O que fará nestas eleições o agora quase ex-juiz e ex-presidente do STF Joaquim Barbosa? Esta é uma pergunta que causa ansiedade a todos os candidatos à Presidência.
Não é para menos. 26% do eleitorado afirmam em pesquisas que votariam “com certeza” em um candidato apoiado por Barbosa. Mais influente que Joaquim, somente Lula (36% dizem que escolheriam um nome apoiado pelo petista, segundo levantamento do Datafolha realizado em junho)
Nesta eleições nenhum candidato falará mal de um ou de outro. Será necessária muita acrobacia verbal. Ao mesmo tempo em que o ex-juiz potencializa a opinião anti-PT (mas não apenas), o ex-presidente Lula agrega um sentimento que pode ajudar o PT. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Quando anunciou sua aposentadoria precoce em junho (agora adiada para agosto), os três principais candidatos, Dilma, Aécio e Eduardo Campos, fizeram algum tipo de reverência a Joaquim Barbosa. Campos chegou a gravar um vídeo no mesmo dia em que o juiz anunciou seu afastamento precoce.
Como se sabe, Joaquim tem um pendor pela vida pública. É difícil imaginar que ele não vai se posicionar até outubro, quando acontece o primeiro turno das eleições.
Até aqui, se ele se pronunciará ou não é uma incógnita. Recentemente ele lançou uma conta no twitter (@joaquimboficial), mas suas poucas mensagens foram sobre a morte do escritor João Ubaldo, na última sexta-feira, e futebol. No dia 18 de julho, escreveu: “O Brasil amanheceu intelectual e espiritualmente mais pobre hoje em razão da morte de João Ubaldo. ‘Viva o Povo Brasileiro’, sempre!’. Antes da fatídica derrota do Brasil para a Alemanha no Mineirão, sugeriu o jogador Bernard “como arma p segundo tempo”.
Os dois principais eleitores nacionais têm muito em comum, em termos de suas narrativas de vida para a opinião pública. Tanto Joaquim como Lula são, pode-se dizer assim, “vencedores” na vida. Vieram “de baixo” e por esforço próprio “chegaram lá”. Sob Lula 29 milhões de pessoas saíram da pobreza monetária, segundo números que o governo costuma divulgar; sob Joaquim, o STF fez seu julgamento mais emblemático, o do chamado mensalão, com ampla repercussão na mídia, e que terminou, como se sabe, com a condenação e prisão dos réus.
Seja como for, no eleitorado de mais baixa renda, aquele que ganha até dois salários mínimos, um em cada cinco eleitores diz que Joaquim poderia influenciar seu voto.
O (quase) ex-juiz talvez tenha algo a dizer a este eleitorado. O fará?
Para as oposições conquistar o eleitor de renda mais baixa – onde Lula é popularíssimo e Dilma tem seu melhor desempenho – é um dos principais desafios se quiser vencer as eleições. Nas famílias que ganham até R$ 1.400,00 estão 42% do eleitorado brasileiro. Nesta faixa de renda, Aécio e Campos estão com índices baixos e estacionados nas pesquisas desde fevereiro deste ano.
Mas Joaquim é também um homem negro. Este pode vir a ser um dado novo nas eleições. Imagem da anti-corrupção, ele pode ser emblema de muitas outras coisas também. Talvez, quem sabe, não toque a corda de nosso racismo, sempre tão disfarçado? – tema sobre o qual ele já se pronunciou diversas vezes. Seria um ótimo debate.
Reprodução Cidade News Itaú via Yahoo
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