A pirâmide financeira que prometia transformar qualquer um em milionário também fez vítimas em Boston, nos Estados Unidos.
Estamos falando da Telexfree que, apesar de proibida aqui no Brasil, continua funcionando.
"Estou aqui para te apresentar a melhor oportunidade de renda extra da sua vida", promete o brasileiro Carlos Costa em um vídeo na internet.
A promessa de dinheiro fácil não passava de um golpe bilionário que fez milhares de vítimas no mundo inteiro, segundo as autoridades americanas.
Esquema da Telexfree era encabeçado por brasileiro e americano
O esquema da Telexfree, considerado pelos promotores a maior fraude dos Estados Unidos atualmente, era encabeçado por dois amigos: o americano James Merrill e o brasileiro Carlos Wanzeler.
James foi preso na semana passada. Carlos Wanzeler, está foragido.
Os dois se tornaram sócios e, em 2012, abriram a Telexfree nos Estados Unidos. Eles são acusados de fraude e de operar um produto financeiro sem autorização. Se condenados, podem pegar 20 anos de cadeia.
Principais alvos eram imigrantes brasileiros e dominicanos
Os principais alvos eram imigrantes brasileiros e dominicanos. Muitos do estado de Massachussets.
“Arrependimento. Estou muito arrependido, porque US$ 3 mil faz parte da minha poupança e eu estou sem hoje”, conta Robson Noronha, motorista.
Um homem, que prefere não se identificar, conta que perdeu mais de US$ 80 mil. Ele vendeu um apartamento e parte de uma empresa para investir na Telexfree. “Tem amigos nossos que venderam loja de carro, colocaram US$ 500 mil na Telexfree, tem gente que fechou pizzaria para colocar dinheiro na Telexfree”, conta.
Telexfree prometia ligações mais baratas e ganhos de mais de 200%
A Telexfree oferecia ligações de longa distância mais baratas pela internet e prometia ganhos de mais de 200% ao ano para quem publicasse anúncios e trouxesse novos clientes.
Mas as investigações, que começaram em 2013, apontaram que menos de 1 % do que a empresa recebia vinha dos produtos de telefonia. Investimentos dos participantes eram 99%. A empresa é um esquema de pirâmide disfarçada.
"Esquemas de pirâmide são ilegais e fraudulentos", disse o secretário, que apresentou a primeira acusação, William Galvin.
Funcionamento do esquema
Mas como funciona esse esquema?
Uma pirâmide financeira funciona assim: quem entra, precisa chamar mais participantes, que também pagam para entrar. Os ganhos das pessoas do topo da pirâmide depende da entrada do dinheiro das pessoas da base.
Chega um momento em que a pirâmide não se sustenta mais. Simplesmente não tem mais gente suficiente para entrar e mandar mais dinheiro para parte de cima. Nesse momento, o esquema quebra. Quem já tinha recebido o dinheiro investido de volta sai lucrando. Mas a maioria das pessoas, a grande base da pirâmide, fica no prejuízo.
Telexfree anunciou dificuldades para pagar participantes
Há um mês, em 15 de abril, a promotoria denunciou a fraude. No mesmo dia, agentes do FBI e do Departamento de Segurança interna dos Estados Unidos cumpriram um mandato de busca na sede da empresa, na cidade de Marlborough. O diretor financeiro foi pego tentando fugir com um laptop e uma bolsa. Nela, havia dez cheques no valor de quase US$ 38 milhões.
Dois milhões eram para a mulher de Carlos Wanzeler, a brasileira Katia. Ela foi presa na última quarta-feira (14) quando ia embarcar para o Brasil no aeroporto JFK, em Nova York.
Fantástico flagra pessoas trabalhando na empresa no Brasil
No Brasil, a Telexfree foi denunciada e está proibida pela Justiça de funcionar desde junho do ano passado.
Na sexta-feira (16), o Fantástico foi até a sede da empresa em Vitória.
Apesar do cartaz na porta dizer que o atendimento está suspenso, encontramos pessoas trabalhando lá dentro.
Fantástico: A empresa está funcionando? Não está funcionando? Eu estou procurando o responsável legal pela empresa. Seu Carlos Costa está por aí? Carlos Wanzeler? James Merril?
Funcionária: A gente não está podendo falar. Pode parar de filmar.
De acordo com o Ministério Público do Acre, a Telexfree envolveu mais de um milhão de pessoas no Brasil. Para a promotoria, todos que colocaram dinheiro na Telexfree e chamaram novos participantes, podem ser acusados de serem cúmplices do esquema.
Equipe de reportagem vai atrás dos sócios da Telexfree
Ainda em Vitória, o Fantástico foi atrás dos sócios da empresa com uma pergunta: Quem teve prejuízo verá o dinheiro de volta?
A equipe de reportagem foi no endereço que consta no contrato social da Telexfree como sendo o do Carlos Wanzeler.
Fantástico: E ele tem aparecido por aqui, o senhor Carlos Wanzeler?
Homem: Por esses tempos agora não.
Uma casa abandonada consta como o endereço de um outro sócio: Carlos Costa.
Localizamos mais um endereço em nome dele.
Fantástico: Seu Carlos Costa não tá aí?
Mulher: Ele viajou.
O advogado da Telexfree disse que a empresa não opera um sistema de pirâmide.
“Numa pirâmide financeira, você enxerga uma fraude quando o último não recebe nada ou recebe menos do que o primeiro. A perícia judiciaria provará, no nosso caso, que existem milhares de pessoas que receberam em razão do seu trabalho muito mais dinheiro do que as pessoas que as colocou no grupo. As pessoas podem ter certeza que o dinheiro será devolvido”, disse o advogado Danny Cabral Gomes
Reprodução Cidade News Itaú via G1
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