"Eu sou presidente da República, não faço nenhuma observação sobre julgamentos realizados pelo STF por um motivo simples: a Constituição exige que o Presidente da República e os demais chefes do poder respeitemos e consideramos a autonomia desses órgãos", afirmou.
Dilma foi interrompida pelo apresentador William Bonner, que a lembrou que o questionamento dele referia-se ao comportamento da militância do partido, e não da Suprema Corte. Na resposta, mais uma vez Dilma não quis fazer comentários. "Eu não vou tomar nenhuma posição que me coloque em confronto e conflito ou, aceitando ou não. Eu respeito a decisão do STF. Isso não é uma questão subjetiva."
Ao longo da entrevista, a candidata petista deu respostas longas e pausadas, e evitou deixou ser interrompida pelos apresentadores enquanto respondia.
A presidente foi confrontada sobre casos suspeitos de corrupção em seu governo, entre eles os que resultaram em troca de ministros, e questionada sobre "qual é a dificuldade de se cercar de pessoas honestas". Dilma respondeu que seu governo foi "o que mais estruturou mecanismos de combate a corrupção" e que a Polícia Federal (PF) ganhou "imensa autonomia" para investigar.
Ainda sobre os casos de corrupção nos ministérios, Dilma disse que "nem todas as denúncias de escândalo resultaram realmente na constatação de que a pessoa tinha que ser punida e condenada". "Pelo contrário, muitos daqueles que foram identificados como tendo praticado atos indevidos foram inocentados", disse.
A petista aproveitou o assunto para cutucar Fernando Henrique Cardoso, ao afirmar que, nas administrações dela e de Luiz Inácio Lula da Silva, "nenhum procurador foi chamado de 'engavetador-geral da República'" --no governo do tucano, o apelido foi dado ao procurador-geral Geraldo Brindeiro.
Saúde e economia
Perguntada sobre se diria aos telespectadores que a saúde pública do país está "minimamente razoável", Dilma tergiversou e afirmou que o país precisa de uma "reforma federativa".
"Não acho [que esteja minimamente razoável], até porque o Brasil precisa de uma reforma federativa. Há responsabilidades municipais, estaduais e federais", disse a presidente, que prosseguiu citando o programa Mais Médicos. "[A falta de médicos] nós assumimos como [uma responsabilidade] federal porque temos mais recursos."
No final da entrevista, Bonner citou dados da economia, como a alta da inflação e o baixo crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), e perguntou a Dilma se ela não achava que o governo federal tem alguma responsabilidade sobre o cenário atual.
"Nós enfrentamos a crise pela primeira vez no Brasil não desempregando, não arrochando o trabalho e não aumentando os tributos." A mandatária acrescentou que o governo possui "índices antecedentes" que mostram que haverá uma recuperação da economia no segundo semestre.
No encerramento, Dilma afirmou que quer permanecer no cargo para que o Brasil "continuar a ser um país de classe média."
A entrevista é a primeira de Dilma após a morte de Campos e a terceira realizada pelo Jornal Nacional. Na semana passada, o telejornal entrevistou o tucano Aécio Neves na segunda-feira e Campos na terça, véspera da morte do ex-governador de Pernambuco. Diferentemente de Dilma, Aécio e Campos foram entrevistados na bancada do "Jornal Nacional". Amanhã (19), o entrevistado será o candidato Pastor Everaldo (PSC).
Pesquisas
Dilma aparece em primeiro lugar na pesquisa Datafolha divulgada hoje, com 36% das intenções de voto. Atrás dela está a ex-senadora Marina Silva (PSB), com 21%, tecnicamente empatada com Aécio (20%). A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Quanto a um eventual segundo turno, a pesquisa apontou que há empate técnico entre Marina e Dilma. A candidata do PSB obteve 47% das intenções ante 43% da petista. Contra Aécio, Dilma venceria por 47% a 39%.
Fonte: Uol
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