A defesa do cabo da PM Alexandre Douglas, apontado pela Polícia Civil como sendo o autor dos disparos que mataram o italiano Enzon Albanese, crime ocorrido em maio
deste ano, entrou com um pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. De acordo com o advogado Fernandes Braga, o policial militar está preso há mais de cinquenta dias, apesar de não “preencher os requisitos para prisão cautelar”.
As investigações da Polícia Civil apontam que o policial militar foi o executor do crime que aconteceu no dia 2 de maio no bairro de em Capim Macio, na zona Sul de Natal. Enzo foi morto com vários tiros na porta de casa. Ainda de acordo com a Polícia Civil, o mandante do crime seria o também italiano Pietro Ladogana, de 43 anos. Pietro foi preso na Itália no dia 29 de maio quando tentava embarcar para o Brasil.
O advogado Fernandes Braga afirma que a única relação do PM Alexandre Douglas com Pietro Ladogana é que o PM tem uma empresa de segurança privada e prestava serviço para algumas propriedades do italiano. “Não há nada nos autos até o momento que comprove que Alexandre seja o executor desse crime. Ele tem residência fixa, trabalha como policial militar, e essa prisão não preenche os requisitos de uma cautelar”, disse.
O pedido de habeas corpus foi impetrado na última sexta-feira (18) e a expectativa é que seja julgado ainda nesta segunda (21). Ao ser preso, o policial ficou detido no Quartel Geral da corporação, mas de acordo com o advogado, Alexandre teve um surto psicótico e foi encaminhado para o Hospital João Machado. "Como não havia vaga no local ele foi levado para uma clínica particular e está lá em tratamento até hoje", disse Fernandes.
Organização criminosa
Segundo o delegado Raimundo Rolim, pelo menos quatro suspeitos estiveram no local no dia do assassinato. Até o momento, três pessoas foram presas suspeitas de participação no crime. O mentor, de acordo com a polícia, é o também italiano Pietro Ladogana, de 43 anos, detido no dia 29 de maio no Aeroporto de Fiumicino, em Roma, quando tentava embarcar para o Brasil. Em Natal, foram presos o cabo da PM Alexandre Douglas, apontado como o executor do homicídio, e a ex-mulher de Pietro, chamada Tâmara Ladogana. Há indícios de que uma organização criminosa, supostamente comandada por Pietro, tenha ligação com a máfia italiana.
A operação que resultou na prisão dos três suspeitos foi batizada de 'Pedra de Fogo' - uma alusão ao nome do principal suspeito do crime, Pietro, versão italiana do nome Pedro, que significa pedra. O 'fogo' é porque os suspeitos passaram a 'queimar' (matar) as testemunhas que estavam delatando a suposta organização. A Polícia Civil apreendeu um total de 145 mil euros - equivalente a mais de R$ 400 mil. Outros R$ 35 mil em espécie estavam com uma testemunha, que iria ser usada para retroalimentar o esquema fraudulento operado pela organização.
Parte do dinheiro,120 mil euros, estava escondido no corpo de Pietro Ladogana quando o suspeito tentava embarcar no aeroporto de Fiumicino. Também foram apreendidos vários animais de raça e um caminhão em uma das fazendas administradas pela organização, em Ielmo Marinho, além de cinco carros, sendo quatro deles importados. Um deles é um Corolla de cor Prata, que teria sido utilizado no dia da morte de Albanese.
O delegado Raimundo Rolim, da Delegacia Especializada de Homicídios, detalha que o mentor do crime comandava uma organização criminosa que administrava pelo menos 10 empresas de fachada para cometer crimes, principalmente lavagem de dinheiro. "As empresas atuavam aparentemente na legalidade, mas eram utilizadas para fraudes, estelionato, falsificação de documentos, lavagem de dinheiro e outros crimes. Eles atuam em Natal, Extremoz, Ceará-Mirim e Ielmo Marinho", afirma Rolim. A organização criminosa pode ter ligação com os Casalesi, um clã mafioso que atua na Itália.
A motivação do crime se deu porque a vítima teria descoberto e denunciado a fraude de uma dessas empresas administradas por Pietro Landogana. A empresa é a Globo Construções LTDA, que teria adquirido a Fazenda Telha, localizada em Ielmo Marinho. A propriedade foi transferida ilegalmente para laranjas e depois para Pietro. “Enzo era procurador de um dos sócios da empresa, fazendo a cobrança de alugueis de imóveis. Ele descobriu o esquema fraudulento e denunciou cerca de um mês antes de seu assassinato. Após a denúncia, ele passou a receber ameaças de morte, uma delas do policial militar”, detalhou Rolim.
A vítima chegou a registrar um boletim de ocorrência e denunciou as ameaças a sócios da empresa. O delegado Raimundo Rolim não descarta a participação de outros envolvidos no crime. “Outras pessoas estão sendo investigadas e possivelmente poderemos efetuar mais prisões relacionadas a esse homicídio”, concluiu.
O crime
Enzo Albanese foi morto na porta de casa, no dia 2 de maio deste ano, por volta das 20h15, na rua Francisco Pignataro, no bairro de Capim Macio. Segundo a polícia, os criminosos são dois homens que fugiram em um Corolla de cor clara que parou em frente à residência do italiano. “Um deles, usando capacete, desceu do veículo e efetuou os disparos”, confirmou o coronel Francisco Araújo Silva, comandante geral da Polícia Militar do Rio Grande do Norte.
Uma mulher que passava pelo local, e que pediu para não ser identificada, contou que o automóvel já havia passado em frente à casa do estrangeiro outras vezes. “Ele estava na calçada da casa dele. O Corolla passou, deu uma volta e retornou. Depois passou de novo. Até que parou na calçada. O italiano falou alguma coisa e tentou entrar correndo, mas um homem de capacete desceu do carro e atirou várias vezes. Depois o carro saiu em alta velocidade”, relatou.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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