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sexta-feira, julho 18, 2014

EUA pedem cessar-fogo "imediato" na Ucrânia após queda de avião

Os Estados Unidos pediram o cessar-fogo "imediato" na Ucrânia para garantir o acesso "seguro" ao local, no leste do país, após um
avião da Malaysia Airlines com 298 pessoas a bordo ser abatido por um míssil na região nesta quinta-feira (17).

A companhia aérea malaia informou que estavam a bordo do voo MH17 154 holandeses, 43 malaios (incluídos os 15 membros da tripulação), 27 australianos, 12 indonésios, nove britânicos, quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e outros 41 que não tiveram sua nacionalidade confirmada. Não há sobreviventes. A autoria do disparo ainda é investigada, mas separatistas russos são os principais suspeitos.

"Pedimos a todas as partes envolvidas, a Rússia, os separatistas pró-russos e a Ucrânia, que apoiem um cessar-fogo imediato", afirmou em comunicado o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.

O porta-voz oficial enfatizou que a suspensão das hostilidades permitirá o acesso "seguro e sem restrições" dos investigadores internacionais ao local do acidente "para facilitar a recuperação dos corpos".

Em linha com o que disse o presidente americano, Barack Obama, Earnest afirmou que é "urgente" o início "o mais breve possível" de uma investigação internacional "completa, crível e sem impedimentos" sobre o incidente.

Além disso, destacou que o papel de organizações internacionais como as Nações Unidas e a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa pode ser "particularmente relevante" neste esforço.

Antecipou que Washington trabalhará com os países envolvidos e seus parceiros nas organizações internacionais citadas "nas próximas horas e dias" para determinar o melhor caminho a ser seguido. Também insistiu que "é vital" não manipular nenhuma prova e que "todas as evidências potenciais e os destroços no local do acidente permaneçam intactos".

"Os EUA estão preparados para auxiliar, de forma imediata, qualquer investigação internacional, inclusive através de recursos oferecidos pelo Conselho Nacional de Segurança no Transporte e pelo FBI [polícia federal dos Estados Unidos]", garantiu Earnest.

Também declarou que, mesmo antes de ter acesso a todas as provas, está claro que o acidente aconteceu no contexto de uma crise na Ucrânia "encorajada pelo apoio russo aos separatistas, inclusive através do fornecimento de armas, equipamentos e treinamento".

Destacou que o incidente evidencia a "urgência" para que a Rússia tome "passos concretos e de forma imediata" para reduzir a violência na Ucrânia e apoiar um cessar-fogo durável.

Os serviços de inteligência dos EUA consideram que o avião foi atingido por um míssil terra-ar, mas não puderam confirmar ainda a origem do projétil que derrubou a aeronave.

"Não foi um acidente, [o avião] explodiu no céu", disse o vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, durante um discurso nesta quinta-feira em Detroit, no Estado americano do Michigan.

Trajeto e resgate dos corpos
O voo MH17 ia de Amsterdã, na Holanda, para Kuala Lumpur, na Malásia, e voava a 10 mil metros quando caiu. O voo teria duração de 11h55 minutos e percorreria uma distância de 10,2 mil quilômetros.

A Malaysia Airlines perdeu contato com a aeronave às 11h15 (horário de Brasília), e que sua última posição foi registrada no espaço aéreo ucraniano, a 30 km de Tamak.

Oficiais de defesa da Ucrânia disseram que o trabalho na região de Donetsk, onde o avião caiu, é difícil em razão dos destroços espalhados por áreas extensas. As buscas também são dificultadas pela presença de terroristas armados na região. O governo russo entrou em contato com a Ucrânia oferecendo ajuda nas investigações e também no resgate das vítimas.

A aeronave tinha 17 anos de serviço e todos os seus sistemas estava funcionandos normalmente, disse a empresa em comunicado nesta sexta-feira (18). A última manutenção fio feita em 17 de julho deste ano.

Rússia e Ucânia trocam acusações após incidente
O Boeing-777 de Malaysia Airlines caiu na região leste de Donetsk, cenário de combates entre as forças governamentais da Ucrânia e os rebeldes pró-Rússia, que logo após o incidente trocaram acusações pela queda da aeronave.

Em declarações dadas logo após a confirmação da queda do MH17, autoridades dos governos russo e ucraniano, além do representante da República Autoproclamada de Donetsk, negaram ter abatido o avião.

Rebeldes separatistas da região leste da Ucrânia, onde o avião caiu, negaram qualquer envolvimento. "Nós simplesmente não temos esse sistema de defesa aérea", de acordo com a agência Interfax. No entanto, o especialista em segurança internacional Gunther Rudzit afirma que mísseis terra-ar, guiados por calor e fornecidos pela Rússia aos rebeldes, seriam capazes de abater um avião comercial.

"Os rebeldes já vinham alardeando que teriam derrubado dois caças da Ucrânia. Um avião de transporte e helicópteros também teriam sido derrubado", diz Rudzit. Por causa desses indícios, ele acredita que o alvo do míssil não teria sido o avião de passageiros, e sim um avião militar.

O presidente ucraniano também negou que o Exército do país tenha participação. "Nós não descartamos que esse avião tenha sido derrubado e reforçamos que as Forças Armadas da Ucrânia não agiram contra alvos aéreos", disse Poroshenko.

O porta-voz do governo russo, Dmitry Peskov, afirmou que é "estupidez" acusar o país de envolvimento no acidente com o MH17. A suspeita havia sido levantada logo após o acidente pelo ministro das Relações Exteriores de Kiev, Pavlo Klimkin. 

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu a abertura de uma "investigação internacional transparente" sobre a queda do avião. Ban afirmou que está monitorando a situação e expressou pêsames às famílias das vítimas. O Conselho de Segurança da ONU convocou uma reunião de emergência para esta sexta.

Rebeldes já abateram aviões na região
Separatistas pró-Rússia do leste da Ucrânia já derrubaram ao menos dez aeronaves na região. A lista inclui helicópteros militares, aviões de transporte do Exército e caças da força aérea. O local é palco de conflitos entre o Exército ucraniano e os rebeldes há meses, desde que o ex-presidente do país Viktor Yanukovich foi deposto em fevereiro deste ano. 

As aeronaves derrubadas pelos rebeldes na região, que usaram lança mísseis portáteis, voavam a baixa altitude, diferente do avião da Malaysia, que estava a 10 mil metros de altura. Segundo o Eurocontrol, organização internacional que gerencia o tráfego aéreo na Europa, o Boeing 777 da Malaysia Airlines voava cerca de 300 metros acima da faixa fechada do espaço aéreo no leste ucraniano. 

Segundo o especialista em segurança internacional Gunther Rudzit, rebeldes ucranianos possuem mísseis terra-ar fornecidos pela Rússia com poder de abater um avião.

"Os rebeldes já vinham alardeando que teriam derrubado dois caças da Ucrânia. Um avião de transporte e helicópteros também teriam sido derrubado", diz Rudzit. Por causa desses indícios, ele acredita que o alvo do míssil não teria sido o avião de passageiros, e sim um avião militar.

O avião ucraniano que seria o suposto alvo teria conseguido despistar o míssil, que pode ter "enquadrado o avião [da Malaysia Airlines] em altitude maior", explica o especialista. "Esse míssil segue calor", completa. Os aviões de passageiros voam em altitude mais elevada que aeronaves militares, esclarece Rudzit.

"Estou chocado por relatos de que um avião da MH caiu. Estamos lançando uma investigação imediata", disse o premiê da Malásia, Najib Razak, em sua conta no Twitter.  

O ministro da Justiça e Defesa holandês, Ivo Opstelten, disse em comunicado que está "profundamente chocado" com o acidente, confirmando que havia muitos cidadãos do país no voo. "Meus pensamentos estão com as famílias e amigos daqueles que estavam no avião", escreveu.

Opstelten destacou que o governo holandês criará um número de emergência para que as famílias das vítimas possam buscar informações.

Reprodução Cidade News Itaú via Uol

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