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quinta-feira, julho 31, 2014

Por insegurança, funcionários dos Correios ameaçam parar atividades

Foto: José AldenirA insegurança que tem reinado no Rio Grande do Norte, não tem afetado apenas a população que anda nas ruas, ou que é vítima de arrastões em estabelecimentos
comerciais. Funcionários dos correios do RN denunciam a falta de segurança até mesmo dentro das agências e ameaçam paralisar as atividades caso a situação não melhore.

“Isso (a paralisação) é uma situação para ocorrer daqui uns 15 dias. A intenção é paralisar todas as agências por 2 horas. Se a situação ainda assim não melhorar, vamos parar por um dia. E assim vamos aumentando até que a empresa faça alguma coisa para melhorar a segurança para os trabalhadores”, destacou José Firmino, o ‘Shampoo’, presidente do Sindicato dos Trabalhadores dos Correios do RN (Sintect-RN).

De acordo com Shampoo, apesar de já estarem exigindo melhorias na segurança das agências há algum tempo, uma quebra de acordo por parte dos Correios gerou grande revolta na categoria. Segundo o Sintect-RN, atualmente existem 186 agências no Rio Grande do Norte. Dessas, apenas 102 contam com vigilância armada. Porém, a partir de amanhã esse número irá cair. “Ao todo, 31 vigilantes foram demitidos e estão apenas cumprindo o aviso prévio. A partir de 1º de agosto eles não estarão mais trabalhando. Entramos em contato com a empresa e ela nos disse que iria contratar mais 19 vigilantes. Ou seja, de 102, agora teremos apenas 90″, explicou o presidente do Sintect. Já nesta sexta-feira (1) o sindicato irá fazer uma denúncia junto ao Ministério Público para cobrar uma solução para o problema.

“Depois da morte do Arni Praxedes, gerente dos Correios de Patu, que foi assassinado durante um assalto, nós tínhamos a intenção de paralisar as atividades até que a segurança fosse melhorada. Porém, a empresa nos procurou. Nós temos acordo assinado com os Correios no qual eles garantiram que iriam contratar mais vigilantes para as agências. Mas agora eles estão diminuindo esse número e estão quebrando esse acordo. O problema é que os Correios estão fazendo uma contenção de despesas em vários setores, mas agora eles resolveram fazer cortes na área da segurança, o que é um absurdo, pois a segurança é de extrema importância nas agências”, afirmou Bruno Ferreira, diretor de relações intersindicais do Sintect.

Mesmo sem estatísticas, já que, de acordo com o sindicato, os Correios não quiseram passar os dados, José Firmino afirmou que a quantidade de profissionais que estão sofrendo problemas psicológicos pela insegurança é alarmante. “Nós temos um companheiro, por exemplo, que trabalhava no interior, mas foi assaltado 8 vezes quando estava trabalhando e por isso foi transferido para Natal, pois ele não conseguia mais trabalhar de tanto medo que sentia. Ainda temos vários outros que toda a semana são atendidos por psicólogos, pois também já foram assaltados. É algo alarmante. Por isso que nós estamos agindo. A segurança tem que ser uma coisa prioritária para os Correios, mas infelizmente a empresa preferiu cortar gastos”.

Além dos problemas de segurança dentro das agências, o dia a dia dos carteiros nas ruas, principalmente em Natal, não tem sido fácil. Principalmente quando a quantidade de encomendas e cartas é muito grande. “Quando a situação fica dessa forma, com muitas coisas para entregar, os Correios determinam que a prioridade tem que ser as encomendas registradas, que precisam de assinatura. As outras, como contas, ficam como segunda opção”, destacou Bruno Ferreira.

Com essa determinação, os carteiros têm sido recebidos de maneira mais ríspida pela população. “Teve um caso de um carteiro que foi em um bairro aqui em Natal, que foi ameaçado. Ele foi três dias seguidos apenas com encomendas registradas. Um morador, revoltado, pois já estava com as contas atrasadas e a conta não chegava, começou a ameaçá-lo, questionando o motivo da conta não ter chegado. Esse carteiro ficou nervoso, muito preocupado com a segurança e também teve que fazer um trabalho psicológico”, explicou Francisco Cosme, diretor do Sintect.

Correios se explicam

Ao receber as denúncias, a reportagem do Jornal de Hoje entrou em contato com os Correios para que a agência pudesse se pronunciar. Através da assessoria de imprensa, a empresa deu algumas explicações.

No que diz respeito diminuição do número de vigilantes, os Correios informaram que estão seguindo uma determinação do próprio Ministério Público. “O que acontece é que os locais que a empresa entende que não existe a necessidade de vigilantes, como na capital, onde é muito complicado se fazer um assalto, estamos retirando alguns vigilantes. Em compensação, essas 19 contratações que estamos fazendo serão distribuídas nas agências do interior do Estado, como no Alto Oeste, onde a situação é mais complicada”.

Sobre o fato de que alguns carteiros estão sendo ameaçados pelo atraso nas entregas, a assessoria disse que o que existe são casos pontuais e negou que tenha alguma determinação para que as encomendas não registradas sejam deixadas em segundo plano.

“Ameaças são casos isolados. Só para se ter uma ideia, tínhamos algumas pendências em Mossoró, mas foi resolvido. Os centros de distribuição estão limpos. As encomendas registradas têm prioridade pelo fato de que a pessoa paga mais caro por elas. Mas não existe essa determinação de deixar de entregar as contas depois. O que acontece muito é atrasar por problemas no endereço, como falta de número ou alguma coisa”.

Reprodução Cidade News Itaú via Portal JH

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