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segunda-feira, junho 23, 2014

'Não tenho ânimo para ver o jogo', diz vítima de deslizamento em Natal

Chuvas causaram novo deslizamento de terra no bairro de Mãe Luiza, em Natal (Foto: Rafael Barbosa/G1)O dia é de jogo do Brasil pela Copa do Mundo, mas a população de Mãe Luíza, na Zona Leste de Natal, não está em clima de festa. Os deslizamentos que atingiram o
bairro no dia 13 de junho voltaram a acontecer nesta segunda-feira (23), amedrontando os moradores. Francisco Gomes de Souza, de 50 anos, teve a casa arrastada pela areia que desceu o barranco e precisou deixar o local. Nesta manhã, vestindo a camisa da seleção brasileira, que usa como uniforme do mercadinho do qual é proprietário, ele diz que não tem vontade de assistir à partida contra Camarões. “Não tenho ânimo nenhum para ver o jogo de hoje”.
Seu Francisco é uma das várias pessoas atingidas pelo desastre ocorrido em Mãe Luíza. A casa em que morava com a esposa, os quatro filhos, netos, genros e noras desabou na sexta-feira (13) após as fortes chuvas que caíram sobre a capital potiguar.
Ele conta que também perdeu produtos do mercadinho que estavam guardados dentro do imóvel, e está tendo vários prejuízos financeiros por conta do deslizamento. “Tinha fardos de café, de açúcar. Mas eu perguntei à Defesa Civil se eu vou ser ressarcido e me informaram que não”.
O mercadinho de Francisco fica na rua Atalaia, paralela à rua Guanabara, onde ocorrereu o incidente. 
Morador de Mãe Luiza, em Natal, Francisco Gomes também teve a casa atingida pelo deslizamento (Foto: Rafael Barbosa/G1)Morador de Mãe Luiza, em Natal, Francisco Gomes
também teve a casa atingida pelo deslizamento
(Foto: Rafael Barbosa/G1)
Ele teme agora que um novo deslizamento de terra atingia esta via e destrua o prédio do comércio. “A rua Atalaia fica um nível acima e eu tenho medo que ela também ceda numa chuva forte”, disse.
A rotatividade de clientes no Mercadinho Irmã Rejane também diminuiu. Segundo Francisco, a média diária de apuração era de RS 4,5 mil. “Depois dessas chuvas e do desabamento, tiro pouco mais de R$ 300 por dia. Faz uma semana que não abasteço as prateleiras”, relatou.
Além do mercadinho, Francisco tem seis kitnets e duas casas que estavam alugados em Mãe Luíza. Entretanto os inquilinos já desocuparam seis dos imóveis, com medo de que eles caiam em possíveis novos deslizamentos. “Só com isso, deixei de ganhar mais de R$ 2 mil por mês dos alugueis”, confirmou Fancisco Gomes.
“Os governantes só têm olhos pra Copa e esquecem da gente aqui”. Indignado, Seu Francisco também contou que a companheira dele chegou a dormir no estacionamento do Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel, dentro do carro da família. “E os meus filhos estão por aí, em casas de parentes. É um absurto o que acontece com a gente aqui”.
Deslizamento
O temporal da sexta-feira (13) provocou o deslizamento de encosta, comprometendo entre 20 a 40 residências na Rua Guanabara, no bairro de Mãe Luíza, afetando ainda outros imóveis, inclusive prédios residenciais localizados na Avenida Silvio Pedrosa e a faixa da praia de Areia Preta.
Na mesma data, ocorreu o comprometimento do muro de contenção da encosta na comunidade do Jacó, no bairro das Rocas, provocando risco de deslizamentos e desabamentos e comprometendo cerca de 50 residências.
Houve ainda transbordamento das 10 lagoas de captação de Natal: Pirangi, Jiqui, Cidade Jardim, Preá, Potiguares, conjunto Iprevinat, São Conrado, Horto, Cidade da Esperança e Nova Cidade. As chuvas intensas provocaram fissuras e rachaduras no canal do Passo da Pátria e no canal do Baldo, na Zona Leste da cidade.

Chuvas causaram novo deslizamento de terra no bairro de Mãe Luiza, em Natal (Foto: Rafael Barbosa/G1)

Reprodução Cidade News Itaú via G1

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