O alto número de assassinatos registrados em Goiânia nos últimos dias levou a Secretaria de Segurança Pública de Goiás a estudar medidas emergenciais. De
acordo com dados da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH), de quinta-feira (12) até a manhã de segunda-feira (16), foram registrados 31 homicídios na capital. O número representa 70% dos assassinatos registrados neste mês, quando ocorreram 45 casos.
Segundo a DIH, de janeiro a maio foram registrados 235 homicídios em Goiânia. A média é de 47 mortes violentas por mês.
No intuito de reduzir esses índices, a Polícia Militar começa nesta semana a Operação Prioridade Duas Rodas. De acordo com o porta-voz da corporação, coronel Divino Alves, o efetivo terá reforço para aumentar o policiamento nas ruas, principalmente na abordagem de motociclistas em atitudes suspeitas. A PM também pretende apreender armas de fogo e drogas.
Já a Polícia Civil aumentou o número de agentes atuando nas investigações. “Reforçamos as equipes e cada uma ficará com um ou dois casos, no máximo, para termos repostas mais breves”, explicou o delegado-geral da Polícia Civil, João Carlos Gorski.
Segundo o delegado, a maioria dos casos registrados até agora tem relação com o tráfico de drogas. “Os crimes aconteceram em diferentes locais e algumas dessas pessoas que foram vítimas tinham ligação com tráfico. Isso não afeta as investigações, pois as famílias merecem as respostas”, ressaltou o delegado.
Gorski afirma que está descartada a existência na capital de um "serial killer", nome dado para assassinos em série. “Temos acompanhados de perto todos os casos e nenhum deles têm vínculo com o outro, algum tipo de motivação, ou apenas um tipo de criminoso. Também não existe um grupo de extermínio”, ressaltou.
Copa do Mundo
O número de mortes neste mês se intensificou desde o início da Copa do Mundo, no último dia 12. Na ocasião, em menos de 24 horas, foram 16 mortes. “É comum que em datas festivas como Natal, Carnaval, Réveillon e mesmo em dias de jogos como foi hoje [12], uma Copa do Mundo, a gente espera que aumente esse número como de fato aconteceu”, afirmou a delegada Silvana Nunes, da DIH, após os crimes.
Depois disso, o número de homicídios continuou alto, sendo que entre a noite de domingo (15) e a madrugada de segunda-feira (16) ocorreram dez execuções. Uma das vítimas foi uma adolescente de 13 anos, morta com um tiro nas costas no Bairro Goyá. No mesmo dia, uma garota de 17 anos, grávida de cinco meses, foi baleada no peito no Setor Central. Logo após o enterro da jovem, na segunda-feira (16), o marido dela foi preso por suspeita de envolvimento com tráfico de drogas.
Também foram registradas mortes de dois policiais militares. Em um dos casos, no Setor Goiânia Viva, um cabo da PM, de 40 anos, foi morto a tiros, na noite de quinta-feira (12). Já na sexta-feira (13), outro policial foi assassinado na porta de uma distribuidora de bebidas, no Setor Floresta, na frente dos dois filhos. Este último caso foi registrado por câmeras de segurança do estabelecimento.
Para Gorski, a prevenção do crime de homicídio é uma das mais difíceis. “Se a pessoa sai de casa armada, com a intenção de matar, se ela não é abordada em um primeiro momento, vai cometer o crime. Infelizmente, a polícia não consegue abordar todos nas ruas. Acredito que a gente tenha um problema muito grande com drogas e esse enfrentamento é complicado”, disse.
Já para professora Rosa Maria Viana, especialista em Ciências Humanas, o problema do tráfico de drogas vai além do combate policial. “Temos que sair dessa esfera. Droga é uma questão social que tem que ser resolvida. Nunca se teve uma indústria tão bem remunerada e com tanto lucro como a da droga. Esse é um sistema que está dando pouca atenção a educação e a formação humana das pessoas”, destacou.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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