A Justiça de São Paulo aceitou na sexta-feira (25) denúncia feita pelo Ministério Público Estadual contra três mulheres acusadas pela morte e esquartejamento do motorista de
ônibus Álvaro Pedroso, em março deste ano. O processo tramita no 1º Tribunal do Júri, na Barra Funda, Zona Oeste. O caso ficou conhecido porque partes do corpo do motorista foram espalhadas no entorno do Cemitério da Consolação, em Higienópolis, bairro nobre da capital. Quatro dias depois, a cabeça da vítima foi encontrada na Praça da Sé. Os dois locais ficam na região central.
As três mulheres presas acusadas de matar e esquartejar o motorista foram denunciadas à Justiça pelo Ministério Público na quarta-feira (23).
De acordo com a denúncia feita pelo promotor Tomás Busnardo Ramadan, além de Marlene Gomes, a 'Mole', de 56 anos, foram indiciadas as prostitutas Francisca Aurilene Correia da Silva, a 'Thais', 34; e Márcia Maria de Oliveira, 'Sheila', 32. Elas foram acusadas de homicídio triplamente qualificado por motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
Marlene admitiu durante reconstituição realizada pela Polícia Civil que atou e esquartejou o motorista. Ela disse que tinha um caso com a vítima e que o crime não foi premeditado, mas admitiu ter usado uma "faquinha" do próprio motorista para cortar os membros. Ao lado de Marlene Gomes, outras duas mulheres foram formalmente denunciadas pelo crime. Elas também participaram da reconstituição.
Durante a "reprodução simulada do crime", Marlene Gomes afirmou que o crime não foi premeditado. Após uma briga, ela teria empurrado o amante, que caiu e "morreu". Em seguida, ela teria utilizado "a faquinha dele" para esquartejar Pedroso. "Eu cortei, cortei, cortei", disse Marlene na reconstituição.
Segundo a acusação, Marlene era amante de Álvaro, que era casado e pai de dois filhos. Ela decidiu matá-lo porque o motorista queria romper o relacionamento e não dar mais dinheiro. Para isso, combinou o crime com as outras duas prostitutas.
Na opinião de Ramadan, o crime foi premeditado e o trio agiu "com vontade de matar". "A revelar a clara premeditação do assassinato", escreveu o promotor na denúncia.
A acusação ainda pediu a conversão da prisão temporária delas em preventiva para que fiquem presas até um eventual julgamento. O G1 não localizou os advogados das detidas para comentar o assunto.
Corpo espalhado
Segundo o MP, a investigação da Polícia Civil concluiu que as três mulheres participaram do assassinato e esquartejamento de Álvaro. Ele foi morto após desaparecer no dia 22 de março, quando se encontrou com Marlene.
O Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), que investigou o caso, analisou câmeras de segurança que mostraram as três suspeitas passando pela área onde os pedaços do motorista foram achados. Depois, as prendeu entre os dias 27 e 28 de junho.
De acordo com a investigação, as detidas se prostituíam e se drogavam. Marlene era amante da vítima e confessou ter sido a mandante do crime por vingança. Ela alegou que não suportava mais ser ameaçada por Álvaro, que a torturava física e sexualmente, sugerindo sexo grupal com as outras denunciadas.
O crime
A Promotoria informou que Álvaro foi morto na madrugada do dia 23 de março, quando o motorista manteve relações sexuais com Marlene num apartamento na Rua dos Andradas, no Centro. Lá, a amante o embriagou com cerveja. Alcoolizado, ele foi tomar banho.
Foi quando quando Francisca e Márcia entraram no imóvel e foram ao banheiro juntamente com Marlene e golpearam Álvaro com "instrumento contundente" na cabeça, matando-o. Depois, a amante teria usado uma "serra" para esquartejar o corpo e dificultar a identificação dele pela polícia. Também arrancaram as falanges dos dedos.
O trio comprou sacos plásticos e carrinhos de feira para espalhar as partes. Márcia e Francisca os abandonaram em quatro locais. No dia 23 de março, alguns restos mortais foram encontrados em Higienópolis: duas pernas e dois braços (esquina da Rua Sabará com a Rua Sergipe); tronco (Rua Coronel José Eusébio); e duas coxas (Rua da Consolação). No dia 27 de março a cabeça foi achada na Praça da Sé.
Acusadas
As acusadas estariam na carceragem feminina do 89º Distrito Policial, Portal do Morumbi, Zona Sul, à espera de vagas num Centro de Detenção Provisória (CDP).
Além das três mulheres, um homem já havia sido preso pelo DHPP por suspeita de envolvimento no sumiço e morte do motorista. Mas, de acordo com a investigação, o morador de rua João Eduardo Jerônimo, 29, preso em 4 de abril, não vai responder pelo crime. Apesar de câmeras gravarem ele empurrando um carrinho onde estavam os membros e o tronco da vítima, ele havia encontrado o objeto e não sabia o que tinha dentro. O G1 não conseguiu confirmar se ele continuava detido.
O DHPP divulgou um retrato digital da reconstituição do rosto da vítima a partir de análise do crânio achado. A identificação do corpo de Álvaro só foi possível por meio de exame de DNA. Familiares cederam material genético para comparar com o cadáver encontrado. O corpo acabou enterrado no dia 23 de abril, num cemitério da capital paulista.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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