Um dia depois da vitória contra a Espanha na Copa do Mundo, autoridades chilenas e empresários fizeram um levantamento dos
estragos que grupos violentos fizeram em Santiago e em outras regiões do país em meio às comemorações.
Ao menos 50 pessoas foram presas, cerca de 600 ônibus foram depredados e há registro de pelo menos 11 feridos.
O diretor do Transporte Público Metropolitano de Santiago, Guillermo Muñoz, disse, no início desta tarde, que os ônibus terão que ser retirados de circulação por terem sido depredados.
Isso irá afetar cerca de 100 mil usuários do transporte na capital. Muñoz afirmou ainda que a ação dos vândalos deixou 11 pessoas hospitalizadas - "algumas com corte na cabeça e uma esfaqueada". Segundo a impresa local, motoristas de ônibus eram a maioria entre os feridos.
"Foi uma ação de vandalismo", afirmou o comandante da Polícia Militar chilena, Alex Chabán. O ministro de Transportes, Andrés Gómez-Lobo, também lamentou o episódio, dizendo que os prejudicados seriam os que dependem do transporte.
As imagens das emissoras de televisão TVN e 24 horas mostram manifestantes com rostos cobertos jogando pedras em carros da polícia, tentando destruir pontos de ônibus, além de coletivos quebrados.
Imagens como essas já foram vistas em outras ocasiões, mas, desta vez, as autoridades disserem ser intrigante pelo fato de ter ocorrido em um dia de comemoração.
Por que o 'exagero'?
Entrevistado pela imprensa local, o sociólogo esportivo Andrés Parra, da Universidade Central de Chile, considera que os chilenos "não sabem comemorar" e que a vitória no Maracanã foi uma novidade em um país com poucos troféus no futebol.
"Não ganhamos nada muito importante além de algumas medalhas no futebol. O Chile não é tão fanático por futebol como a Argentina e o Brasil. Mas com a seleção esse fanatismo aparece e de forma exagerada por alguns", afirmou.
Parra afirmou que os atos de violência confirmaram o problema da desigualdade do país. "São jovens excluídos do sistema e que por isso não estão preocupados, por exemplo, se vai ter ônibus ou não. Eles se sentem impotentes e reagem com violenta. Nós, como sociedade, temos que resolver isso ou continuaremos vendo estas mesmas cenas", disse. O fato abriu novamente o debate sobre a desigualdade social e seus efeitos no Chile.
O país tem cerca de 17 milhões de habitantes, estabilidade econômica, a maior renda per capita da América Latina, segundo o Banco Mundial, e é único da América do Sul a integrar a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).
Mas há distorções na área social, que incluem a "dificuldade em reduzir a desigualdade", como reconhecem políticos de diferentes tendências e analistas, como Marta Lagos, do Instituto Latinobarómetro, e o professor de Ciências Políticas da Universidade de Valparaíso, Guillermo Holzmann.
"Avançamos muito nos últimos tempos, mas a desigualdade parece intacta. E existe um setor da sociedade que vê que outro progride economicamente, com belas casas e carros novos, mas ele não", disse Lagos em uma recente análise para a BBC Brasil sobre a questão social no Chile.
Na segunda-feira, o Chile enfrenta a Holanda, em São Paulo. No país, a expectativa é que os ônibus sejam tirados de circulação e o policiamento, reforçado.
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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