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terça-feira, julho 29, 2014

Juiz não assina preventiva e solta PM suspeito de executar italiano em Natal

Crime aconteceu na rua Francisco Pignatário, no bairro de Capim Macio, na zona Sul de Natal  (Foto: Kléber Teixeira/Inter TV Cabugi )Foi solto na manhã desta terça-feira (29) o cabo da Polícia Militar potiguar apontado como principal suspeito de ser o executor do homicídio que vitimou o italiano
Enzo Albanese, de 42 anos, crime ocorrido em maio deste ano no bairro de Capim Macio, Zona Sul de Natal. O alvará de soltura de Alexandre Douglas Ferreira foi assinado pelo juiz Alceu Cicco, da 2ª Vara Criminal da capital potiguar, que também determinou a liberdade de Tamara Ladogana, ex-mulher do empresário Pietro Ladogana, que também é italiano. Enzo Albanese morava em Natal há oito anos, onde foi dirigente do time Alecrim Rugby.
Segundo a polícia, a motivação do crime se deu porque Enzo teria descoberto e denunciado fraudes em uma das empresas administradas por Pietro. Ele foi preso no final de maio, em Roma, quando tentava embarcar para o Brasil. De acordo com o delegado Raimundo Rolim, responsável pela investigação, "Pietro ordenou o assassinato, é chefe de uma organização criminosa e mantém ligação com a máfia italiana".
Também nesta segunda, o juiz acatou o pedido de prisão preventiva de Pietro, que permanece preso na capital italiana.
Em contato com o G1, o advogado Fernandes Braga afirmou que o magistrado atendeu ao pedido de liberdade feito pela defesa porque o PM já estava preso há dois meses sem preencher os requisitos para prisão cautelar. “A polícia tentou converter a prisão temporária em preventiva. Além de negar este pedido, o magistrado também entendeu que não havia provas suficientes para mantê-lo preso”, disse.
O advogado Tito Canto, que defende a ex-mulher de Pietro, explicou que Tamara foi solta pelo mesmo motivo. “Agora vamos aguardar o pronunciamento do Ministério Público. Se ela for denunciada, iremos provar trabalhar para provar a inocência dela”, acrescentou.
O cabo  Alexandre Douglas, que é lotado na Rádio Patrulha do 5º Batalhão da PM, na Zona Sul de Natal, estava detido no Batalhão de Choque da PM, no bairro de Lagoa Nova. Já Tamara Ladogana, que é professora de educação física e criadora de cavalos, ficou detida no Presídio Provisório Feminino de Parnamirim, na Grande Natal. Ainda de acordo com os advogados, ambos apresentam quadro depressivo em razão das prisões e estão em tratamento.

Italiano Enzo Albanese, 42 anos (Foto: Canindé Pereira/Assessoria do Alecrim)Italiano Enzo Albanese tinha 42 anos
(Foto: Canindé Pereira/Assessoria do Alecrim)
Organização criminosa
Segundo o delegado Raimundo Rolim, pelo menos quatro suspeitos estiveram no local no dia do assassinato de Enzo. O mentor do crime, de acordo com ele, é o italiano Pietro Ladogana, de 43 anos, detido no dia 29 de maio no Aeroporto de Fiumicino, em Roma. Em Natal, foram presos o cabo da PM Alexandre Douglas, apontado como o executor do homicídio, e Tamara Ladogana, ex-mulher de Pietro. "Há indícios de que uma organização criminosa, supostamente comandada por Pietro, tenha ligação com a máfia italiana", afirma Rolim.
A operação que resultou na prisão dos suspeitos foi batizada de 'Pedra de Fogo' - uma alusão ao nome do principal suspeito do crime, Pietro, versão italiana do nome Pedro, que significa pedra. O 'fogo' é porque os suspeitos passaram a 'queimar' (matar) as testemunhas que estavam delatando a suposta organização.
A Polícia Civil apreendeu um total de 145 mil euros - equivalente a mais de R$ 400 mil. Outros R$ 35 mil em espécie estavam com uma testemunha, que iria ser usada para retroalimentar o esquema fraudulento operado pela organização.
Parte do dinheiro,120 mil euros, estava escondido no corpo de Pietro Ladogana quando o suspeito tentava embarcar no aeroporto de Fiumicino. Também foram apreendidos vários animais de raça e um caminhão em uma das fazendas administradas pela organização, em Ielmo Marinho, além de cinco carros, sendo quatro deles importados. Um deles é um Corolla de cor Prata, que teria sido utilizado no dia da morte de Albanese.

Três carros de luxo foram apreendidos na operação Pedra de Fogo (Foto: Divulgação/Polícia Civil do RN)

O delegado Raimundo Rolim, da Delegacia Especializada de Homicídios, detalha que o mentor do crime comandava uma organização criminosa que administrava pelo menos 10 empresas de fachada para cometer crimes, principalmente lavagem de dinheiro. "As empresas atuavam aparentemente na legalidade, mas eram utilizadas para fraudes, estelionato, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e outros crimes. Eles atuam em Natal, Extremoz, Ceará-Mirim e Ielmo Marinho", afirma Rolim. A organização criminosa pode ter ligação com os Casalesi, um clã mafioso que atua na Itália.
A motivação do crime se deu porque a vítima teria descoberto e denunciado a fraude de uma dessas empresas administradas por Pietro Landogana. A empresa é a Globo Construções LTDA, que teria adquirido a Fazenda Telha, localizada em Ielmo Marinho. A propriedade foi transferida ilegalmente para laranjas e depois para Pietro. “Enzo era procurador de um dos sócios da empresa, fazendo a cobrança de alugueis de imóveis. Ele descobriu o esquema fraudulento e denunciou cerca de um mês antes de seu assassinato. Após a denúncia, ele passou a receber ameaças de morte, uma delas do policial militar”, detalhou Rolim.
A vítima chegou a registrar um boletim de ocorrência e denunciou as ameaças a sócios da empresa. O delegado Raimundo Rolim não descarta a participação de outros envolvidos no crime. “Outras pessoas estão sendo investigadas e possivelmente poderemos efetuar mais prisões relacionadas a esse homicídio”, concluiu.

Dinheiro foi apreendido na operação Pedra de Fogo (Foto: Kléber Teixeira/Inter Tv Cabugi)

O crime
Enzo Albanese foi morto na porta de casa, no dia 2 de maio deste ano, por volta das 20h15, na rua Francisco Pignataro, no bairro de Capim Macio. Segundo a polícia, os criminosos são dois homens que fugiram em um Corolla de cor clara que parou em frente à residência do italiano. “Um deles, usando capacete, desceu do veículo e efetuou os disparos”, confirmou o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Uma mulher que passava pelo local, e que pediu para não ser identificada, contou que o automóvel já havia passado em frente à casa do estrangeiro outras vezes. “Ele estava na calçada da casa dele. O Corolla passou, deu uma volta e retornou. Depois passou de novo. Até que parou na calçada. O italiano falou alguma coisa e tentou entrar correndo, mas um homem de capacete desceu do carro e atirou várias vezes. Depois o carro saiu em alta velocidade”, relatou.

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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