PF divulga mensagens de assédios de pedófilos a crianças na internet

A Polícia Federal divulgou nesta quarta-feira (21) mensagens interceptadas de conversas entre suspeitos de pedofilia e vítimas. Eles usam as redes sociais para assediar

menores. Em um dos casos, um homem se passa por uma atriz de 10 anos para convencer uma menina da mesma idade a tirar a roupa em frente à câmera do computador. No texto, ele escreve: “Para ser atriz, tem que passar em um teste muito vergonhoso. É nu, para ver se as meninas têm coragem mesmo”.

Outra conversa interceptada pela polícia registra mensagens trocadas entre dois criminosos por uma rede social. Um dos pedófilos conta que tem 29 anos e namora uma menina de 9. Questionado sobre como conseguiu isso, ele explica que a menina é “minha filha adotada”.

Esses suspeitos estão entre os que começaram a ser investigados há seis meses em todo o país. Segundo a PF, a maioria das informações sobre os criminosos veio de Organizações Não Governamentais (ONGs) nacionais e internacionais, que monitoram este tipo de crime na internet. Os agentes interceptaram dados criptografados entre os suspeitos.

A investigação resultou na Operação Proteja Brasil deflagrada nesta manhã em Goiás e outros 13 estados. Desde as 6 horas, estão sendo cumpridos 40 mandados de busca e apreensão. Ao todo, oito pessoas foram presas, sendo duas prisões no Rio Grande do Sul, duas em São Paulo, uma em Goiás, uma em Minas Gerais, uma em Goiás e outra no Paraná. Em Pernambuco, um homem também foi detido em flagrante por armazenar imagens de nudez de uma menina no computador pessoal. No entanto, ele pagou fiança de R$ 1 mil e responderá o processo em liberdade.

Em Goiânia, a polícia prendeu um homem de 30 anos por ter grande quantidade de imagens de crianças nuas no computador. Ele deve responder inicialmente por porte de pornografia infantil.

“Às vezes, ele pegou na própria internet e passou para colegas que também gostam desse tipo de foto. Agora está sendo lavrado flagrante, crime com até 4 anos de prisão, e pode ser arbitrada fiança, dependendo do delegado”, informou o delegado Adriano Mares, que está participando da operação em Goiânia.

Segundo a PF, apesar de não haver mandados de prisão, detenções podem ocorrer durante a operação devido o artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que determina a prisão em flagrante de investigados que mantenham material armazenado de conteúdo pornográfico.

Os mandados de busca e apreensão são cumpridos em São Paulo, Alagoas, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Roraima, Santa Catarina e Tocantins. No Rio Grande do Sul já foram cumpridos 10 mandados de busca e apreensão, sendo sete em Porto Alegre, um em Tramandaí, um em Alvorada e um em Santo Ângelo.

Turismo sexual

A operação desta quarta-feira integra uma série de ações do governo federal para coibir o turismo sexual e os crimes de pedofilia dura a Copa do Mundo de Futebol. A ação acontece na Semana Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Infantil, que começou no dia 18 e segue até sexta-feira (23).

Nestra quarta-feira, a presidente Dilma Rousseff sancionou uma lei que torna crime hediondo a exploração sexual ou favorecimento à prostituição de crianças e adolescentes. A partir de agora, quem cometer esse tipo de crime não terá direito a pagamento de fiança e a pena precisa começar a ser cumprida em regime fechado.

Também existe a expectativa de que o ministro da Justiça assine nesta quarta-feira uma portaria para deportar estrangeiros que venham para a Copa no Brasil interessados em turismo sexual, principalmente com menores. A PF já tem uma lista internacional de suspeitos.

Com a sanção, o cumprimento das penas passará a respeitar o que é previsto no caso da prática de crime hediondo, como o início da pena no regime fechado e com progressão para o semiaberto (que permite trabalho fora da prisão) somente após o cumprimento de, ao menos, 2/5 da pena (ou de 3/5, se for reincidente), e não 1/6, como nos demais crimes.

Reprodução Cidade News Itaú via G1