queria ser sepultado.
Luiz Felipe não deixou por escrito a sua vontade quanto à destinação do cadáver após a morte. Inicialmente houve uma decisão em Primeira Instância favorável às duas filhas do primeiro casamento. A terceira filha recorreu e, em julgamento de Segunda Instância, a sentença foi reformada e ela obteve o direito de levar o corpo do pai para os Estados Unidos. As irmãs então apelaram, impetrando recursos infringentes.
Devido a possíveis recursos que podem se impetrados pela família, os desembargadores entenderam que o corpo deve ser preservado no estado de congelamento até uma decisão jurídica final. Então, por maioria de votos, foi parcialmente dado provimento aos embargos.
Esperança de trazer o pai de volta
Na época da divulgação do caso, o Fantástico ouviu Lígia Cristina, do segundo casamento de Luiz Felipe. Como o pai, Lígia acredita que com o avanço da ciência será possível trazê-lo de volta à vida em algumas décadas. “Já pensou ter a oportunidade de, daqui a 30 ou 40 anos, poder rever meu pai?”, indaga Lígia. “Não tem provas de que isso pode acontecer, mas é um sonho”, complementa.
Mas as irmãs Carmen Sílvia Monteiro Trois e Denise Nazaré Bastos Monteiro, do primeiro casamento, não concordaram com o congelamento, realizado por uma empresa da cidade de Detroit e entraram com um processo contra Lígia, exigindo o sepultamento de Luiz Felippe no jazigo da família, em um cemitério de Canoas (RS), onde vivem.
“As irmãs que moram no Sul falaram que o congelamento do pai era um absurdo”, conta Crespo.
O advogado explica que, segundo elas, "nunca o pai manifestou qualquer vontade” em ser congelado e ressalta não haver “qualquer prova, em momento algum, que esse senhor queria ser congelado nos EUA”. “As próprias irmãs declararam que, se soubessem desse desejo, fariam o congelamento. Mas elas não tinham qualquer conhecimento disso”, acrescenta.
Antes da decisão judicial permitir o envio do corpo do pai para os Estados Unidos, ele foi mantido numa funerária de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio. Na época, Lígia disse que arcava com as despesas para mantê-lo preservado. Segundo ela, pagava R$ 500 para a funerária por dia e comprava R$ 360 de gelo seco. "Já gastei minhas economias da vida toda”, contou ela.

Fonte: G1

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